Quartel dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós
A construção de um quartel próprio para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós decorreu entre finais dos anos 70 e meados da década seguinte. A associação foi criada em 1950, tendo desde esse momento a aspiração de possuir uma sede própria para armazenamento das viaturas, reuniões e desenvolver um intercâmbio cultural entre os associados, pois também não existiam instalações capazes para esses fins na vila. Embora já em 1964 a Câmara Municipal de Porto de Mós tenha encarado a necessidade premente de construir um quartel adequado para os Bombeiros VoluntáriosVoluntários – colocando a hipótese de o implantar na proximidade do posto da GNR –, é certo que em 1972 a associação ainda fazia uso da escola velha para arrecadação de objetos, numa altura em que se pretendia demolir esse edifício. Anos mais tarde, em 1978, sabe-se que as viaturas dos bombeiros ocupavam uma garagem que a Santa Casa da Misericórdia pretendia adaptar a centro de saúde.
O projeto para o novo quartel foi redigido e aprovado pela direção da associação em 1973, estando previsto ser construído num terreno cedido pela câmara municipal. No entanto, no ano seguinte, não foi possível dar início à construção por não terem sido obtidas todas as aprovações necessárias. Visto que o dinheiro angariado pela associação não era suficiente para cobrir os custos da construção, orçados em aproximadamente 7.000.000$00, a câmara acedeu a comparticipar a primeira fase com 300.000$00. Em outubro de 1975 estava iminente o início dos trabalhos, adjudicados ao empreiteiro João Cerejo dos Santos. O pedido de comparticipação financeira do Estado não avançou no ano de 1976 como consequência da criação dos Gabinetes Coordenadores de Obras Municipais (GCOM), instituídos em cada distrito do continente “para efeito das obras de equipamento social das autarquias locais comparticipadas pelo Estado” (Portaria n.º 498/75), cabendo assim ao gabinete de Leiria avaliar a proposta. Considerando as instalações inadequadas, veio a ser aceite o pedido de comparticipação estatal, necessariamente avultada visto que os cortejos de oferendas realizados pela associação não permitiram angariar verbas suficientes.
As obras estavam adiantadas em 1977, tendo nesse ano sido incluídas no Plano de Obras do GCOM de Leiria com um subsídio de 200.000$00. Também através da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização foi atribuída uma comparticipação correspondendo a 80% do custo da obra. Porém, dado que os trabalhos tiveram início antes do pedido de comparticipação financeira estatal, essa primeira fase – que contou com o apoio técnico da Direção de Equipamento do Distrito de Leiria a título oficioso – ficou exclusivamente sob responsabilidade da associação. A comparticipação da segunda fase ficou sujeita à disponibilidade do Plano de Obras de Equipamentos. A população, concretamente trabalhadores e industriais de materiais de construção do concelho, também contribuíram para a realização das obras.
Apesar dos esforços, a obra ficou paralisada durante três anos. Em 1980, tinham sido levantadas várias paredes interiores para que determinados serviços pudessem funcionar de forma provisória no edifício. No ano seguinte, o arquiteto Célio Cantante elaborou um aditamento ao projeto, mas a documentação consultada não permitiu confirmar se este arquiteto foi também o autor do projeto original. A casa-escola foi projetada em 1984. A conclusão dos trabalhos foi inscrita no plano de 1982 da Direção-Geral do Equipamento Regional e Local, com adjudicação dos trabalhos à empresa Construções Técnicas. As obras ficaram com concluídas em 1985, com receção definitiva volvidos dois anos.
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Analysis
O quartel ilustra a tenacidade da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós desde a sua fundação, constituindo-se durante décadas como um organismo fulcral, pois para além da importante valência de combate a incêndios e apoio à população, pretendia integrar instalações para atividades recreativas e culturais dada a inexistência de equipamentos na vila – o barracão municipal que era utilizado para esses fins veio a ser demolido para a construção do Tribunal.
O quartel foi implantado numa das artérias principais de Porto de Mós, com fácil acesso e na proximidade dos Paços do Concelho e do Tribunal Judicial. Uma apreciação do projeto em 1977 considerou que, para além do delineamento correto da planta, os alçados se enquadram no conjunto urbanístico da vila.
A memória descritiva do projeto indica tratar-se de um edifício desenvolvido em três pisos. Para a cave previu-se a instalação da garagem, com zona para gabinete do comandante, quarto do vigilante, posto de socorros, cozinha e refeitório, camarata, zona de tratamento de roupas. As atividades recreativas e culturais deveriam ocupar o piso térreo, com salão para biblioteca, bar, sala de jogos, salão para festas e atividades desportivas – este salão era considerado essencial, por não haver instalações para este fim na vila. O último piso foi planeado como zona administrativa, com área para a direção, reuniões, secretaria e tesouraria com arquivo, sala de aulas e sala da fanfarra.
Key moments (click below for details)
Location
Status & Uses
Materials & Technologies
A informação constante desta página foi redigida por Ana Mehnert Pascoal, em maio de 2025, com base em diferentes fontes documentais.
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To quote this work:
Ana Mehnert Pascoal for Arquitectura Aqui (2025) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Porto de Mós. Accessed on 05/09/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/buildings-ensembles/56531/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-porto-de-mos