Collective-Use Facilities in
Portugal and Spain 1939-1985

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Mercado Municipal, Lamego

O Mercado Municipal de Lamego, que entrou em funcionamento apenas no início da década de 1980, já se encontrava em estudo em 1963, altura em que o Ministro das Obras Públicas, após visita à cidade, questionava a sua localização junto à Igreja de S. Francisco. No entanto, foi para esse local que o arquiteto Alberto Cruz elaborou o anteprojeto que apresentou à Câmara Municipal em junho de 1965. Nos meses seguintes, o anteprojeto recebeu pareceres negativos tanto pela parte do arquiteto urbanista António de Brito e Cunha, autor do Plano Geral de Urbanização de Lamego, como pela parte da Comissão de Melhoramentos local. O primeiro considerava que a composição proposta não era aceitável do ponto de vista urbanístico e, referindo que a cidade de Lamego merecia que este edifício fosse “estudado tendo em conta o passado arquitetónico dos seus edifícios públicos”, indicava que deveria ser revista a implantação dos diversos corpos projetados. A segunda apontou que o edifício projetado prejudicaria a visibilidade da fachada lateral da igreja, notando ainda que a fachada principal deveria “ser levantada por forma a ser enriquecida”.

O anteprojeto revisto, apresentado pelo arquiteto em junho de 1966, mereceu apreciações favoráveis das entidades competentes e a aprovação pelo Ministro das Obras Públicas, assim como a comparticipação da obra pelo Estado. No entanto, no início de 1968, a Câmara Municipal desistiu da obra, por ser ainda demasiado elevado o valor que teria de comportar.

O processo foi retomado pela Câmara em 1973, tendo sido rapidamente comparticipado e adjudicado a Celestino Barata Martins. Em outubro de 1974, o adjudicatário da obra realizava já trabalhos de regularização do terreno. No entanto, no final do ano, um ofício da Câmara Municipal expunha a desadequação do projeto elaborado quase uma década antes à evolução que se verificou na cidade de Lamego. Face ao crescimento da população e do espaço urbano, a Câmara considerava que seria “mais aconselhável um atraso na realização da obra do que a mesma não vir a satisfazer as imperiosas necessidades da cidade de Lamego, tanto no aspeto funcional como no estético.” Assim, o novo projeto, elaborado pelo mesmo arquiteto, previa uma área mais ampla, mais espaços de venda e a criação de lojas que abririam para a via pública.

Os trabalhos foram finalmente iniciados em novembro de 1976. No entanto, no início de 1980, a Câmara Municipal de Lamego deliberou rescindir o contrato de empreitada da obra, por não cumprimento por parte do empreiteiro do prazo contratual. Desconhece-se a data exata de conclusão da obra. De acordo com um testemunho recolhido no local, o mercado terá entrado em funcionamento no início da mesma década.

   

Para mais detalhes, consultar a secção Momentos-chave, abaixo.

Para o registo pormenorizado dos testemunhos recolhidos sobre a experiência e memórias de uso deste edifício, consultar a secção Documentação, abaixo.

If you have any recollection or information related to this record, please send us your contribution.

Analysis

Conclusion Date
c. 1980
Importance, Particularities, Singularities and Relative Position (Geography and Chronology)

O Mercado Municipal de Lamego é contextualizado na obra do seu arquiteto no capítulo de Ricardo Costa Agarez no livro Alberto Cruz, de 2024. O autor salienta a forma como:

“em Vila Real e Lamego, a conjugação de circunstâncias urbanas e topográficas particulares com as condicionantes económicas de comunidades de recursos limitados originou uma arquitetura em que o regionalismo modernista de Alberto Cruz se confrontou com a realidade do interior do País na segunda metade do século passado. Soluções dispares para problemas específicos configuraram propostas em que a funcionalidade de instalações de intenso uso quotidiano e o carácter eminentemente utilitário foram envolvidos por preocupações com a integração, o contextualismo e a evocação da forma e técnica construtiva tradicional. Bem enquadrado no momento histórico, o arquiteto perseguiu nestes dois edifícios, modestos e despretensiosos, a sua abordagem modernista à essência da construção corrente, concretizada com uma materialidade inteiramente atual."

Combined Analysis of Form, Function and Relation to Context

O edifício do Mercado Municipal de Lamego situa-se no centro da cidade, abrindo para o seu principal eixo noroeste-sudeste - a Avenida 5 de Outubro - e próximo da avenida principal do aglomerado urbano - a Avenida Visconde Guedes Teixeira. O seu programa organiza-se em três pisos. Originalmente, no primeiro localizavam-se talhos, bancas para a venda de peixe, espaços comerciais com acesso pelo exterior do mercado, venda de gelo, gabinetes para veterinário, fiscal e análises de leite, e ainda espaços dedicados para amanho de peixe e matança de criação, e para câmaras frigoríficas para carne, peixe e legumes. No segundo piso, situavam-se bancas de vendas de cereais, legumes e frutas. O terceiro piso, junto ao Convento e Irgeja de S. Francisco, é composto por uma área edificada menor - originalmente pensada para a instalação de um restaurante - e um amplo espaço exterior, que seria utilizado para venda de flores.

Key moments (click below for details)

Activities

Location

Community
Location
Address
Avenida 5 de Outubro
Former Distrito (PT)
ViseuFormer Distrito (PT)
Context
InteriorContext
UrbanoContext

Status & Uses

Original Use
Status
ConstruídoStatus of Work

Documentation

Records & Readings 2

A informação constante desta página é fruto do trabalho de Catarina Ruivo, realizado ao longo de 2025, e foi reunida através de fontes documentais e bibliográficas. Conta ainda com o precioso contributo de Fátima, comerciante no Mercado Municipal de Lamego, a quem muito agradecemos.

To quote this work:

Catarina Ruivo for Arquitectura Aqui (2025) Mercado Municipal, Lamego. Accessed on 16/12/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/buildings-ensembles/62004/mercado-municipal-lamego

This work has received funding from the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement No. 949686 - ReARQ.IB) and from Portuguese national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., in the cadre of the research project ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).