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Pasta Infantário I e Cozinha Económica

Pasta que reúne um artigo de autoria da Dra. Liliana Gouveia (2014) sobre a história do edifício, correspondência trocada entre a Santa Casa da Misericórdia da Covilhã e a Câmara Municipal ao longo do ano de 1953, fotografias diversas da obra e do uso do edifício como infantário.

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Title of File
Pasta Infantário I e Cozinha Económica
Start-End Years
1953-2014?

Analysis

First Date Recorded in File
1953.03.23
Last Date Recorded in File
2013
Construction and Equipment
João da Costa Riscado Construtor CivilPerson
José dos Santos Taborda Engenheiro Responsável pelas obras de remodelaçãoPerson
Intervention / Assessment
Carlos Coelho Presidente da CMCPerson
Rafael dos Santos Costa Engenheiro Chefe da Repartição Técnica Municipal Person
Alexandre de Quental Calheiros Veloso Vice Presidente da CMCPerson
Reading Note

1953.03.23 - O Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Dr. Carlos Coelho, encaminhou ao Engenheiro Chefe da Repartição Técnica Municipal Rafael dos Santos Costa a deliberação da reunião da Câmara Municipal a propósito da localização do Edifício da Cozinha Económica, a partir da manifestação do Vereador Dr. António Pereira Espiga Júnior contra a localização do equipamento na Avenida Frei Heitor Pinto, "local muito visitado, e o mais aprazível da cidade, onde não lhe parece bem a existência de um estabelecimento daquela natureza." O documento segue dizendo que "o local é devassado pelas vistas de quem se situe no largo da feira o que constituiria inconveniente para os pobres que se servem da cozinha económica e até para o próprio serviço. Afirmou ainda que perto do terreno indicado já existe um serviço que bastante prejudica aquela zona, o Dispensário da ANT". O vereador José Alberto Seco de Oliveira informou que a "Comissão Municipal de Turismo da sua presidência se tinha manifestado também em desacordo com o local", concordando com a proposta feita pelo colega no sentido de "estudar a possibilidade de edificar a projetada construção junto da Estrada do Sineiro".

1953.05.16 - O Presidente da CMC escreveu ao Engenheiro Chefe da Repartição Técnica Municipal para informar que a CMC já havia se pronunciado acerca da localização do "Edifício para Cozinha, Refeitórios Económicos e Albergue de Retenção de Mendigos, na Covilhã" e que já tinha comunicado sua posição à Santa Casa da Misericórdia da Covilhã.

1953.05.19 - O Vice Presidente em exercício da CMC, Alexandre Calheiros Veloso, escreveu ao Engenheiro Chefe da Repartição Técnica Municipal para responder ao ofício enviado por esta em 1953.04.08  com quatro soluções de implantação em dois terrenos indicados para a obra, a ser realizada "em regime de comparticipação com o Estado, pela Santa Casa da Misericórdia". A CMC deliberou assim ceder gratuitamente o terreno do Alto de São Sebastião à SCMC, considerada a opção mais conveniente. "A implantação do edifício será feita pela Repartição Técnica Municipal e submetida à aprovação da Câmara".

1953.08.29 - A cessão do terreno a título gratuito foi comunicada ao provedor da SCMC através de correspondência enviada pelo representante do Presidente da CMC, o vereador José Alberto Seco de Oliveira.

1953.10.19 - O Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Dr. Carlos Coelho, escreveu ao provedor da SCMC para informar que a deliberação da CMC no sentido de ceder o terreno para a construção da Cozinha Económica fora retificada com a inclusão das seguintes condições: "Este terreno destina-se exclusivamente à implantação de um edifício destinado a cozinha económica, albergue de retenção de mendigos e refeitório económico" e que a conclusão da obra deveria acontecer dentro do prazo de quatro anos. Caso alguma destas condições não fosse cumprida, o terreno voltaria à posse do Município.

