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Testemunhos no Encontro Cumbersas ne l Arquibo: Arquitetura Aqui em Miranda do Douro

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Testemunhos no Encontro Cumbersas ne l Arquibo: Arquitetura Aqui em Miranda do Douro

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Registro de la Observación o Conversación

Atividade pública realizada no Arquivo Municipal de Miranda do Douro, como parte das Cumbersas ne l Arquibo, em junho de 2023. Atividade organizada em parceria com o Arquivo Municipal de Miranda do Douro e a iniciativa Arquitectura Aqui, e facilitada pelas investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo.

Bairro Verde - Piscina

Manuela Ruivo: "Abriu perspetivas de novas práticas de desporto para algumas pessoas de Miranda. Ainda nao era uma coisa generalizada. Foi assim que começou. Com as barragens, efetivamente havia algumas infraestruturas que eram só para os barragistas, digamos."

FM "E nem era para todos"

Manuela Ruivo: "Sim, inicialmente não era para todos. Sei que em Picote era só para os quadros superiores e famílias, depois passou a ser para os restantes".

JL "Houve uma evolução, hoje é para os quadros superiores superiores"

Manuela Ruivo: "Depois passou a ser para todos os funcionários da EDP, já da EDP. Entretanto as barragens deixaram de ter de ter funcionários lá. Agora é só para quem pode utilizar. É uma coisa que é absolutamente incompreensivel para quem lá viveu. Porque aquilo permitia uma convivência entre toda a gente, passou a ser só para quem pode utilizar a estalagem. Que são só os quadros superiores superiores que têm autorização. Portanto, a população do Barrocal, por exemplo, que mora lá neste momento, não pode aceder à piscina. Há muitas evoluções. Entretanto Miranda arranjou uma piscina municipal".

- Ivonne Herrera: Qual era a perceção das pessoas que não podiam aceder?

- Vereador Vítor Bernardo: "Iamos para um lago artifical que se chama pinhal. Tinha de ir aprender por sua conta e risco. Mas nós também não deixavamos os barragistas ir para o pinhal"

Vereador Vítor Bernardo: "Os barragistas e os filhos dos barragistas que iam à piscina, e a gente da Terronha e da cidade não podia. Ficávamos todos na rede, não é? [o público ri] Ficávamos lá todos a espreitarem, talvez se nos deixassem ir, de vez em quando saltávamos, como é evidente”.

Hospital

Manuela Ruivo: “Em Miranda a HED fez edifícios que eram para ficar, não é? Que foi o hospital, algumas coisas que fizeram para ficar. (Em Barrocal nada era para ficar(…). As estruturas de apoio às barragens são muitas vezes estruturas perenes, que depois deixam de existir. (…) Miranda ficou com edifícios que foram construídos por causa da barragem digamos, e pela empresa, mas que foram de utilidade imediata para toda a cidade também, e que ficaram”.

Manuela Ruivo: “Miranda era muito longe, não tinha grande coisa. A empresa tentou criar algumas aliciantes e algumas condições. (…) Esse tipo de estruturas foram criadas para as pessoas virem para cá.”

Vereador Vítor Bernardo: “Quando foi feito o hospital, foi na década de 60, seguramente, não havia Serviço Nacional de Saúde. O Serviço Nacional de Saúde é de 76. E era de acesso público, eu lembro-me de ser de acesso público. O Hospital, os médicos, até cirurgiões, médicos de obstetrícia, de quase tudo um pouco”.

AM: “O Hospital de Miranda era a melhor coisa que havia no distrito no âmbito da saúde. E houve uma guerra tremenda, muita gente daqui deve saber. Houve uma guerra tremenda entre Miranda e Bragança por causa do Hospital. Porque a Hidouro [promoveu?] este hospital. Ajudou, precisamente para atender aos trabalhadores que estavam aqui, eram muitos durante aquele tempo. Eu recordo-me de estar na 4ª classe, 52, 53, 54 - os feridos digamos, os acidentados, caiam-lhes umas pedras em cima das pernas e eram esmagados etc etc, e ambulâncias de picote - havia lá ambulâncias, de picote para o Porto.”

Catarina Ruivo: “Massa de trabalhadores que existia em Miranda e o perigo do trabalho na Barragem”.

Catarina Ruivo: o centro saúde quando foi criado também era um programa muito novo - cuidados de saúde primários.

AM: “Até se construir o Hospital Distrital de Bragança, Miranda tinha o melhor hospital de todo o distrito. E houve uma guerra tremenda, porque havia aqui alguém que era partidário dos médicos - que fazia congluio com os médicos de Bragança, que só eram 2 ou 3. Mas havia 2 que tinham lugar mais avançado. Eu tenho de recordar isto tudo, porque recebi do meu tio e sei o que ele passou naquela altura como provedor da Misericórdia.” (…) “Aqui, isto foi em 62, aqui o hospital já tinha todos os fs e rs, tinha raio-x, (…) radioscopia (…) Aqui tinha tudo, praticamente. E mais, Miranda converteu-se no centro onde vinha gente de todo o distrito fazer operações, ter consultas médicas, etc. Etc, porque havia aqui uma data de médicos que a Hidouro colocou aqui (…). Neste Hospital (…) também houve gente de muita categoria no campo médico. O Costa Santos, por exemplo, veio de propósito por causa das doenças dos pulmões, das silicoses, etc etc, que se apanhavam aqui.”

