Construção do Mercado de Alhos Vedros
Conjunto de 3 capas de cartão referentes ao processo 369/MU/71, contendo documentação textual e gráfica sobre o Mercado de Alhos Vedros:
- Pasta de cartão bege da Direção-Geral do Ordenamento do Território, com inscrições manuscritas relativas à construção do edifício, cuja entidade peticionária foi a Câmara Municipal da Moita, e à identificação do processo;
- Pasta de cartão preta, com inscrições datilografadas relativas ao Mercado de Alhos Vedros;
- Pasta de cartão cinza, com identificação do processo e inscrições manuscritas relativas à “Construção do Mercado de Alhos Vedros”.
Identification
Analysis
1958.02.19: A obra do mercado não está em plano da Direção de Urbanização do Distrito de Setúbal, conforme comunica o engenheiro diretor Fernando Picado. Refere-se que não há abastecimento domiciliário de águas, embora estejam feitas captações para abastecimento destinado a Alhos vedros e Baixa da Banheira. Também não existe projeto ou pedido de comparticipação para o mercado de Sarilhos Pequenos.
1971.07.28: Memória descritiva e justificativa do Mercado Municipal de Alhos Vedros, assinada pelo arquiteto João Manoel Alves de Sousa. Trata-se de uma 1.ª fase para substituir o mercado existente, sem condições de utilização e não satisfazendo as necessidades do aglomerado. “A solução adoptada fundamenta-se justamente na concepção de um todo susceptível de sucessivas ampliações sem prejuízo das suas características estético-construtivas iniciais e globais e permite, na medida das conveniências da sua utilização, o seu funcionamento por sectores, de acordo com os horários fixados aos diferentes tipos de exploração”. O programa comporta 18 bancadas de peixe, 1 talho, 24 bancadas de legumes, 3 bancadas de flores, 4 bancadas de frutas, 4 estabelecimentos (incluindo 1 de animais de pelo e penas e 1 de produtos lácteos), gabinete de fiscalização, gabinete para veterinário, 2 grupos de sanitários e arrecadação. “Do ponto de vista estético, a solução de justaposição de exágonos (sic) que se preconiza, pretende a obtenção de um volume edificado de agradável aspecto, factor a ter em conta uma vez que o Mercado se situa na directa dependência de edifícios habitacionais envolventes”. Permite ampliações em fases futuras seguindo a mesma unidade estética e “segundo as mais modernas concepções de polivalência” (como para instalação de café, snack-bar, supermercado, tabacaria, etc.). Será um edifício de piso único com estrutura modulada. Salienta a “simplicidade do esquema funcional adoptado a par do partido arquitectónico que se pretende obter do jogo simples de volumes obtido do esquema básico de estrutura.” Está acompanhada de peças desenhadas, onde se verifica que o edifício será implantado nas imediações do centro paroquial da igreja.
1971.08.11: O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Victor Brito de Sousa, solicita ao Ministro das Obras Públicas (MOP) uma comparticipação estatal para realizar a premente construção do mercado de Alhos Vedros, cujo projeto foi aprovado pela câmara municipal, dado que o município tem “elevados compromissos assumidos com a realização de outras obras e melhoramentos em toda a área do concelho, indispensáveis à vida e progresso dos seus Munícipes”.
1971.09.24: Aprovação do projeto pela Comissão Municipal de Higiene da Moita.
1971.09.30: Informação, assinada pelo engenheiro diretor de Urbanização de Setúbal (assinatura ilegível), confirmando a “grande necessidade” da construção do mercado, pois o existente “não tem condições de utilização nem satisfaz as necessidades actuais dos aglomerados”. Estima-se o orçamento em 1.400.000$00, com proposta de comparticipação de 16% (correspondente a 224.000$00. Superiormente, Alfredo Fernandes julga de anotar o pedido para plano futuro, o que vem a ser determinado pelo Secretário de Estado das Obras Públicas em outubro seguinte.
1971.12.16: Informação de apreciação do anteprojeto assinado pelo Adjunto Técnico de 2.ª classe da Direção de Urbanização de Setúbal, Luís Ribeiro Pinho. Considera-se digno de aprovação mediante vários ajustes. A localização é adequada. Considera que as condições funcionais necessitam de algumas retificações atentando na subdivisão das áreas do mercado, pois a área de exploração é exígua, tal como a das lojas, e faltam serviços como vestiário para pessoal, frigoríficos e zona de preparação de peixe, bem como lojas de acesso exclusivamente pelo exterior como lacticínios, pão, mercearias, etc. (talhos e vendas de animais serão no interior). O estudo prevê futuras ampliações, conforme o crescimento populacional estimado. Importa apresentar uma estimativa orçamental.
