Construção do Salão Paroquial de Perre
Processo em pasta original da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização, em cuja capa se registou o número do processo 101/MU/63, a localização na freguesia de Perre, no concelho e distrito de Viana do Castelo, a entidade Comissão de Culto e a designação da obra “Construção do Salão Paroquial de Perre”.
Contém correspondência administrativa relativa ao processo de conceção, pedido de comparticipação e execução dos trabalhos do Salão Paroquial, assim como algumas peças escritas e desenhadas da obra.
Identification
Analysis
1963.05.13 - Comunicação do presidente da Comissão do Culto de Perre ao engenheiro diretor-geral dos Serviços de Urbanização (DGSU). Começa por se referir a nova igreja de freguesia, fruto do esforço dos seus habitantes e das comparticipações do Ministério das Obras Públicas. Para complemento da igreja, solicitou-se comparticipação, em 1957, para a construção de instalações sanitárias anexas à mesma. A construção das instalações sanitárias foram adiadas pelo “facto de se pensar na construção de um salão paroquial junto à nova igreja e se julgar ser mais prático e mais estético enquadrar depois nesse edifício as citas instalações”. Apenas agora conseguindo avançar com a construção do salão paroquial, solicita-se comparticipação para as instalações sanitárias integradas nesse edifício.
A memória descritiva do projeto do salão paroquial é datada de 1963.03.27 e assinada pelo engenheiro civil Gilberto Guerreiro Ranhada. Explica-se que o edifício se destina a reuniões católicas e espetáculos de teatro e cinema, desenvolvendo-se o seu programa em 3 pisos: cave (sanitários e arrumos); rés-do-chão (salão de festas e palco) e 1º andar (6 salas para catequese, biblioteca, refeitório, cozinha e sanitários). Descreve-se a estrutura do edifício, constituída pelas paredes principais em perpianho de granito, e por vigas e lajes aligeiradas de betão armado.
1963.05.29 - Apreciação do estudo apresentado pela Comissão Paroquial de Perre para “a construção do seu Salão a levar efeito no adro da igreja”, assinado pelo arquiteto chefe da 1ª Zona de Arquitetura da Direção-Geral dos Serviços de Urbanização (DGSU/1ZUA). Começa-se por referir que não se pretende comparticipação para a obra, mas apenas para as instalações sanitárias chamando-se, ainda assim, “a atenção do autor para que o estudo seja revisto no sentido de valorizar as fachadas apresentadas e procurar, em planta, uma melhor distribuição”.
Quanto à implantação, considera-se a localização no adro da igreja desadequada, indicando-se que este não deveria ser ocupado por uma construção, mas que deveria ser criado um recinto ajardinado para embelezamento do local, com árvores de sombra e bancos de cantaria, “evitando-se, assim, o aspecto de abandono que esse recinto apresenta”. Como alternativa, indica-se um terreno a sul da igreja, embora se saiba que o proprietário não o deseja ceder amigavelmente, “o que virá, por certo, criar bastantes dificuldades à Entidade, para levar a cabo uma obra que se considera de grande necessidade”. Caso se tenha de encarar a construção no adro da igreja, indica-se que “a sua implantação deveria obedecer a um estudo de conjunto cuidadosamente elaborado, de modo a obter-se uma solução que não comprometa os elementos existentes, principalmente a igreja, tendo-se em vista a altura a dar ao edifício, volume e área de construção, etc, que deverá ser bastante reduzida em relação ao projecto apresentado”.
1963.06.05 - Relatório de visita de fiscalização, realizada pelo engenheiro diretor da Direção de Urbanização do Distrito de Viana do Castelo (DGSU/DUDVC), José Manuel Oliveira Valença, com o arquiteto Francisco Augusto, para indicar ao presidente da Comissão Fabriqueira “o único sítio possível onde o referido salão deverá ser erguido”.
