Auditório Municipal da CovilhãSede do Jornal Notícias da CovilhãObra da Ação Católica, CovilhãCentro Cultural e Social da Covilhã
Em 1958, os arquitetos Carlos Manuel Oliveira Ramos e João M. Leite apresentaram Anteprojeto de Arquitetura para a construção da Obra da Ação Católica da Covilhã, acompanhado de estimativa orçamental e Memória Descritiva e Justificativa, em que se lê:
"A complexidade do programa, aliada ao elevado significado social a que se destina, levou-nos a considerar o todo da construção teoricamente subdividido em três partes distintas, embora interligadas: 1º Zona operária e comercial, destinada a trabalhos de tipografia e impressão assim como a exposição e venda de artigos de caráter literário. 2º- Zona destinada à organização e promoção de retiros espirituais 3º - Zona cultural e recreativa, constituída por uma sala de espetáculos e jogos onde mercê de criteriosa escolha de programa e superior orientação, se possa facilitar especialmente à juventude, normas, conceitos e cultura, em ambiente de franca sanidade moral." Do conjunto faziam parte uma "Capela com entrada por um átrio privativo", uma "pequena biblioteca" e um "grande refeitório, que abre para um amplo terraço a Nascente", secretariados, instalações sanitárias, além de "camaratas e quartos particulares destinados ao funcionamento de retiros de internato", dotados de pequenos terraços privativos a Nascente ou de acessos para um terraço coletivo, a Poente. Para a Rua do Castelo situava-se a sala de espetáculos para 450 lugares, "ocupando uma frente aproximadamente igual a 26 metros" e serviria especialmente a conferências e eventualmente projeção de filmes, para os quais previa-se um "écran para cinemascopio".
O projeto de estabilidades e águas ficou a cargo dos engenheiros Luís Filipe Ranito Catalão e Carlos Alberto Vasconcelos de Campos.
Em Setembro de 1961, a Diocese da Guarda solicitou um subsídio à Fundação Calouste Gulbenkian "para ajudar a construção do Centro Social e Cultural, obra orçada em 4.000 contos". Em Junho de 1963 a FCG concede um subsídio de 350.000$00 "destinado a auxiliar a construção do referido centro" que "destina-se a centro social e cultural, a centro de informação (...) e, a retiro para sacerdotes (terá 50 quartos graças ao aproveitamento do sótão, capela, cozinha e refeitório)" e encontrava-se "já em estado adiantado de construção". Faltava "concluir os acabamentos interiores dos dois últimos andares e construir o salão-cinema-teatro que terá lotação cerca de 500 pessoas".
Também em 1963, o Ministro das Obras Públicas concedeu à Direcção do Centro Cultural e Social da Covilhã uma comparticipação de Esc: 766.000 pelo Fundo de Desemprego, destinada à obra, reforçada em 1966.
Notas
Em data incerta, instalou-se no edifício o semanário católico Notícias da Covilhã, fundado em 1913 e publicado pela Diocese da Guarda. A sala de espetáculos foi profundamente intervencionada na última década e hoje (2023) abriga o Auditório Municipal da Covilhã.
Através de uma retórica marcadamente assente na construção e em seus elementos, os arquitetos apresentam na Memória Descritiva e Justificativa as opções estéticas que orientaram o projeto:
"Esteticamente a solução baseia-se na planta, nos elementos construtivos adotados e na finalidade das diferentes peças da edificação. Sobre a Rua de Santa Maria abrem-se amplos vãos só interrompidos na zona da Capela, que possuirá uma iluminação adequada ao lado do altar. Toda a fachada deixará adivinhar os pilares da estrutura que forrados a granito polido as interrompem do lado da capela para deixar viver um grande paramento completamente liso. No lado nascente, além do grande terraço que possuirá placas de betão translúcido para iluminação da zona da tipografia e seus anexos, desenvolvem-se nos restantes pisos varandas corridas interrompidas unicamente por elementos verticais de betão, que estabelecem a separação entre quartos. O alçado da sala de espetáculos será uma resultante exata do seu espaço interior. Um pequeno balanço marcará o prolongamento da laje da platéia e fará por assim dizer a transição entre a parte superior do edifício em que aparece com sinceridade a estrutura e a parte inferior do mesmo, constituída por um soco de pedra da região que liga a entrada principal (um grande vão separado do interior por um envidraçado) com a entrada secundária aberta num apainelado de madeira que uma pala protege."
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Localização
Estado e Utilização
A documentação localizada nos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian foi recolhida e sistematizada por Rita Fernandes em 2022.
A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em Setembro de 2023, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabalho:
Arquitectura Aqui (2024) Auditório Municipal da Covilhã. Acedido em 23/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/obras/17893/auditorio-municipal-da-covilha