Casa do Povo de Sande, Distrito de Viseu
Conjunto de documentação textual referente a inspeções realizadas à Casa do Povo de Sande, em Lamego.
Identificación
Análisis
1950.05.31 - Relatório de Inspeção Ordinária à Casa do Povo de Sande, elaborado pelo subinspetor dos Organismos Corporativos (IOC) Armelim Nunes Tomás.
Indica-se a casa do Povo de Sande foi criada por alvará em 1936 e inaugurada no mesmo ano. A entidade não possui edifício próprio, encontrando-se instalada em condições “modestíssimas [que] não satisfazem o fim em vista”, já que se compõe de uma divisão dividida por biombos de madeira para formar três sub-espaços. Nomeadamente, não existe espaço para instalar o Posto Clínico com material recentemente adquirido. Considera-se de construir uma sede própria, existindo possibilidade de terreno para esse fim.
Refere-se que a Casa do Povo é bem aceite, mas não é visitada devido à inadequação das atuais instalações.
1957.05.14 - Relatório de inspeção ordinária, elaborado pelo subinspetor Alberto Dias Póvoas.
O Relatório começa por indicar que, embora a freguesia de Sande pertença ao concelho de Lamego, “os seus interesses económicos, porque são quase exclusivamente os que decorrem da produção de vinhos característicos da região demarcada do Douro, ligam-na fortemente à também vizinha vila de Peso da Régua”.
Considera-se que a Casa do Povo se encontra mal instalada, não tendo as atuais instalações espaço para as dependências necessárias para a ação que a entidade vem a realizar, incluindo posto médico, cursos de artesanato e de formação familiar e doméstica. Nota-se que os sócios não têm onde reunir e conviver, não sendo possível planear atividades culturais. O posto médico não tem a privacidade necessária. Os cursos de artesanato e formação doméstica funcionam sem as máquinas e materiais necessários, já que não existem espaço para os armazenar. Considera-se que a única solução para o problema é a construção de um edifício para a Casa do Povo, por não existirem casas devolutas na freguesia e a entidade já possuir um terreno e alguma da verba necessária.
No entanto, elogia-se o trabalho feito. Explica-se que o curso de artesanato constituiu “uma tentativa, coroada de êxito, para o restabelecimento da indústria caseira de fabrico de cobertores em lã e de roupas em linho”. Refere-se que tem atividade diária, tendo despertado tanto interesse na região que não é possível responder a todas as encomendas. Considera-se que a “formação das mulheres de amanhã tem sido objeto, na Casa do Povo de Sande, de um cuidado especial”. Recebem alunas de diversas idades: “uma prepara o próprio enxoval, outras aprendem a cozinhar e outras ainda ensaiam os primeiros pontos”.
Refere-se que “o meio ambiente só não pode dizer-se unanimemente favorável porque não devem ignorar-se as vozes discordantes dos contribuintes a quem custa ou não agrada pagar cotas”. Os dirigentes têm sido reconhecidos na freguesia pela atenção que dedicam às modalidades assistenciais e, em particular, aos casos de doença no domicílio.
Recomenda-se que a construção de uma sede seja incluída no próximo plano e que “sejam dirigidas palavras de estímulo aos dirigentes em exercício, com fundamento na dedicação que têm votado aos cargos que desempenham”.
1958.05.22 - Relatório de inspeção, elaborado pelo inspetor Victor Dias Guerreiro, após visita indicada pelo despacho do Ministro das Corporações, onde indicava ter dúvidas sobre a cedência de uma cozinha de pedra e cimento, coberta com telha tipo marselha, construída num terreno da Casa do Povo, “mediante autorização superior oportunamente concedida para o efeito”.
O edifício foi financiado por um benemérito que o ofereceu à Casa do Povo, e presta serviço a uma cantina escolar. A Casa do Povo pretende formalizar a relação entre a instituição e a cozinha, “definindo com precisão os direitos e obrigações de cada uma”. O mesmo benemérito ofereceu o terreno para a construção da escola primária da sede de freguesia de Sande e concedeu vários donativos para a cantina escolar. Após pedido de um dos professores da escola para que construísse uma cozinha para confeção da comida da cantina, ao qual acedeu, percebeu que não conseguiria implantá-la no recinto da própria escola. A Casa do Povo, “porque possuía mesmo junto à escola um terreno adquirido para construção da sua sede e para que não arrefecesse o entusiasmo do Snr. Comendador (…)” ofereceu uma parcela para o edifício, mantendo a área necessária para construção da sua sede.
A Casa do Povo pretende salvaguardar o seu direito de propriedade sobre as instalações e a possibilidade de se servir delas.
1970.12.30 - Relatório de inspeção, elaborado pelo inspetor Armelim Nunes Tomás, relativo ao período entre janeiro de 1966 e novembro de 1970.
Refere-se que a população associativa se tem mantido instável ao longo dos anos, atribuindo-se a diminuição de membros efetivos “ao êxodo do trabalhador rural para a indústria, nomeadamente para a construção e barragens hidroelétricas”.
Ao longo dos anos, a Casa do Povo recebeu verbas “da Casa do Douro para a compra de uma máquina de escrever; do Grémio dos Vinicultores de Lamego; da Junta de Ação Social para sessões de Leitura; do Comissariado do Desemprego para a construção da sede; da Comissão do Cortejo Etnográfico; da Federação das Caixas de Previdência e Abono de Família e Caixa de Previdência do Distrito de Viseu como comparticipação nas despesas de ação médico-social; do Fundo Nacional do Abono de Família para garantia aos sócios efetivos da Casa do povo e seus familiares, do chamado ‘esquema mínimo de previdência e assistência’ aprovado por despacho superior de 12 de Novembro de 1962; e da Caixa de Previdência do Distrito de Viseu para retribuição dos serviços prestados relativos ao ‘Abono de Família aos Rurais’”.
Indica-se que, no campo da previdência e assistência, a ação da Casa do Povo se limita ao cumprimento do esquema mínimo. Mantém-se o curso de Educação Familiar e realiza uma sessão de cinema semanal. Está ao dispor dos sócios um aparelho de radiotelevisão.
A Casa do Povo possui Sede própria, construída recentemente.
Para citar este trabajo:
Catarina Ruivo para Arquitectura Aqui (2025) Casa do Povo de Sande, Distrito de Viseu. Accedido en 03/09/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/expedientes/61023/casa-do-povo-de-sande-distrito-de-viseu