1963.06.07 - Ofício da DUVC à DGSU/DSMU, onde se informa da visita realizada. Indica-se que se conseguiu o acordo do presidente da Comissão de Culto quanto à localização, “que, de resto já havia sido considerada por aquela Comissão, mas posta de parte por inúmeras dificuldades que surgiram na aquisição do terreno”. Propõe-se que a expropriação do terreno seja considerada de utilidade pública e que a DUDVC preste assistência técnica para a remodelação necessária do projeto. Solicita-se ainda a inclusão em Plano de uma verba destinada a apoiar a expropriação e arranjo dos terrenos envolventes da Igreja Paroquial, cujo custo se estima em 80.000$00, incluindo os trabalhos de construção das instalações sanitárias.
1963.06.27 - A DUDVC informa a Comissão de Culto de que foi autorizada a assistência técnica na elaboração do projeto. Indica-se à Comissão que entre em contacto com o arquiteto Francisco Augusto Batista, chefe da 1ZUA, com sede na Direção de Urbanização do Distrito de Braga (DUDB).
1963.07.03 - O arquiteto chefe da 1ZUA solicita à DUDB uma planta do local.
1963.07.08 - O engenheiro diretor da DUDVC, com o agente técnico de engenharia Martins, visitam a obra a fim de efetuar o levantamento do terreno.
O levantamento é enviado em 1963.07.15.
1963.08.30 - A DUDVC remete ao arquiteto chefe da 1ZUA uma sugestão de plantas para revisão e correção. Informa-se que, na solução apresentada, se considerou a utilização do 1.º piso para instalação da “Obra das Mães”.
1963.10.04 - O arquiteto chefe da 1ZUA informa a DUDVC de que as peças desenhadas do anteprojeto serão elaboradas na 1ZUA.
1963.11.16 - Memória descritiva, assinada pelo arquiteto-chefe da 1ZUA, para o edifício onde se pretende, “além de Salão com os seus anexos e instalações sanitárias públicas para ambos os sexos, criar um Centro Paroquial de Assistência, onde pudesse, em condições higiénicas, educar e orientas as crianças proporcionando-lhes certo interesse, tirando-as, assim, das ruas”.
Explica-se que o programa se desenvolve em cave e rés-do-chão. Na primeira, instalam-se os serviços destinados à “Obra das Mães” (3 salas para artesanato, cozinha-refeitório, despensa, entrada, lavabos, armário vestiário e sanitários, e habitação da Monitora). No rés-do-chão, instala-se um salão de jogos e reuniões com dependência para conferências e salas para catequese.
O orçamento estima-se em 700.000$00.
1963.12.06 - A DUDVC remete o anteprojeto à DGSU/DSMU, detalhando a importância da obra para “a importante freguesia de Perre, com uma população de cerca de 3.000 habitantes”, onde desempenhará funções de assistência religiosa, cultural, assistencial e recreativa. Propõe-se a comparticipação da obra, “porquanto, sem o amparo do Estado, a E.P. não poderá levar avante a execução deste grande melhoramento”.
1964.01.06 - Apreciação favorável do anteprojeto, assinada pelo agente técnico de engenharia Jayme Couvreur e pelo arquiteto A. Gomez Egea, da RMU. Estima-se o custo total da obra em 802.480$00.
1964.02.14 - Carta do pároco de Perre, P. Alberto Rodrigues Martins, ao Ministro das Obras Públicas, solicitando que aprove com urgência o projeto definitivo e comparticipe a obra. Refere-se que a freguesia de Perre é uma das maiores do concelho, com uma população de cerca de 3.500 habitantes, dos quais 500 crianças de catequese.
1964.02.25 - Informação da DUDVC sobre o pedido do pároco, onde se informa que o orçamento se estima em 700.000$00 (ao que corresponde uma comparticipação de 224.000$00 (32%)) e se considera de “aproveitar o entusiasmo actual de todos os paroquianos” concedendo um pequeno escalão da comparticipação de forma a permitir o início imediato da obra.
