Construção do Mercado de Bragança
Não pertencendo o Mercado Municipal de Bragança ao conjunto de obras em estudo, este processo foi lido no sentido de contribuir para uma compreensão do enquadramento geral do desenvolvimento urbano e demográfico de Bragança. Este processo foi originalmente produzido pela Direção de Urbanização de Bragança e posteriormente integrado no Arquivo Municipal de Bragança.
Identificación
Análisis
Contém conjunto de fotografias do mercado antigo em funcionamento, tiradas em dias de sol, chuva e neve, durante o mês de fevereiro, enfatizando-se que as "actividades do Mercado e as feiras, em outras épocas do ano são extraordinariamente mais representativas - muito intensas -, uma autêntica "barafunda" pela dispersão de tendas e a sua distribuição heterogénea, dificuldades de acessos e estacionamentos, e ainda pela perturbação de grandes áreas da restante cidade".
1969.03.13 - Documento da DUB, assinado por Joaquim Duarte Carrilho, com análise global da cidade de Bragança.
Refere-se que Bragança "é uma pequena cidade de 8.000 habitantes (censo 1960), muito atrasada urbanisticamente falando, dado que as modernas técnicas não puderam ainda melhorar as suas precárias condições de habitabilidade, de aglomerado antigo, superlotado, com edificações encaixadas umas nas outras e sem logradouros ou estes muito reduzidos, constituindo na quase totalidade como que uma enorme "ilha"". Acrescenta-se ainda que "na periferia da cidade enxameiam as edificações clandestinas".
Reflete-se que em Bragança "ainda predomina muito a ideia de que o urbanismo é empírico e com soluções ditadas a sentimento, ou que sistematicamente "contraria os desígnios dos proprietários"".
O parecer cita Randle, René Sand e Barbancho numa defesa afincada do urbanismo.
Para a recuperação da cidade, refere que será preciso "limpar os pátios ou jardins antigos, de armazéns, oficinas, alpendres, etc. […] Nos casos em que as fachadas posteriores dos prédios delimitam autênticos "poços", convirá abrir clareiras para procurar "alargar a trama", com a interligação para outras áreas livres. Conseguem-se assim unidades de vizinhança mais vastas, dispondo de pátios convenientes". Considera ainda que será preciso reduzir a altura de alguns imóveis, suprimindo sótãos e "outras excrescências posteriormente realizadas". Será também necessário "reconstruir - preservar no possível, com restauros e conservação -, transformando e adaptando as edificações às necessidades da vida actual e, só em casos limitados, extremos (notadamente nas zonas periféricas), se terá de encarar a chamada renovação urbana (a política da terra rasa), com as suas implicâncias económicas e sociais".
Salienta-se que "Não será tarefa fácil […] Cada local, cada parcela, terá que ser objecto de estudo particular - terá a sua solução" e acrescenta-se que, como estas medidas reduzem a capacidade de ocupação da parte antiga da cidade, "a sua reestruturação estará ligada e condicionada à execução sucessiva de expansão urbana".
Na secção relativa às zonas verdes, referem-se os exemplos de reconstrução do pós-guerra na Europa, onde existem 40 a 60m2 de espaços verdes por habitante. Será esse o destino do "actual, anacrónico e acanhadíssimo mercado […], permitindo a urgente higienização de toda uma grande área daquela cidade.
Para a nova zona de expansão, o documento parte de uma citação de Teotónio Pereira: "que o crescimento das nossas cidades comece a ser arrancado, por um lado, das garras da especulação, e, por outro lado …. Critérios sãos …. Para um trabalho profissional sério".
Para citar este trabajo:
Arquitectura Aqui (2024) Construção do Mercado de Bragança. Accedido en 22/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/expedientes/10299/construcao-do-mercado-de-braganca