Construção de Instalações Desportivas em Barcelos
Correspondência relativa ao pedido de comparticipação do Estado para a construção de instalações desportivas, pelo Óquei Clube de Barcelos. Contém peças escritas e desenhadas de anteprojeto de arquitetura. Documentação em pasta bege da Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano, em cuja capa se indica o n.º do processo 233/ERU/85, a localização no distrito de Braga e no concelho de Barcelos e a designação: “Construção de Instalações Desportivas em Barcelos”.
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1984.07.31 - Memória descritiva e justificativa, assinada pelo arquiteto Luís Pizarro Magalhães (Barcelos), relativa à Construção do Parque Desportivo do Óquei Clube de Barcelos, consistindo de um campo polidesportivo, uma piscina, cinco courts de ténis e um edifício para instalações de apoio e para a sede social do clube.
A memória descreve a localização do edifício projetado, num terreno a nascente da zona antiga e junto ao Rio Cávado que constitui “uma parcela de um conjunto mais vasto destinado a parque público marginal”. Explica-se que o edifício de apoio e sede social se implanta de modo a que o seu andar superior - dedicado à sede social - se encontre ao nível da rua e o piso inferior - onde se encontram os vestiários - ao nível do campo de jogos e da piscina. O primeiro piso integra uma zona administrativa, paralela à rua, um bar, uma sala de convívio, uma sala de jogos de mesa e sanitários. No piso interior, encontram-se vestiários para o ténis, a piscina e o polidesportivo, “apresentando cada um as características necessárias para o apoio da respetiva modalidade”, assim como uma sala de massagens, um gabinete médico, uma lavandaria, uma oficina e uma arrecadação. O edifício será construído em estrutura do betão armado, com divisões interiores em tijolo. O campo polidesportivo foi pensado com dimensões que “permitirão a prática nomeadamente de óquei em patins, andebol, futebol de salão, voleibol e basquetebol”, com uma bancada com capacidade para 350 pessoas. Os courts de ténis agrupam-se 2 a 2 e mais 1 isolado.
1983.11.04 - Reunião da Câmara Municipal de Barcelos, na qual se deliberou doar ao Óquei Clube de Barcelos um terreno situado na Quinta do Aparício, ficando a doação condicionada à obtenção “do subsídio proveniente da herança Mantero” e à conclusão das obras definidas num prazo máximo de 5 anos”.
1984.07.14 - Estimativa orçamental do projeto de construção do Parque Desportivo do Óquei Clube de Barcelos, assinada pelo arquiteto Luís Pizarro Magalhães, com o total de 68.280.000$00.
Sem data - Ofício da direção do Óquei Clube de Barcelos, sem destinatário.
O Óquei Clube de Barcelos foi fundado em 1948, dedicando-se a fomentar o desporto amador na cidade, “e dentro dele lançar e promover a prática do ténis, modalidade em franca expansão não só no nosso país, mas em todo o mundo”. Contesta-se a ideia de que o ténis como uma modalidade elitista, argumentando-se que “possibilita, como poucas, a sua prática durante uma vida inteira do comum do cidadão”. Refere-se que o número de praticantes em Barcelos tem aumentado após a criação da secção de ténis do Óquei Clube, “e mais ainda com a criação em Junho da Escola de Ténis”, criada para a realização de um torneio “com um pequeno, mas significativo número de participantes, todos de Barcelos”. Refere-se existir em Barcelos apenas um court de ténis, o que tem condicionado a expansão da escola.
Refere-se que o Plano de Urbanização da Quinta do Aparício prevê dois courts de ténis dentro de uma zona desportiva e de parque, marginal ao rio. Considera-se que “a urgência da criação dessa zona desportiva, numa cidade como Barcelos, em franca expansão, não se compadece com a situação de crise financeira que, mais ou menos, todos os municípios deste país estão atravessando”. Indica-se que o Clube será em breve declarado de utilidade pública, ficando o seu património aberto aos associados e ao público em geral.
Propõe-se que o terreno situado na Quinta do Aparício seja doado, ou o direito de superfície cedido, ao Óquei Clube de Barcelos. Em troca, o clube compromete-se a construir courts de ténis e um edifício de rés-do-chão de apoio à estrutura desportiva, e a ajardinar a faixa de parque prevista no Plano de Urbanização. Este acordo, considera-se, “não degrada nem restringe o parque marginal previsto no anteprojeto do Plano de Urbanização da Cidade, antes contribui para a sua efetivação”. Pretende-se “contribuir para o embelezamento de uma zona citadina que é a sala de visitas de Barcelos, para quem vem de Braga, e dar corpo a um plano previsto, não permitindo a sua adulteração”. O clube tem um plano financeiro para a concretização do projeto, a executar por fases.
1984.09.24 - O presidente da Câmara Municipal de Barcelos (CMB), João Manuel da Rocha Guimarães Casanova, remete o processo relativo à instalação do Edifício Sede e Parque Desportivo do Óquei Clube de Barcelos, na Quinta do Aparício, à Direção-Geral de Equipamento Rural e Urbano (DGERU).
1985.10.18 - O vice-presidente da CMB, António Barbosa Gonçalves da Seara, informa a DGERU de que a CMB deliberou aprovar o projeto de construção de instalações desportivas pelo Óquei Clube de Barcelos, a levar a efeito na Quinta do Aparício.
1985.12.05 - Informação assinada pelo engenheiro técnico principal da Direção de Equipamento de Braga (DGERU/DEB), Custódio da Silva Neves de Oliveira. Explica-se que o Óquei Clube de Barcelos pretende construir instalações desportivas num terreno central da cidade, “com plano de pormenor aprovado no qual foi considerada uma área destina à prática desportiva”, doado pela CMB para esse efeito. Considera-se que o projeto apresentado pela coletividade se encontra em condições de “proporcionar uma análise satisfatória”.
