1987.10.30 - Declaração do arquiteto João Fernando Martinez dos Santos (Lisboa).

1987.11.26 - Peças escritas e desenhadas do projeto.

A memória descritiva indica que o projeto vem responder “à vontade expressa pelas Exmas Senhoras Dª Julieta Leitão e sua irmã Ilda Leitão de dotar a freguesia da Bemposta com um centro pró-cultura, de apoio à 3ª idade e a crianças em idade pré-escolar e escolar até 12 anos, como forma de ocupação dos tempos livres durante o dia, perpetuando a memória do seu pai, professor António Maria da Silva Leitão”. Refere uma construção pré-existente, que “não se adapta a uma obra social desta envergadura”, e que se pretende demolir. O programa foi elaborado com as beneméritas, procurando-se, com o projeto, “dar a dimensão da obra visada a sua articulação e filosofia de apoio e a expressão plástica que lhe está subjacente”.

Descreve-se as opções plásticas tomadas para um edifício implantado “num tecido urbano que tem sido descaracterizado e com exemplos arquitectónicos não recomendáveis”, tenho como base a pretensão de que a expressão do edifício traduzisse as duas classes etárias por ele servidas. Assim, a parte destinada a centro de dia descreve-se como “tradicional (…) traduzindo a sua época”. A parte destinada a crianças descreve-se como “de procura, onde a forma sem arestas prodigalizasse o sonho a realizar sem rigidez e com amor, como nos é ensinado pelo seio materno”. Disto resultaria “um dinâmico jogo de volumes curvos, contrastantes com a zona destinada aos idosos”, distinguindo-se as duas áreas também pelo tipo de aberturas e tratamento dos vãos: “janelas rectangulares de dois batentes e portadas interiores, com guarnições de cantaria, em confronto com janelas pivotantes horizontais e clarabóias redondas”.

Na organização interior, procurou-se aproximar os dois programas através de uma entrada única com receção e hall comuns. No rés-do-chão, organiza-se uma sala de jogos e leitura para crianças em idade escolar, para um lado, e, para o outro, uma sala de estar para a 3ª idade “equipada com 40 cadeiras, dispostas em grupos de 4 ou 6 em redor de mesas, e 10 sofás junto ao recanto da lareira (…) criado para para reforçar o ambiente confortável e acolhedor que se pretende criar”. No primeiro piso, projeta-se uma sala para crianças até aos 5 anos, com 21 camas, assim como instalações sanitárias, arrecadação e copa de leites.

Em termos construtivos, salienta-se também o contraste entre os dois volumes do edifício: “por um lado a tradicional alvenaria de tijolo coberta por telhado bem definido, por outro o volume concebido como um todo, plástico, moldável, em betão em que não existe separação óbvia entre paredes e cobertura”.

O orçamento estima-se em 17.800.000$00.

A memória e as peças desenhadas são assinadas por João Fernando Martinez e M. Carmo Marques Costa.

1987.12.14 - Ofício da presidente da Junta de Freguesia de Bemposta, Irene Marques Aparício, no qual solicita à Câmara Municipal de Abrantes (CMA) que aprove o “projeto-base para construção e instalação dum Centro Cultural em Bemposta (Ludoteca e Centro de Convívio para a 3ª Idade).

1988.01.20 - A presidente da Junta de Freguesia de Bemposta volta a solicitar a aprovação do projeto pela CMA.

1988.01.28 - Apreciação do anteprojeto pelo arquiteto Ricardo Martins, dos Serviços Técnicos (ST) da CMA. Considera-se a arquitetura “estranha, própria de outras eras e lugares, a qual irá ter um impacto no local onde se irá inserir”. Refere-se a ausência de um espaço livre de logradouro, que se julga necessário, e ainda que o tipo de arquitetura escolhido torna a obra bastante onerosa.

1988.02.11 - Ofício do presidente da CMA, José dos Santos de Jesus, com o qual remete o parecer à Junta de Freguesia de Bemposta.