Testemunho de José Filipe Murteira dos Santos, Beja
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Conversa com José Filipe Murteira dos Santos, em maio de 2024, mantida com os investigadores Ricardo Costa Agarez e Joana Nunes, no seguimento da atividade "Arquitectura Aqui em Beja: Equipamentos de Utilização Coletiva na Comunidade".
Casa da Cultura, Beja
A Casa da Cultura tem tido uma atividade constante. Ao longo dos anos foi tendo várias utilizações. Funcionou lá, por exemplo, a escola Bento Jesus Caraça (Escola Profissional). Quando se instalou em Beja, aproximadamente na década de 80, não tinha instalações, então funcionou lá. Quando o entrevistado começou a trabalhar na Câmara Municipal [1996] ainda funcionava, na Casa da Cultura, o Conservatório Regional. Também funcionaram e funcionam várias instituições e, entretanto, foi instalada bedeteca, que trouxe muita dinâmica ao funcionamento da Casa da Cultura, por exemplo com o festival de Banda Desenhada.
Até 1997, a programação da Casa da Cultura era pontual; a partir deste ano, o entrevistado criou um programa regular, o que aumentou a frequência de espetáculos, embora com alguns problemas, nomeadamente o frio e as condições acústicas do auditório. O programa chamava-se Bejarte e funcionou até 2005, quando reabriu, após obras de remodelação, o Teatro Pax Julia. Aconteciam, por norma, dois espetáculos por mês, e havia, também, espetáculos destinados à juventude, à terça-feira.
O espaço acolhia, e ainda acolhe, festivais de rock, festas dos infantários, de uma rádio local, reuniões de associações, espetáculos de outras entidades. Os ateliers funcionavam durante o ano à noite para adultos, e no verão durante o dia, sobretudo para crianças e jovens.
As mudanças dos últimos anos alteraram a dinâmica da Casa da Cultura em relação aos anos anteriores. Por exemplo, os ateliers já não existem à noite.
Piscina Municipal Descoberta, Beja
A piscina abre e abria, normalmente, em junho. Excepto uns anos, nos anos 80, em que a piscina não abriu, porque havia falta de água em Beja. A cidade era abastecida a partir de uma barragem que teve problemas, ficou vazia e durante alguns anos, quando não havia água, eram colocados fardos de palha no fundo da piscina para não estragar a construção.
Normalmente era feita manutenção regularmente, mas as grandes obras, foram feitas há três anos, com a obra dos balneários. Antes, em 2007 e 2008, o fundo da piscina foi mudado, de cimento para revestimento cerâmico, as caleiras foram modificadas, foi construído o novo tanque de compensação, e a piscina infantil mudou de local. Depois das últimas obras, funciona lá também um ginásio e um novo restaurante, cuja localização foi alterada. O conservatório também chegou a utilizar uma sala no piso superior, de acesso principal das piscinas.
Pavilhão Municipal João Serra Magalhães, Beja
João Serra Magalhães foi presidente do Clube de Patinagem de Beja.
Durante vários anos foi utilizado, durante o dia, pela escola Mário Beirão, de 2º e 3º ciclo. Os alunos vinham da escola, próxima ao pavilhão, ao fundo da rua Cidade de São Paulo, e tinham ali as aulas de Educação Física. Atualmente a escola já tem pavilhão próprio. Ao fim da tarde e noite, a atividade era, e ainda é, hoje em dia, dos clubes, praticando-se basquetebol, patinagem e hóquei em patins.
Era o único pavilhão desportivo em Beja, até ao início dos anos 2000, mesmo para as escolas; só as escolas secundárias tinham pavilhão.
Por volta de 2007/2008 foi modernizado; foi substituída a cobertura, o piso, foram instalados marcadores e cadeiras. Tinha apenas dois balneários, recentemente foram construídos mais dois. Houve ainda a ideia de a Câmara Municipal fazer obras, ampliando as bancadas, mas nunca chegou a acontecer.
Sede da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) e Arquivo Distrital de Beja
A biblioteca em Beja funcionou em vários locais, e no edifício onde hoje é o Arquivo Distrital, no tempo em que o entrevistado andava no liceu [anos 70], era a biblioteca municipal e também a biblioteca da Gulbenkian. Na parte da frente tinha a porta de entrada, do lado esquerdo era a sala de leitura e tinha várias salas no primeiro andar.
Terminal Rodoviário, Beja
A rodoviária tinha um grande movimento. No terminal circulavam três empresas, e estava dividido ao meio, por um muro, pelas duas empresas com maior fluxo, do lado esquerdo estava a EVA [Empresa de Viação do Algarve] – que fazia a ligação para o Algarve pela EN2, passando por Penedo Gordo, Santa Vitória, Ervidel, Aljustrel, Castro Verde, Almodôvar, e por outras, até Faro; do lado estava a [João Cândido] Belo, que fazia as viagens para Cacilhas, e depois da ponte [25 de Abril], para Lisboa.
Atualmente, quando entramos, do lado esquerdo estão as bilheteiras, o que não acontecia na formatação original do edifício, neste local era a sala de espera, e as bilheteiras em frente. Na sala de espera, na parede, havia um mapa pintado “muito bonito”, da zona Centro até ao Algarve, com as estradas e as rotas das empresas de transporte que ali operavam. Entretanto construíram uma parede “amovível”, não se sabendo se o mapa continua atrás da mesma, ou se foi pintado.
O bar da rodoviária, próximo à torre era, também, muito frequentado. Há alguns anos a estação foi pintada, e a cobertura substituída. As oficinas dos autocarros, que agora são no último terço do terminal, eram fora deste edifício, onde hoje existe uma loja CTT (Rua Diogo de Gouveia, 28).
To quote this work:
Arquitectura Aqui (2024) Testemunho de José Filipe Murteira dos Santos, Beja. Accessed on 31/10/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/notes-from-observation-or-conversation/49401/testemunho-de-jose-filipe-murteira-dos-santos-beja