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Nota de visita aos equipamentos de Assistência Social nas "Jornadas Europeias do Património", Covilhã

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Nota de visita aos equipamentos de Assistência Social nas "Jornadas Europeias do Património", Covilhã

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Registo da Observação ou Conversação

Passeio sobre Assistência Social realizado como parte das Jornadas Europeias do Património, atividade organizada em parceria com o Arquivo Municipal de Covilhã, a Biblioteca Municipal de Covilhã, a Santa Casa da Misericórdia de Covilhã e a iniciativa Arquitectura Aqui em setembro de 2023. Participaram neste passeio aproximadamente umas 12 pessoas. Segue-se uma nota de visita aos equipamentos observados acompanhada de algumas das informações partilhadas pelos participantes no passeio.

Em primeiro lugar, visitámos o Pavilhão-Sanatório Doutor Antonino Vaz de Macedo, depois as instalações do hospital e, por último, a cozinha económica.

Pavilhão-Sanatório Doutor Antonino Vaz de Macedo

Este edifício funcionou como pavilhão sanatório durante aproximadamente duas décadas. Depois funcionou como centro de saúde mental.

O pavilhão está situado num terreno cercado. Entramos por um portão que dá para a rua e seguimos um caminho até o edifício. Durante a visita ao pavilhão, é possível ver a dimensão notável do edifício, que revela-se por detrás da vegetação e do arvoredo que o rodeia.

É um edifício majestoso e harmonioso, que está devoluto. Apresenta alguns danos, tais como fissuras ou deterioração dos materiais. No entanto, estruturalmente, parece ser sólido e estar em relativamente bom estado.

Ao chegar observamos uma galeria com arcos e uma entrada para o edifício, no interior da qual podemos ver vitrais decorativos de grande qualidade e beleza. Subimos ao primeiro andar, onde vemos várias salas e uma grande varanda, que era uma zona usada para os doentes tuberculosos puderem estar ao ar livre e respirar aire puro.

Um participante do passeio diz que no passado os hospitais não dispunham de instalações próprias para doenças infeciosas. A maior parte das pessoas que tinham tuberculose, ficavam em casa e continuavam a espalhar a doença, porque a entrada nos sanatórios era muito difícil e cara. Então os pavilhões funcionavam como centros para tentar conter a propagação da tuberculose e foram muito importante na altura.

Hospital

Desde a varanda do pavilhão-sanatório é possível contemplar os diferentes períodos de construção do hospital em diferentes zonas. Também é possível ver um acrescento a partir de um edifício mais antigo, que é o edifício onde atualmente estão os serviços administrativos.

Paramos em frente da zona do antigo hospital, hoje demolido. Várias pessoas lembram-se de subir uma rampa muito inclinada, que estava depois de entrar numa sala de espera pequena. No exterior, muito perto do edifício onde hoje são os serviços administrativos, aí paravam as ambulâncias, e depois saíam. Os utilizadores (especialmente pessoas idosas ou doentes em cadeiras de rodas) sentiam grande risco ao utilizar a rampa, devido à sua inclinação. Um participante do passeio brinca dizendo que: “aquela rampa é monumento nacional”. A rampa já não existe porque o edifício foi demolido.

O edifício onde hoje são os serviços administrativos tem sido adaptado parcialmente, mantém bastante semelhanças com o seu aspeto anterior. No entanto, alguns elementos, como as escadas, foram mudados levemente. Um participante do passeio aponta que as escadas eram de um desenho diferente: “acho que era mais bem redondo”. Um outro participante confirma esta observação: “sim, era mais aberto”.

Um participante do passeio [de 40 anos de idade aproximadamente], ao observar as escadas lembra-se de um concerto: “eu lembro-me que nós cantávamos aqui [os músicos nas escadas e as pessoas em baixo], estava tudo aberto e as pessoas ouviam”.

Lar da Santa Casa da Misericórdia

Uma parte de frente do hospital foi demolida para se construir o lar.

Cozinha Económica

O edifício da cozinha económica situa-se na parte inferior dos terrenos - separados por uma rua- que conformam o conjunto dos equipamentos da Santa Casa da Misericórdia. Este edifício tem duas utilizações diferentes. Do lado da entrada, podemos ver uma porta onde se encontra uma placa referente à Conferência de São Vicente de Paulo. Esta parte do edifício albergava o que foi conhecido como a "sopa dos pobres", criada com o objetivo de fornecer alimentos gratuitos as pessoas mais desfavorecidas. Por detrás deste edifício situava-se o infantário.

Um participante salienta que quando foi criada a cozinha económica, esta não estava no lugar onde está o atual edifício.

Alguns dos participantes conhecem indiretamente a cozinha económica. Por exemplo, uma participante lembra-se de que algumas pessoas, como um familiar dela, alugavam as panelas grandes e os tachos da cozinha económica, para eventos como casamentos. “As pessoas não tinham aqueles panelões e as bodas eram feitas em casa”. Esta pessoa diz que ainda era chamada “a cozinha económica”, mas não se lembra bem das valências que tinha na altura.

Infantário 1

O exterior do edifício parece estar em bom estado. Um participante do passeio diz que deixaram de trabalhar lá há relativamente pouco tempo [poucos anos]. “Eu ainda me lembro de isto ser utilizado”.

Uma outra participante foi professora e deu aulas às educadoras. Diz que não se lembra bem, mas como infantário, ele encerrou em setembro de 2014.

Segundo uma outra participante, se usava a piscina. Também diz: “isto era lindo, era tudo em movimento, e tinham as salas bem equipadas […] no recreio, eles [as crianças] estavam a jogar aqui e na piscina também”.

De acordo com uma pessoa que participa no passeio, quando funcionava como escola infantil já não funcionava a cozinha económica. Não havia qualquer interação entre os utentes da cozinha económica e as crianças do infantário, porque o edifico funcionava apenas como infantário, então só havia crianças.

Uma outra participante do passeio não se lembra bem se o infantário e a cozinha funcionaram paralelamente durante um tempo curto. Parece que a valência da cozinha económica que perdurou no tempo do infantário era só o serviço que emprestavam as panelas grandes e os tachos para eventos sociais.

Esta nota de observação foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base na visita coletiva realizada como parte das Jornadas Europeias do Patrimonio na Covilhã (2023).

Para citar este trabalho:

Arquitectura Aqui (2024) Nota de visita aos equipamentos de Assistência Social nas "Jornadas Europeias do Património", Covilhã. Acedido em 21/11/2024, em https://arquitecturaaqui.eu/documentacao/notas-de-observacao-ou-conversacao/43507/nota-de-visita-aos-equipamentos-de-assistencia-social-nas-jornadas-europeias-do-patrimonio-covilha

Este trabalho foi financiado pelo European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) e por fundos nacionais portugueses através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).