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Figueiró dos Vinhos

Figueiró dos Vinhos é um município pertencente ao distrito de Leiria, situado na região Centro de Portugal. Este município é composto por quatro freguesias: Figueiró dos Vinhos e Bairradas; Aguda; Campelo e Arega. A sede do município de Figueiró dos Vinhos tem uma área de 173,44 km² e conta com 5.210 habitantes, no ano 2022 (dados do INE).

Situado na província histórica do Ribatejo, denominação que deixou de existir com a reorganização administrativa que sucedeu ao 25 de Abril de 1974, o concelho de Figueiró dos Vinhos situa-se em uma zona de transição característica daquela região. De acordo com o geógrafo Jorge Gaspar, em Monografia do Concelho de Figueiró dos Vinhos (2004), o concelho, situado entre as bacias hidrográficas do Tejo e do Douro, reúne elementos característicos do Norte e do Sul do país, alguns dos quais se perderam nas últimas décadas:

"Tal como em todo o país, também em Figueiró dos Vinhos o coberto vegetal tem vindo a sofrer alterações. Espécies outrora abundantes como as figueiras e as videiras, que deram origem ao topónimo da sede de concelho, são actualmente em número pouco significativo." (Gaspar, 2004, p.41)

Este carácter de zona de transição diz também respeito à demografia:

"O Concelho de Figueiró dos Vinhos, situado em plena sub-região do Pinhal Interior Norte, cuja imagem recente está relacionada com a vasta extensão de floresta de pinheiros, encontra-se numa área de transição entre a expansão e rejuvenescimento demográfico do litoral e o envelhecimento e despovoamento populacional do interior." (Gaspar, 2004, p.13)

Figueiró dos Vinhos é uma região montanhosa, atravessada por rios e vales, com vastas áreas florestais, principalmente de pinheiros e eucaliptos. Historicamente, as características do entorno natural de Figueiró dos Vinhos e o seu clima mediterrânico tornou o concelho atrativo para atividades de lazer ligadas à natureza, como os banhos em praias fluviais. Esta ligação com a natureza foi promovida desde inícios do seculo XX, com figuras de importância na localidade como o pintor José Malhoa e os seus coetâneos que começaram a promover este território desde uma visão bucólica do campo.

A paisagem natural e humana da Vila ganhou alguma projeção nacional através das pinturas do pintor José Malhôa, que estabeleceu ali uma residência de verão, o "Casulo de Malhôa", onde produziu boa parte da sua obra. 

Já durante a primeira metade do século XX, Figueiró dos Vinhos apostou no turismo como elemento dinamizador da economia local, apoiado na paisagem natural, especialmente ligadas ao Rio Zêzere e seus afluentes. Esta condição, aliada à implantação de alguns equipamentos urbanos e melhoramentos rurais durante os primórdios do Estado Novo, trouxe algum dinamismo para a Vila, que viu sua população crescer até os anos 1950, passando a declinar vertiginosamente a partir de então.

As atividades económicas tradicionais sofreram grandes mudanças ao longo do século XX. A produção agrícola, principalmente de cereais, olivais e vinhas, desempenhou um papel importante na economia local, mas ao longo do século XX entrou em declínio. A abundância e diversidade florestal (pinheiros e outras espécies) levou ao desenvolvimento da indústria madeireira, como serrações e resina. Embora as atividades florestais continuavam a ser relevantes na segunda metade do século XX, a escassez de oportunidades de trabalho levou muitos habitantes a emigrar a outros países de Europa, durante as décadas de 1960 e 1970. O abandono de terrenos agrícolas e florestais e a expansão do cultivo do eucalipto transformou as atividades produtivas ligadas à floresta, aumentando o risco de incêndios na região, como infelizmente aconteceu com resultados dramáticos no ano 2017, onde grandes áreas da região de Figueiró dos Vinhos foram devastadas.

Os incêndios florestais que devastaram a região nas primeiras décadas do século XXI, agravados pela substituição progressiva da floresta, primeiro pelo pinheiro e depois pelo eucalipto, já eram uma constante no século anterior, motivando a reconstrução de algumas povoações nos anos 1960 pelo Ministério das Obras Públicas, como a Aldeia de Vale do Rio.

Figueiró dos Vinhos também foi um núcleo comercial relevante em torno dos lanifícios. Existiam muitos armazéns de lã, que depois do 25 de abril foram nacionalizados. Por outra parte, a fábrica Sonuma, dedicada à recauchutagem de pneus, teve uma grande importância na economia local mais acabou por fechar. No entanto, recentemente o edifício da antiga fabrica foi reaproveitado para abrir um complexo empresarial que visa promover o emprego e inovação para os jovens.

Em uma notícia veiculada pela RTP em 1974 a propósito das comemorações do 1º de Maio, vêem-se diferentes edifícios públicos situados ao longo da atual Avenida José Malhoa como a Casa do Povo e a Casa da Criança, além da população local em festa, acompanhada da Filarmónica Figueiroense. Esta avenida concentra um número considerável de equipamentos de utilização colectiva construídos a partir de meados do século XX: o Tribunal Judicial de Figueiró dos Vinhos, a Escola Primária Masculina de Figueiró dos Vinhos, o Edifício da Segurança Social e Universidade Sénior, a Escola Secundária Municipal, o Arquivo da Câmara Municipal, e a  Sede da Filarmónica Figueiroense.

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Equipamiento de la comunidad

Edificios y Conjuntos 58

Ubicación

País
Ubicación
Distrito Histórico (PT)
LeiriaLugar

Análisis

Notas Adicionales

Depois do advento da Ditadura Nacional (1926), em função da mobilização dos políticos locais e da visibilidade associada à presença do pintor José Malhôa, que incorporou a paisagem e os tipos humanos de Figueiró dos Vinhos em suas obras, o concelho foi alçado à categoria de Estância Turística, no começo dos anos 1930. O estatuto conferiu-lhe alguns privilégios, alicerçando um desenvolvimento expressivo nos primórdios do Estado Novo. Um artigo de jornal datado de 1936, reproduzido no livro que reúne os relatórios de gestão de Manuel Simões Barreiros à frente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos entre 1932 e 1948, celebrava este desenvolvimento:

"Figueiró dos Vinhos é um símbolo da política e da administração do Estado Novo. A série de melhoramentos ali levados a cabo no espaço de nove ou dez anos representa uma conquista maravilhosa. Poder-se-á objectar que tudo quanto se tem feito se deve exclusivamente, pois, à capacidade transformadora e vivificadora do Estado Novo, que Salazar impulsionou. Em essência, é assim. Mas há terras que progrediram mais e outras que progrediram menos. Ora é indubitável que Figueiró está no primeiro caso, sobretudo levando-se em linha de conta que não se trata dum concelho rico pela indústria, pelo comércio ou pela agricultura." (Costa Brochado, 1936 in Barreiros, 1943, pp.181-182)

Documentación

Registros y Lecturas 6

A informação constante desta página é fruto do trabalho de Diego Inglez de Souza e de Ivonne Herrera Pineda, e foi reunida através de fontes documentais e bibliográficas e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher em Figueiró dos Vinhos.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Figueiró dos Vinhos. Accedido en 21/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/comunidades/1407/figueiro-dos-vinhos

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).