1971.12.28: O diretor do Gabinete do Plano Diretor da Região de Lisboa informa que a localização proposta não se harmoniza com o plano geral, divergindo bastante, pelo que é necessária uma revisão.
1972.01: Orçamento do mercado (construção civil) no valor de 1.980.000$00.
1972.02.02: Esclarecimento sobre o projeto, assinado pelo arquiteto-urbanista João Manoel C. Alves de Sousa. Nos estudos do Plano Sub-regional Barreiro-Moita, concluídos em 1969, já se propusera a implantação de um novo mercado em Alhos Vedros, ideia reforçada no aprofundamento dos estudos dois anos depois, para substituição do mercado existente, que já não satisfazia a população. O mercado localizava-se nas traseiras do Centro Paroquial, junto da igreja.
1972.10.20: O Gabinete do Plano Diretor da Região de Lisboa não se opõe à localização para o novo mercado na medida em que “não resultem, por motivos de ruídos, movimento, cheiros e higiene, inconvenientes para os edifícios do hospital e Centro Sócio-Cultural que marginam”. Um despacho de Rui Sanches, exarado na sequência, solicita abreviação na apreciação do estudo e que a câmara prossiga na elaboração do projeto.
1974.03.08: Parecer da Comissão de Revisão da Direção dos Serviços de Equipamento (DSE), assinado por Alberto Arcanjo Pessanha Viegas (engenheiro diretor dos SE), Jordão Vieira Dias (engenheiro chefe de Divisão do Equipamento Urbano), António Gomez Egea (arquiteto-chefe) e Jayme Agnello Neuparth Couvreur (adjunto técnico principal). O programa do mercado inclui 18 bancas de peixe, 1 talho, 24 bancadas de legumes, 3 bancadas de flores, 4 bancadas de frutas, 1 loja para animais de pena e pêlo, 1 loja de produtos lácteos, 2 lojas, gabinete de fiscalização e taxas, gabinete do veterinário de serviço, instalações sanitárias, arrecadação. A comissão entende que o volume se harmoniza de forma conveniente com as construções envolventes. O mercado será executado em duas fases, podendo funcionar apenas com a 1.ª fase executada. Apontam algumas faltas na 1.ª fase (vestiários e sanitários para pessoal, frigoríficos, tulhas, zona de preparação de peixe, lojas de acesso exterior a integrar na fase seguinte, e exiguidade da dimensão das lojas previstas nessa fase). Os alçados “parecem-nos bem proporcionados e equilibrados”. Sugere-se aprovação superior mediante algumas correções. Na primeira página do documento, foi inscrito um despacho de Rui Sanches indicando a comparticipação de 50%.
1977.01.19: Apreciação favorável do projeto de instalações elétricas, assinado pelos engenheiros eletrotécnicos da Direção dos Serviços de Equipamento, A. Campos Machado e João Manuel C. Aleixo.
1977.04.21. Rui Barbosa de Matos, engenheiro civil chefe diretor de Urbanização do Distrito de Setúbal, concorda com o parecer da câmara municipal de adjudicar a obra ao concorrente UNIURBA – União Cooperativa de C. Civil e Esp. Afins S.C.A.R.L., com a proposta mais baixa.
1977.08.01: Proposta de comparticipação, assinada por Rui Barbosa de Matos. Os trabalhos foram iniciados em 20 de junho de 1977. O orçamento corrigido é de 4.560.000$00. A obra transitou do anterior plano do GGFD com compromisso de comparticipação de 100%; no plano vigente está inscrita a comparticipação de 4.000.000$00, vindo a ser necessário um reforço de aproximadamente 600.000$00, a considerar no ajustamento caso o desenvolvimento da obra o justificar.
1977.10.10: Auto de medição n.º 1, com comparticipação através do Orçamento Geral do Estado.
1979.01.29: Mário Ulisses da Costa Valente, engenheiro Diretor-geral de Planeamento Urbanístico, informa que esse organismo nada tem a opor à localização quanto ao aspeto urbanístico.
1979.07.24: Parecer favorável quanto aos acessos e arranjos exteriores, assinado pelo arquiteto-chefe da Direção-Geral do Equipamento Regional e Urbano (DGERU), Raul Miguéis S. Clara.
1980.03.25: Pedido para arquivar o processo, dado que a obra se encontra concluída.
To quote this work:
Ana Mehnert Pascoal for Arquitectura Aqui (2025) Construção do Mercado de Alhos Vedros . Accessed on 06/09/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/files/65966/construcao-do-mercado-de-alhos-vedros