Ante-projeto do Novo Edifício do Tribunal Judicial
Peças escritas e desenhadas de anteprojeto. Documentação em pasta castanha, com a indicação da data 1959, da entidade Câmara Municipal de Lamego, e com a designação: “Ante-projeto do novo edifício do Tribunal Judicial I”.
Identification
PT DGEMN:DSARH-005/123-0655/03 - "Palácio da Justiça de Lamego (Tribunal)
Analysis
1959.05.02 - Memória descritiva do anteprojeto do novo edifício do Tribunal Judicial, Conservatórias do Registo Civil e Predial e Secretaria Notarial, elaborado pelo arquiteto Januário Godinho (Porto).
Começa por se descrever a localização do edifício, no centro da cidade, junto ao Museu de Lamego, à igreja da Sé e outros edifícios importantes. Refere-se que a implantação de um novo edifício numa praça “perfeitamente definida quanto a forma e caráter” é difícil “também pela relação dos volumes que, neste caso, tendem a diminuir a importância do novo edifício”. Em particular, o Museu, “com as suas volumosas e monumentais fachadas, parece esmagar tudo quanto surja ao seu lado”.
Por esta razão, experimentaram-se sete soluções de implantação, “todas elas tendentes a estabelecer uma indispensável harmonia de conjunto e ao mesmo tempo dar remate natural a esta praça, demasiadamente esconsa e imprevista do lado Norte”. Experimentou-se uma solução com pátio, um com segunda praça, uma com praceta aberta, uma solução em U, uma em L, uma em bloco. Analisam-se as vantagens e problemas de cada solução e propõe-se a solução em bloco como a “forma de transição capaz de corresponder às exigências do sítio, sem contudo prejudicar ou forçar o bom funcionamento do programa de serviços a instalar”. Descreve-se o cuidado em afirmar o edifício face ao do Museu e a procura de uma boa exposição solar.
Quanto ao aspeto arquitetónico, descreve-se uma arquitetura “de feição neo-clássica, talvez a mais recomendável para ambiente já criado, posto que se não pretende fazer cópia ou caricatura das formas consagradas que vestem a melhor praça de Lamego”. A entrada é marcada por um pórtico avançado, conferindo dignidade ao edifício e interrompendo a repetição de fachadas planas que circundam a praça.
O programa organiza-se em quatro pisos. Na cave, instalam-se duas celas, uma dependência para a caldeira de aquecimento central, um para reservatórios de combustível, outra para objetos de limpeza, e entrada de serviço. No rés-do-chão organizam-se os espaços da secretaria notarial, das conservatórias dos registos civil e predial. O primeiro piso integra a sala de audiências, biblioteca, gabinete do juiz, gabinete do sub-delegado, gabinete do delegado do procurador da República, sala para instrução de processos, sala de exames médicos, sala para testemunhas e advogados, secretaria judicial. No segundo piso localiza-se o arquivo geral do tribunal.
Quanto ao aspeto construtivo, utiliza-se um tipo de construção adotado noutros tribunais, com estrutura de betão armado, paredes exteriores de cantaria lavrada, paredes interiores de tijolo e “madeiras do Ultramar” aparentes nas portas e guarnições.
O orçamento estima-se em 3.732.935$00.
To quote this work:
Catarina Ruivo for Arquitectura Aqui (2025) Ante-projeto do Novo Edifício do Tribunal Judicial. Accessed on 03/09/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/files/64651/ante-projeto-do-novo-edificio-do-tribunal-judicial