1985.12.18 - É aberto o processo número 233/ERU/85, com a designação “Construção de Instalações Desportivas em Barcelos”.
1985.12.26 - Escritura de doação ao Óquei Clube de Barcelos de uma parcela de terreno situada na Quinta do Rio.
1986.02.06 - Pedido de comparticipação, endereçado pela direção do Óquei Clube de Barcelos à Secretaria de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território (SEALOA).
Descreve-se a dificuldade de expansão sentida pelo clube, "por não dispor de instalações próprias que lhe permitam dar cabal resposta às múltiplas solicitações que os jovens, e não só, lhe vêm permanentemente fazendo". Refere-se ter 350 atletas de várias modalidades, utilizando, como outros clubes do concelho, as instalações desportivas municipais, "que se encontram superlotadas e, consequentemente não permitem a expansão dos clubes, que cada vez dispõem de menos horas para a prática desportiva". Por existir um único court de ténis na cidade, a escola de ténis do clube não pode ultrapassar os 80 alunos. Verifica-se o mesmo problema em relação à piscina municipal e "às modalidades de Pavilhão, o que obriga à suspensão das mesmas, com prejuízo dos jovens que querem praticar desporto".
A memória explica que a CMB deliberou doar uma parcela de terreno ao clube - para o que terá pesado "a constatação da permanente disponibilidade do Clube em colaborar com o Município, as Federações e a Direção Geral de Desportos, e de que são exemplo a colaboração de atletas e a participação de dirigentes na organização dos Campeonatos do Mundo e da Europa de hóquei em patins em 76, 80, 82 e 85, nos Jogos Luso-Brasileiros em 72 em basquetebol, nos Torneios internacionais de andebol, nas provas desportivas das Festas da Cidade (...) e ainda a participação nos torneios abertos da DGD".
Assume-se a pretensão de que o novo complexo desportivo a construir seja aberto a todos os cidadãos. No entanto, o clube não tem possibilidades de cobrir o custo da construção, que se prevê realizar por fases, "desde que garantidos os apoios para a totalidade da obra": seriam construídos, numa primeira fase, os courts de ténis e estruturas de apoio, numa segunda o polidesportivo descoberto e, por fim, a piscina descoberta. Solicita-se uma comparticipação de 80% do custo total do empreendimento.
1986.03.04 - Ofício do diretor-geral dos Desportos (DGD), Arcelino Mirandela da Costa, endereçado à DGERU. Indica-se que é desejável a construção de instalações desportivas em Barcelos a curto prazo, “sobretudo atendendo à programação que inclui diversos tipos de equipamento suscetíveis de atrair a população para a prática desportiva”. Quanto ao projeto apresentado, refere-se ser impossível a prática de andebol e hóquei no mesmo espaço, por serem diferentes o pavimento e as áreas. Indica-se que as ligações dos vestiários, solários e zonas com relva para o cais da piscina devem ser feitas por circuitos de comunicação que estabeleçam passagem obrigatória por lava-pés e duches. Considera-se a capacidade dos vestiários “manifestamente insuficiente”.
1986.05.08 - Parecer assinado pelo arquiteto assessor interno da Direção dos Serviços de Estudos (DGERU/DSE), Pelágio Costa Mota. Considera-se que, embora os elementos apresentados se encontrem classificados como anteprojeto, “não passam de um Estudo Prévio bastante sumário, uma vez que é omisso em relação ao dimensionamento das zonas desportivas”. Levantam-se questões relativas às áreas e funcionamento dos diversos espaços. Sob o ponto de vista estético, considera-se que a solução apresentada é “demasiado rígida, carecendo de ser reformulada”, e que o orçamento - de 87.000$00 - é demasiado baixo.
1987.08.10 - Ofício da direção do Óquei Clube de Barcelos, endereçado ao diretor dos Serviços da Comissão de Coordenação da Região Norte - Delegação de Braga (CCRN/DB).
Explica-se que, após visita do DGD ao local, o mesmo aconselhou que a piscina descoberta projetada, “de pouca rentabilidade numa zona pluviosa”, fosse substituída “por outra infraestrutura desportiva mais útil e mais rentável, bem como a cobertura do polivalente, de modo a garantir a sua utilização ao longo dos doze meses do ano”. O clube decidiu substituir a piscina por um “mini-centro de estágio para desportistas, com oito quartos quadrúpulos, que permitirá a permanência de equipas que queiram realizar o seu estágio dentro do complexo, utilizando todas as estruturas de apoio desportivo a construir”. Refere-se ter sido ser atualizado o orçamento para 100.000$00.
1987.08.06 - Documento de candidatura para comparticipação na instalação de equipamento de utilização coletiva, no qual se descreve a finalidade do empreendimento como de “apoio ao desenvolvimento das atividades desportivas do clube nas camadas jovens (…) nas modalidades de ténis, hóquei em patins, voleibol e basquetebol”, apoio à indústria hoteleira local e apoio local a diferentes clubes. Referem-se 3 fases de construção, sendo a primeira relativa a dois courts de ténis e estrutura de apoio, a segunda a um polivalente e estrutura de apoio e a terceira a um mini centro de estágio para clubes e os seus atletas. Conta-se que 70% do orçamento seja comparticipado pela Direção-Geral do Ordenamento do Território (DGOT), 20% pela CMB e 10% pelo próprio clube e os seus associados.
To quote this work:
Catarina Ruivo for Arquitectura Aqui (2025) Construção de Instalações Desportivas em Barcelos. Accessed on 05/09/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/files/62879/construcao-de-instalacoes-desportivas-em-barcelos