AM: O hospital foi construído em terrenos da Misericórdia, que foram cedidos a Hidro-eléctrica do Douro. “Era a Hidroeléctrica do Douro que pagava uma renda à Misericórdia pelo espaço. Por isso é que depois o hospital -aliás o centro de saúde- depois o património é da Misericórdia”.

Manuela Ruivo: "E entretanto, de facto foram feitos esforços, por quem trabalhava no hospital para arranjar uma incubadora. Foi para uma grande guerra para arranjar uma incubadora. A incubadora veio, mas foi entregue em Bragança e não em Miranda. (…) E aí, o pessoal soube que a incubadora estava mas estava em Bragança. Uma das pessoas era a minha mãe, outra pessoa era a Dona Micó, se calhar alguns conheceram. E aí a Dona Micó (...) ela foi para Bragança, e foi lá buscá-la. Trouxe o carro, foi a Bragança".

Lar de Terceira Idade

Vereador Vítor Bernardo:  "como é que foi possível fazer uma coisa daquelas ali? a definição da zona não aedificandi foi em 1957, como foi possível fazer-se aquilo na década de 70? mas há impossíveis que se tornam possíveis".

Manuela Ruivo: "Recordo-me da altura de conversas e li alguns textos do meu pai que vão referindo isso, da luta imensa que foi, de facto, com os Monumentos Nacionais, por causa da construção do Lar de Terceira Idade. De facto a cidade queria o Lar de Terceira Idade. E as entidades de Lisboa, como o meu pai escrevia, não queriam deixar fazer o Lar de Terceira idade. Não sei como é que ganharam a guerra e fizeram o edifício."

AM "Na altura fez-se acreditar que o Lar de Terceira Idade de Miranda do Douro era um hotel de 5 estrelas. Hoje, não lhe digo nada".

Vereador Vítor Bernardo: "Fomos todos para a inauguração! (…) Toda a gente aqui da Terronha foi para a inauguração do lar! (…) Não tínhamos visto coisa semelhante".

CTT

Antigo edifício na rua que vai da praça do município até ao largo da sé.

AM: “Se há alguma coisa que se fez mal, foi a destruição desta casa. Se há alguma coisa que fica mal dentro da cidade de Miranda é o edifício dos Correios. O edifício dos Correios não devia ser assim de maneira nenhuma. Devia ter preservado o edifício antigo. Porquê? Porque quebrou completamente o ambiente artístico e urbanístico do tempo.”

AM: “Era um edifício do século XVI, um edifício monumental, e depois deitaram-no abaixo e fizeram aquele lindo mamarracho dos correios. Extraordinariamente mal.”

JL: “Há um processo em tribunal - do Dr. Neto”.

AN: “Só aproveitaram as pedras das fachadas”.

AM: “O novo tribunal não está muito desenquadrado do ambiente que o envolve. Mas os Correios, aquele pombal”.

Os Patrícios- Edifício de Habitação Coletiva na Rua Abade de Baçal

AN: “Em cada década há um edifício que marca o centro histórico. Primeiro o edifício do Tribunal, na década de 60, na mesma rua, na década de 70 os patrícios, também referenciado aqui, e na década de 80 este edifício [os CTT]”.

Bairro verde- Auditório

Vereador Vítor Bernardo: "É municipal e era o cinema, atualmente é um mini auditório, que é o único auditório que funciona".

Vereador Vítor Bernardo: “Na verdade era aberto ao público. Pagava-se, pagava-se. Mas era aberto ao público” .

Bairro verde- Escola

Vereador Vítor Bernardo: "A hidroelétrica do Douro trouxe muita coisa para a Miranda […] trouxe muito desenvolvimento e muito trabalho para esta gente. E trouxe também, eu lembro de andar na escola do Bairro Verde na primeira e na segunda classe, nós tínhamos aquecimento, aquecimento numa escola em 1975, aquecimento! Nas aldeias também tinham, mas era para a professora: tinham um fogareiro e os que apanhavam lá atrás não tinham (…) Essa escola já foi desmantelada, era de madeira ficava ali junto à estrada”.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Testemunhos no Encontro Cumbersas ne l Arquibo: Arquitetura Aqui em Miranda do Douro. Accedido en 31/10/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/notas-de-observacion-o-conversacion/22314/testemunhos-no-encontro-cumbersas-ne-l-arquibo-arquitetura-aqui-em-miranda-do-douro

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).