Conversa com José Salgado, Viana do Castelo
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Conversa com José Salgado, atual Vice-presidente da Direção e bombeiro desde 1973. Somos recebidas no seu gabinete com grande amabilidade. Desde a iniciativa Arquitectura Aqui gostaríamos de agradecer o tempo concedido a esta entrevista, mas também a dedicação em manter a memória coletiva dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo. Seguem-se algumas informações partilhadas durante a conversa.
Tribunal
José refere que existiu um primeiro edifício dos bombeiros no local onde hoje se situa o tribunal. Aquele antigo edifício dos bombeiros foi demolido para a construção do tribunal.
Bombeiros Voluntários
O edifício atual foi construído em duas fases: podem ver-se as aberturas das janelas na parede interior.
Considera-se que o edifício existente já não responde às necessidades atuais, principalmente devido a sua dimensão. A ampliação do edifício é impossível por causa dos limites do terreno, pelo que existe um projeto para construir um novo edifício. O edifício existente ficaria como uma secção dos Bombeiros, ou seria reaproveitado pela Câmara Municipal, que já mostrou interesse.
Em 1976-1980 iam construir um novo Quartel no terreno hoje ocupado pelo Seminário em frente ao Campo do Vianense. O projeto incluía habitação para o pessoal do corpo permanente.
O corpo atual de bombeiros é composto por aproximadamente 20 mulheres e 60 homens, existindo apenas espaço para 15 a 20 camas. A falta de espaço é o problema mais relevante. Nas camaratas, também muito pequenas, pro vezes há certa “confusão” em momentos de urgência, causada pela falta de espaço, como pode ser fazer barulho aos colegas que estão a dormir. As viaturas (30) não cabem no parque, encontram-se estacionadas na rua ou distribuídas por diferentes pontos.
Em 1972-1973 foi criado um infantário no Quartel, que funcionou até 1983, altura em que passou para a Santa Casa da Misericórdia. Era gerido pelos bombeiros, mas os funcionários eram assalariados externos. Algum pessoal do corpo de bombeiros dava apoio: limpeza, enfermagem. Até então não existia nenhum infantário em Viana. Era dada prioridade aos filhos dos Bombeiros, mas também iam filhos de outros profissionais, como funcionários públicos, ou até bancários.
José elaborou um livro de ilustração que foi publicado para divulgar a história dos Bombeiros Voluntários de Viana. No livro mostra diferentes eventos que foram importantes na sua história, desde a relocalização do edifício até incêndios importantes ou a aquisição de novos carros, uniformes ou ferramentas para o desempenho dos bombeiros. José comenta que “os Bombeiros Voluntários de Viana são muito dados à inovação”: projetaram os primeiros filmes de cinema, nos anos 20; em finais do século XIX criaram o serviço de socorro aos banhistas na praia do Cabedelo (19 anos antes de este serviço se tornar institucional); nos anos 20 tinham um posto de socorros que fazia domicílios durante a noite.
Relativamente aos incêndios, José salienta que cada território tem as suas próprias idiossincrasias, especialmente quanto à geografia. A gestão dos incêndios deve compreender e estar consciente disso, porque a gestão do fogo não é igual para qualquer contexto. Por outro lado, comenta que antigamente havia fábricas de pão na cidade e a madeira da floresta era aproveitada para lenha. Hoje há florestas abandonadas que não tem mais uso e são potenciais riscos para incêndios.
Também refere os custos elevados do equipamento de combate a incêndios e baixo orçamento para os bombeiros voluntários.
A recolha e incorporação do testemunho oral foram elaboradas por Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo, com base numa conversa informal mantida em setembro de 2024.
To quote this work:
Arquitectura Aqui (2024) Conversa com José Salgado, Viana do Castelo. Accessed on 21/11/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/notes-from-observation-or-conversation/50234/conversa-com-jose-salgado-viana-do-castelo