1954.01.18 – Relatório de inspeção ordinária da Casa do Povo de Sobral da Adiça, concelho de Moura, da autoria do subinspetor António Santos, da Inspeção dos Organismos Corporativos.

“Por alvará de 29 de Janeiro de 1944 foi criada a Casa do Povo de Sobral da Adiça, que abrange unicamente a freguesia que deu o nome ao organismo.

Sobral da Adiça, pertencente ao concelho de Moura, tem uma população ainda assim elevada, pois anda à volta dos 3.100 habitantes. As culturas predominantes nesta região são em primeiro lugar a oliveira, seguindo-se depois o trigo.

Sobral da Adiça está ligada à vila de Moura por estrada que termina nesta mesma freguesia. Presentemente está em estudo uma outra estrada que vai a Ficalho e que, depois de concluída, beneficiará bastante a povoação.

Sede:

O organismo encontra-se instalado num prédio do rés-do-chão com cinco divisões acanhadas e com poucas condições para o funcionamento da Casa do Povo.

As cinco divisões, pelas quais se paga a renda mensal de 50$00, encontram-se assim distribuídas: serviços de secretaria, duas salas para jogos, consultório médico e sala de espera. (…)

Os dirigentes têm envidado todos os esforços no sentido de possuírem uma sede própria, mas até à presente data nada conseguiram, tendo apenas um terreno que custou cerca de 24.000$00.

A construção da sede é imprescindível, visto que o ambiente é bastante bom. Os sócios todas as noites procuram a sua sede para se distraírem, mas alguns são obrigados a retirarem-se, porque a casa não comporta tanta gente.

A construção da mesma, neste caso, talvez não seja muito difícil, pois presentemente o organismo, além do terreno, possue em caixa o montante de 68.000$00, importância esta com tendência para aumentar.

Pelas razões expostas, a Junta Central deveria, logo que lhe fosse possível, incluir num dos próximos planos a edificação da sede.

(…) o organismo tem uma acção muito completa no capítulo da previdência e assistência.

No sector educativo e recreativo, a Casa do Povo, dentro das suas possibilidades, faz o que pode. E se mais não faz é porque a sede não reúne condições.

Os sócios têm uma pequena biblioteca, um aparelho de telefonia e alguns jogos de mesa.

Mantém o organismo devidamente autorizado um curso nocturno para adultos, na escola primária oficial do sexo masculino, com a frequência de 34 alunos.

A Casa do Povo possui também um rancho coral composto por 22 figuras do sexo masculino, que no ano de 1952 ganhou uma menção honrosa na Casa do Alentejo em Lisboa.”

1957.02.14 – Relatório de inspeção ordinária da Casa do Povo, da autoria do subinspetor Jaime Reis Martins, da Inspeção dos Organismos Corporativos:

“As instalações do organismo são muito pobres. Um pequeno vestíbulo, com duas dependências à direita, uma para o Posto Médico e outra que serve de sala de espera, e três à esquerda, para a Secretaria, arrumações e lavabos.

A renda não é elevada. Por 150$00 mensais não se conseguiria, mesmo numa aldeia, nada de melhor.

A Direcção já tem terreno e planta aprovada para a construção duma sede própria, porém as suas disponibilidades não são grandes, sem bem que outros organismos com menos recursos já tenham conseguido ver realizada essa aspiração.

Quando cheguei ao Sobral da Adiça vi bastante frequência na Casa do Povo e quis-me parecer que o organismo tinha bom ambiente local e simpatia da massa associativa. Não é de estranhar que assim seja, tratando-se duma aldeia perdida na planície alentejana e desviada cerca de 20 quilómetros, sem fáceis comunicações, do mais importante centro populacional, que é a vila de Moura. Com instalações mais apropriadas, a Casa do Povo seria um verdadeiro centro de convívio, de recreio e de cultura.”