1953.12.21 - O Presidente da Câmara Municipal da Covilhã para solicitar que "um novo projeto" fosse apresentado pela SCMC "se por acaso a modificação dos fins assistenciais aos quais a Câmara expressamente consignara a cedência do terreno, a tal obrigar", solicitando ainda "uma relação das obras de caridade acessórias (...) que V. Exª. pretende fazer aprovar".

Sem data - Conjunto de fotografias a preto e branco que mostra a construção do edifício da Cozinha Económica em fase final de acabamentos e dos interiores de algumas salas já prontas e mobiladas.

1957.06.08 - A transcrição de um artigo publicado no jornal Notícias da Covilhã que faz parte do conjunto de documentos informa que "No dia 31 do passado mês de Maio começou o serviço de refeições económicas a trabalhadores e a distribuição de sopas aos pobres, nas novas instalações da Casa de S. Vicente de Paulo" e que o equipamento tinha sido inaugurado naquele mesmo dia. De acordo com o artigo, "As outras atividades de assistência que, segundo o programa estabelecido, virão a integrar-se no edifício, só poderão iniciar-se depois de estar construído o troço da E.N.339." O artigo esclarece ainda que " Foi o Conselho Particular das Conferências, em 1942, com o auxílio e a generosidade da população da Covilhã, que tomou a iniciativa da criação destes serviços. Foi muito o que fez para tão precárias condições de instalação e a sua ação fez-se sentir de maneira visível no panorama social da cidade. Dispondo agora de instalações amplas e definitivas é justo que se empreenda ação mais larga e intensa."

1973.06 - Conjunto de fotografias que mostra a construção de uma pequena piscina infantil na área exterior do edifício da Cozinha Económica. 

1973.09 - Conjunto de fotografias que mostra o uso dos espaços exteriores e da pequena piscina infantil do edifício da Cozinha Económica, servindo como Infantário.

Sem data - Conjunto de fotografias coloridas que mostra o edifício a funcionar como infantário e alguns dos membros da equipa.

2013 - A historiadora Liliana Gouveia, responsável pelo Arquivo da SCMC, escreveu o artigo "Infantário I - Casa de S. Vicente de Paulo", que conta a história deste edifício, também identificado como Cozinha Económica, a partir da leitura das atas da Mesa Administrativa do período que vai de 1944 a 1993. Em 1948, uma vez que a Cozinha Económica ou Sopa dos Pobres funcionava na cidade em "instalações precárias, correndo o risco de deixar de exercer a ação benfazeja que vinha dispensando, pois não se encontrava uma casa com condições para o efeito", a SCMC promove uma série de ações que tinham por objetivo a construção de um edifício próprio para o efeito, entre as quais solicitar à Câmara Municipal a destinação de um terreno "no centro da cidade para o fim em vista e para que lhe faculte os serviços da sua Repartição Técnica, para a organização do projeto e sua apresentação à comparticipação pelo Fundo de Desemprego". Em Fevereiro de 1948, de acordo com Gouveia, a CMC determina que "esta Santa Casa organize imediatamente um programa da obra e o entregue na Repartição Técnica da Câmara a fim de se consultar um arquiteto, para imediata elaboração do projeto", que, a princípio, estaria situado "junto da rampa do Campo de Festas", localização diferente de onde foi realizada a obra. De acordo com  Gouveia, Rafael dos Santos Costa teria sido responsável pela elaboração do projeto, "examinado pormenorizadamente em sessão da Mesa Administrativa de 5 de abril de 1948", que, após um período de inatividade, volta ao debate em 24 de abril de 1951. A decisão favorável do Subsecretário de Estado das Obras Públicas foi comunicada em novembro de 1952, impondo a condição de que a empreitada fosse adjudicada através de concurso público, o que contrariava as expectativas da SCMC, que pretendia administrar as obras de forma direta, pretensão que acabou por ser atendida em 10 fevereiro de 1953, através de despacho do Ministério das Obras Públicas.