1964.03.13 - O engenheiro diretor da DSMU, Alfredo Fernandes, informa a DUDVC de que o Subsecretário de Estado das Obras Públicas determinou que se anotasse a obra para inclusão em futuro Plano de Melhoramentos Urbanos.
1964.08.10 - Comunicação da DUDVC à DGSU/DSMU, com a qual se remetem os cálculos de estabilidade, medições e orçamento elaborados nessa Direção.
1964.08.24 - O engenheiro chefe da RMU, João José Lourenço d’Azevedo informa a DUDVC que os elementos enviados foram considerados em condições de merecer aprovação.
1964.09.08 - Ofício da RMU à DUDVC, aparentemente em resposta a alguma comunicação não presente no processo, onde se refere existirem 2 pisos no projeto.
1964.10.13 - A DSMU informa o pároco da freguesia de Perre de que não é possível “ser concedida a comparticipação com a brevidade desejada não só por a obra figurar na lista de prioridades da Diocese em 42ª. lugar como pela falta de disponibilidade da respectiva rubrica”.
[1964.10.12 - Relatório da visita de fiscalização realizada pela DUDVC onde se informa que os trabalhos se encontram concluídos e bem executados, tendo-se procedido à vistoria geral da obra.]
1965.06.07 - O arquiteto chefe da 1ZUA remete à DUDVC uma sugestão para a criação de um balcão no Salão Paroquial de Perre, conforme solicitado pela Entidade.
1965.10.12 - A DSMU informa o pároco da freguesia de Perre que só obtendo o parecer do Bispo de Braga, “que dê prioridade à obra, poderá encarar-se a sua rápida comparticipação”.
1973.09.23 - Ofício do presidente da Junta de Freguesia de Perre, com assinatura ilegível, ao Governador Civil de Viana do Castelo. Começa por referir que a freguesia tem cerca de 3.500 habitantes “que há uns dezoito ou vinte anos se vêm consumindo constantemente com uma série de obras nas quais têm gasto imenso dinheiro”, nomeadamente “uma linda e grande Igreja, na qual se gastaram aproximadamente 1.600.000$00” (com comparticipação de 480.000$00), uma nova Residência Paroquial (300.000$00), reparos em diversos moinhos e capelas. O Salão Paroquial começou a ser levantado, tendo-se já gasto 1.000.000$00. Diz-se que tudo isto tem sido “feito a expensas da freguesia, com dinheiro de esmolas ou peditórios”, o que “acabou por cansar o povo desta terra, fazendo com que duas dessas obras, as mais importantes, ficassem de alguma maneira incompletas: a Nova igreja e o Salão Paroquial”. Especificamente, explica-se que a parte inacabada do Salão Paroquial fará falta no próximo ano para funcionamento da telescola. Estima-se que a conclusão das obras custará 220.00$00.
1974.02.08 - Informação elaborada pelo adjunto técnico de 2ª classe da DUDVC, Laurindo Martins, onde se explica que o projeto do Salão foi elaborado por assistência técnica da DUDVC e que, por dificuldade em obter comparticipação do Estado, os trabalhos foram executados por conta exclusiva da Entidade Peticionaria, quase na sua totalidade. A parte principal encontra-se em plena utilização, faltando terminar a cave, originalmente destinada à “Obra das Mães”, e instalar os sanitários previstos junto das salas de catequese. Detalha-se que estas salas de catequese estão atualmente ocupadas por salas de aula, após a “criação e divulgação dos postos de telescola, pelo que “a Entidade pretende promover a rápida conclusão da cave, para onde tenciona transferir as salas de aula”. Estima-se o valor dos trabalhos a realizar na ordem dos 300.000$00, a que corresponderia uma comparticipação de 180.000$00, “na base de 60%, por se tratar de uma obra de equipamento rural”.
