Conversa com uma pessoa moradora de Bragança. Conversa mantida com as investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo em abril de 2023.

Esta pessoa é natural de Bragança, mas após os seus estudos, passou mais de uma década a morar numa outra cidade. Quando regressou, encontrou muitas mudanças em Bragança

Entre as transformações na cidade de Brangança, comenta que as relações de vizinhança são agora mais distantes. Acredita que a covid mas também a chegada de migrantes de origem internacional e a presença de estudantes podem ter influenciado duas transformações. Por um lado, atualmente, as pessoas que vivem no centro -especialmente as pessoas idosas- não conhecem muito bem os seus vizinhos. Por outro lado, também o aspeto das ruas mudou e agora há muito mais vida na rua, porque muitos terraços foram abertos. A praça Camões, por exemplo, é muito popular para o turismo, há arte urbana e presença de artistas nesta praça.

Durante a conversa, esta pessoa salienta que a expansão das cidades em Portugal ocorreu geralmente depois do 25 de abril, como no caso de Bragança. Segundo esta pessoa, neste período houve muita compra de imóveis e a segunda geração de emigrantes que tinha ido para o estrangeiro começou a investir nestas terras. Nessa altura, houve um grande desenvolvimento cultural e educativo, o número de alunos aumentou, pelo que foi construído o novo liceu. Também houve necessidade de alojamento. Foi por isso que surgiram as avenidas como a Sá Carneiro.

Relativamente ao nosso estudo, comenta que os edifícios oficiais [públicos] são mandados construir pelo governo para formalizar uma identidade, com uma estética reconhecida em cada época.

Comenta dois elementos importantes para a transformação da cidade de Brangança: a Avenida São João Cruz tem grande importância na cidade e foi construída no âmbito do Estado Novo; por outro lado, o mercado estava a desaparecer e depois foi construído o mercado junto à Câmara Municipal de Bragança.