Adega Cooperativa, Lousada
O edifício da Adega Cooperativa de Lousada foi construído entre 1955 e 1958, por iniciativa da Direção da Adega Cooperativa de Lousada, com o apoio financeiro da Comissão de Viticultura e do Fundo de Fomento da Exportação, com empréstimos concedidos pela Comissão de Viticultura e pela Junta de Colonização Interna, e com as verbas resultantes da cotização dos associados.
A necessidade de uma adega cooperativa em Lousada começou a exprimir-se na primeira metade da década de 1950. Em 1954, o Jornal de Lousada anunciava o lançamento da ideia pelo Grémio da Lavoura local que, consciente “os seus deveres para com a Lavoura concelhia, o Grémio da Lavoura tem procurado, por todas as formas e com a boa vontade e colaboração da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, organizar no concelho, uma adega cooperativa”. Ter-se-ia já, nesse momento, constituído uma comissão de lavradores para estudar os Estatutos da futura cooperativa. A 25 de Janeiro de 1955, conforme noticiado no mesmo Jornal, uma assembleia de lavradores deliberou a sua criação e, um mês mais tarde, foi constituída a Adega Cooperativa de Lousada.
Em junho do mesmo ano, encontrava-se já em elaboração o projeto de arquitetura, da autoria dos arquitetos António Fortunato de Matos Cabral e Mário Cândido de Morais Soares, do grupo Arquitectos Reunidos (ARS). Estes arquitetos vinham, desde fevereiro de 1955, a procurar encetar uma colaboração com a Comissão Reguladora da Região dos Vinhos Verdes. Encarregados dos projetos de duas Adegas Cooperativas para a Junta Nacional dos Vinhos, informavam essa Comissão das “inéditas soluções construtivas” obtidas, “em que o técnico e o económico se conjugam a pleno contexto”. Em junho do mesmo ano, outra comunicação à Comissão Reguladora referia que os estudos realizados em outros projetos haviam conduzido “a soluções construtivas e económicas tão apreciáveis, que determinam uma radical mudança de orientação, relativamente aos planos das antigas Adegas”. Finalmente, ainda no mesmo mês, uma nova comunicação o do grupo ARS à Comissão Reguladora da Região dos Vinhos Verdes informava que o gabinete se encontrava a realizar o projeto da Adega Cooperativa de Lousada, obra que se considerava de dupla especialização, “quer porque se trata de uma instalação tecnológica, quer porque se destina à Região dos Vinhos Verdes onde a tecnologia vinícola toma aspetos locais a respeitar”. Os arquitetos indicavam que só poderiam “prestar uma colaboração eficaz se os especialistas da Comissão [os] habilitarem com os seus conselhos e orientação que vá desde a fixação do programa até ao estabelecimento de diretrizes funcionais da instalação tecnológica, que comporte a relação e dimensionamentos fundamentais dos diversos órgãos entre si” e explicavam que a colaboração teria como propósito contribuir para “um perfeito entendimento dos problemas para que as soluções atinjam o mais elevado grau de eficiência e expressão”. Em novembro de 1955, os arquitetos informavam a Comissão Reguladora da sua intenção de lhe oferecer a importância correspondente a 20% do valor global dos honorários,
A Direção da Adega Cooperativa de Lousada adquiriu o terreno necessário para o edifício durante o ano de 1955, pelo valor de 93.232$70. Em agosto de 1956, o projeto encontrava-se finalizado, tendo sido elaborado em colaboração com a Comissão Reguladora e a Direção da Adega Cooperativa. O concurso público para arrematação da primeira fase da empreitada - que excluía os trabalhos de canalização e eletricidade - foi aberto no mesmo mês, com base de licitação de 2.180.000$00. Desconhece-se a data de adjudicação. Os trabalhos terão decorrido entre 1956 e 1958, sob orientação do arquiteto Mário Cândido de Morais Soares que, tendo-se afastado do grupo ARS, ficou encarregado de “todos os trabalhos profissionais relativos à obra da Adega Cooperativa de Lousada”.
O edifício foi inaugurado em 14 de agosto de 1958. De acordo com a informação publicada por Cristiano Cardoso, no discurso do presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, Alberto Meireles, este anunciou que a inauguração marcava ““todos os trabalhos profissionais relativos à obra da Adega Cooperativa de Lousada”. Previa-se a inauguração próxima da Adega Cooperativa de Braga, estando em andamento a construção da Adega Cooperativa de Felgueiras e em fase de projeto a de Marco de Canaveses.
Entre 1961 e 1965, o edifício foi ampliado, após uma “excecional colheita” no ano de 1960.
Para mais detalhes, consultar a secção Momentos-chave, abaixo.
Analysis
A Adega Cooperativa de Lousada reveste-se de uma importância histórica particular por se tratar da primeira adega cooperativa a ser construída na região dos vinhos verdes. Segundo a memória descritiva do projeto de arquitetura, ensaiou-se nesta “pela primeira vez a industrialização dos processos de vinificação, já experimentada noutras regiões”. O projeto resultante foi considerado, pelos seus arquitetos, conservador relativamente a projetos anteriores. Indicavam que “dadas as especialíssimas características enológicas do vinho verde, que o tornam um produto extremamente sensível, não quiseram os técnicos da Comissão de Viticultura abandonar, para já, certos princípios consagrados pela prática, nem ainda abalançar-se e adaptar esquemas demasiado revolucionários na ordenação dos vários elementos da Adega”.
Key moments (click below for details)
Location
Status & Uses
Documentation
A informação constante desta página foi redigida por Catarina Ruivo, em novembro de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas. Destaca-se a importante investigação realizada por Cristiano Cardoso e publicada no livro Adega Cooperativa de Lousada - Comemoração dos 50 anos, tendo como base os relatórios de Contas da Adega Cooperativa de Lousada, o seu arquivo fotográfico, assim como a imprensa local e nacional.
To quote this work:
Arquitectura Aqui (2025) Adega Cooperativa, Lousada. Accessed on 18/01/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/buildings-ensembles/31717/adega-cooperativa-lousada