O conjunto habitacional localizado junto à Rua de São João Operário, em Rossio ao Sul do Tejo, foi construído em diferentes fases, entre 1960 e o início da década de 1980. A primeira fase foi iniciada em 1960, com terreno selecionado pela Câmara Municipal de Abrantes, projeto elaborado pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, e promoção da Direção-Geral da Previdência e Habitações Económicas, sendo destinado aos beneficiários de algumas Caixas de Previdência. Esta fase encontrava-se em conclusão em junho de 1963, quando foi elaborado, nos serviços técnicos da Câmara Municipal de Abrantes, o projeto de urbanização do conjunto.

Em fevereiro de 1970, após pedido pela Câmara Municipal para intervenção no concelho, a então recém-criada Fundação Salazar solicitava à Câmara que fornecesse o máximo de dados quantitativos sobre a região, que permitissem “definir as carências habitacionais dos vários estratos económico-sociais, conhecer as percentagens dos diferentes tipos de agregados familiares”, assim como os rendimentos médios de cada estrato. Requeria-se também informação sobre terrenos disponíveis, incluindo localização “(relacionada com os meios de transporte, áreas de oferta de emprego, apoios sociais - Igreja, escola, etc.)”, planta topográfica, urbanização e valor estimado. Informava-se que a Fundação considerava “importante que as famílias beneficiadas continuem a ser apoiadas e socialmente promovidas”, para o que consideram essencial a existência próxima de entidades tais como a “Instituição Assistencial à Família, Conferências de S. Vicente de Paulo, etc.”, assim como a criação de infraestruturas urbanas que servissem os novos núcleos habitacionais.

Em outubro do mesmo ano, a Câmara Municipal indicou dois terrenos para a construção de dois blocos habitacionais, sendo um em Vale de Rãs, com 10 fogos, e outro em Rossio ao Sul do Tejo, com 16. Em resposta, a Fundação Salazar solicitou que a Câmara elaborasse o programa, a ser “estabelecido em função das realidades locais”, e que remetesse também informação que facilitasse “a implantação das casas; ruas existentes ou projetadas; construções existentes ou projetadas”, os condicionamentos a respeitar, os endereços de empreiteiros locais e outros, e ainda características locais importantes (“Clima; materiais aconselháveis e desaconselháveis; costumes e hábitos tradicionais a respeitar, etc.”).

A obra foi adjudicada à Construtora Abrantina Lda. em outubro de 1971. Em janeiro de 1974 o bloco de Rossio ao Sul do Tejo encontrava-se concluído, setando já ocupados alguns dos seus andares.

A terceira fase teve o seu início em 1975, por iniciativa do Fundo de Fomento da Habitação. Previa a construção de 18 moradias geminadas, T3, semelhantes às construídas durante a década de 1960 e, em fase posterior, de 32 fogos em 2 blocos. Os blocos não chegaram a ser construídos e, devido à demora na aquisição do terreno pela Câmara Municipal e ao consequente aumento dos custos com a construção. Só em janeiro de 1979 foi o terreno declarado de utilidade pública por despacho do Ministro das Obras Públicas. Desconhece-se a data de conclusão da construção das 18 novas moradias, que se encontrariam concluídas em maio de 1982, quando o Fundo de Fomento de Habitação considerava a sua alienação.

A Câmara Municipal de Abrantes solicitou, ao tomar conhecimento da intenção de venda, que fossem “salvaguardados os interesses deste Município, que suportou todos os encargos com a formação das infraestruturas e com grande parte do terreno ocupado”. Em 1996, o bloco promovido pela Fundação Salazar passou a pertencer à Câmara Municipal, no seguimento da extinção da instituição, de acordo com o estabelecido no decreto-lei n.º 295/78 de 26 de setembro e na lei n.º 12/79 de 7 de abril.

Para mais detalhes, consultar a secção Momentos-chave, abaixo.