A construção do edifício deu origem a um plano assistencial elaborado pela SCMC que compreendia as Cozinhas e Refeitórios, que forneceriam a pensionistas, operários e trabalhadores e pobres e indigentes refeições, com serviços e espaços divididos entre si e a última correspondia "divisória com entrada diferente e independente", Padaria, instalações para "Retenção de mendigos", que só poderiam ser acolhidos para pernoitar, Escola de Artes Domésticas e serviços de Confecção de Roupas. Numa segunda etapa, entraria em ação um infantário e uma escola. A obra foi adjudicada ao construtor civil João da Costa Riscado e seria fiscalizada pelo Chefe dos Serviços Técnicos da CMC Rafael dos Santos Costa. De acordo com Gouveia, só em 1953 é que a questão acerca da localização da obra foi definida, agora no terreno onde existiam as ruínas da capela de São Sebastião, próximo do Hospital da SCMC. As obras foram concluídas entre julho e agosto de 1955 e a cerimónia de inauguração aconteceu em 31 de maio de 1957. Em agosto de 1960, "já se encontrava em pleno funcionamento uma sala destinada a jardim-escola", visitada por representantes da Subdelegação Distrital do Instituto Maternal, que, em parecer parcialmente transcrito no artigo, destacam as qualidades do espaço: "Da visita, colhi impressão favorável e vim com a convicção de que é realmente viável fazer funcionar em boas condições na Casa de S. Vicente de Paulo, uma obra de assistência infantil para crianças de 2 a 5 anos, tipo jardim-escola, embora precoce, com capacidade, que pelas áreas apreciadas, e sobretudo pessoal que se lhe destina, não deve ultrapassar 40 crianças. (...) Vindo preencher uma lacuna existente na Covilhã, seria também um bom complemento de atividade da Subdelegação do Instituto Maternal. Da nossa creche, com capacidade para 32 bebés que aqui mantemos até aos 2 anos, a um certo número deles, poderia continuar a assegurar-se lhe assistência, sem qualquer solução de continuidade, desde que saídos daqui, transitassem para a Casa de S. Vicente de Paulo."

Diversas obras foram feitas a partir de 1960 para adaptar o espaço à nova valência, que contaram com o apoio também da Caixa de Previdência do Pessoal dos Lanifícios, com a condição de que o infantário também acolhesse os filhos dos operários desta indústria. O acordo com o Instituto Maternal, celebrado em 1965, previu uma série de subsídios concedidos por esta instituição ao Infantário que se traduziram em obras de remodelação a cargo do "arquiteto [Manuel Martins] Garrido da Direção Geral de Assistência". Estas obras só seriam levadas a cabo entre março e abril de 1970, "ficando as mesmas entregues ao senhor engenheiro José dos Santos Taborda, que as terá concluído em maio de 1971".

Com relação à cozinha económica, já em 1966, a SCMC decidiu encerrar o serviço de refeições para os pensionistas,  "em virtude dos poucos operários que frequentam esta parte da Cozinha serem na maioria alcóolicos que ali praticavam atos menos corretos para uma casa daquela natureza, exteriorizando-se e provocando por vezes conflitos, chegando a ser menos educados para com as Irmãs que os serviam", mantendo somente a Sopa dos Pobres. Em 1972, quando o regulamento desta "Creche e Jardim de Infância" foi aprovado superiormente, esta era a única atividade a ocupar o edifício.

Em agosto de 2014, o Infantário encerrou suas atividades, ficando o edifício devoluto desde então.

To quote this work:

Arquitectura Aqui (2024) Pasta Infantário I e Cozinha Económica. Accessed on 19/09/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/files/16534/pasta-infantario-i-e-cozinha-economica

This work has received funding from the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement No. 949686 - ReARQ.IB) and from Portuguese national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., in the cadre of the research project ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).