1974.03.14 - O engenheiro diretor da DUDVC, José do Lago Arrais Torres de Magalhães, informa o presidente da Junta de Freguesia de Perre que o Secretário de Estado de Urbanismo e Habitação concordou com a prestação de assistência técnica e a anotação da obra para inclusão em Plano assim que possível.
1974.05.15 - A DUDVC informa o presidente da Comissão de Culto que a obra foi incluída no Plano de Trabalhos de 1974, com a comparticipação de 180.000$00.
1974.06.05 - A Comissão de Culto remete à DUDVC as medições e orçamento da obra. Solicita-se que os trabalhos sejam feitos por administração direta, “em virtude da urgência em dirigir os trabalhos para determinada secção que deverá estar concluída até meados de Setembro próximo, para nela ser instalada uma secção do Ciclo Preparatório TV”.
1974.07.05 - Ofício do presidente da Comissão de Culto, endereçado à DUDVC, no qual explica que: “no verão de 1973 teve de ser montada a telescola nesta freguesia, para aliviar a concorrência de alunos ao Ciclo Preparatório de Viana do Castelo, mas não havia lugares livres na Escola desta freguesia a cujos habitantes há vários anos se tem vindo a prometer uma nova escola”. Por esta razão, a Corporação Fabriqueira cedeu gratuitamente duas salas. No entanto, “com a entrada em férias e o aproximar do novo ano lectivo, começa a preocupação a ser maior e mais premente a necessidade, receando-se que não dando início às obras previstas em breve depois não haja tempo de as acabar”. Solicita-se autorização para iniciar as obras, “de modo que em Outubro as crianças possam ser acolhidas com um mínimo de conforto e não alojadas em salas com paredes de pedra, tijolo e ainda tectos, sem qualquer revestimento”.
1978.08.22 - O engenheiro diretor da DUDVC solicita à DGSU/DSMU que seja concedida a comparticipação prevista no Plano de Equipamento Rural em vigor.
1975.09.16 - Portaria pela qual se concede a verba de 204.000$00 à Comissão do Culto da Freguesia de Perre.
1974.10.13 - A Comissão do Culto volta a solicitar à DUDVC autorização para realizar os trabalhos por administração direta.
1974.10.18 - A Comissão do Culto agradece a comunicação de que a administração direta foi autorizada e informa que as obras já foram iniciadas.
1974.10.29 - Documento de fiscalização da obra, onde se indica que as salas destinadas a telescola já se encontram prontas.
1974.12.14 - Portaria pela qual o Ministro do Equipamento Social e do Ambiente concede, à Comissão do Culto, a antecipação de parte do escalão de 1975, de 30.000$00.
1975.10.10 - A Comissão do Culto informa a DUDVC de que as obras “têm prosseguido com muitas dificuldades resultantes do grande aumento de preços, quer de materiais, quer de mão de obra, desde o respectivo início há mais de um ano”. Remete-se um orçamento atualizado, no valor de 552.579$00. Não tendo possibilidade de suportar o aumento, a Comissão solicita que lhe seja concedida a atualização de preços para efeito de comparticipação do Estado.
1975.10.14 - Resposta da DUDVC, informando que o reforço “fica anotado para uma possível inclusão em futuro Plano de Trabalhos”.
1975.11.06 - A DUDVC informa a Comissão de que a verba de 113.100$00 foi incluída no “1º Ajustamento ao Plano de Obras de 1975”.
1975.11.11 - Auto de medição de trabalhos n.º 3, correspondente à importância a liquidar de 51.357$00.
1975.12.29 - Auto de medição de trabalhos n.º 4, correspondente à importância a liquidar de 125.742$90.
1976.05.07 - Auto de vistoria geral.
1977.07.08 - O processo é arquivado.
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Arquitectura Aqui (2024) Construção do Salão Paroquial de Perre. Accessed on 22/11/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/files/37523/construcao-do-salao-paroquial-de-perre