Conversa no Centro de Dia do Centro Social de Alfarelos, Soure
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Registo de conversas mantidas com utentes do Centro de Dia do Centro Social de Alfarelos, a 18 de junho de 2025, a quem muito agradecemos as generosas partilhas. Esta atividade foi desenvolvida com a colaboração da Biblioteca Municipal de Soure, no âmbito do projeto “Despertar Memórias a Contar Histórias”, dinamizada por Sílvia Fernandes, a quem também muito agradecemos a disponibilidade.
Edifício em madeira tem serviços administrativos do centro social e jardim de infância, mantendo a função original. É o único jardim de infância que existe em Alfarelos.
Escola Primária de Casal do Redinho
Nos anos 50 a escola tinha um piso, só com uma sala. O ensino era misto. Havia 4 turmas. Eram muitos alunos. Tinha zona de recreio no jardim à volta. Iam comer à zona de uma quinta – a Quinta do Outeiro, fora do recinto da escola; não havia cantina nem instalações sanitárias na escola. A escola já encerrou, funcionam outras atividades no edifício. Há escolas modernas agora.
Uma escola antiga foi arranjada para centro de saúde, talvez há mais de 30 anos, mas também já não funciona. Esse edifício, ao pé da igreja, está ao abandono. Precisam de se deslocar à Granja do Ulmeiro para ir ao centro de saúde.
Havia duas escolas, com separação entre raparigas e rapazes (“tinham um edifício um bocadinho melhor”). Ambas eram por trás da igreja. Na escola masculina havia 4 turmas, mas um professor para todos. Comiam no jardim.
Mais tarde, o ensino passou a ser misto, num edifício construído de raiz, com lareira, casas-de-banho, e zona de recreio, sem cantina. No verão fazia muito calor. Havia apenas uma professora para todas as quatro turmas, chegaram a ser 40 numa sala.
Terá sido construído para ser um edifício para os correios, por iniciativa de um particular. Em baixo funcionavam os correios, e no piso de cima era uma habitação para o funcionário. Os correios fecharam há cerca de 15 anos. O edifício foi, entretanto, vendido. Agora, os correios funcionam no edifício da junta de freguesia (onde também chegou a funcionar uma escola no piso superior, pois era uma casa privada), ao pé da farmácia.
Associação de Instrução e Recreio 1.º de Maio
No edifício faziam (e ainda fazem) teatros, bailes, ginástica: tem salão com palco, e também há cozinha. É possível alugar o espaço para fazer festas como casamentos. É um edifício antigo, mas tem sido renovado. Tem associados. Também existe um rancho folclórico em Alfarelos, ainda em atividade. O antigo rancho fazia ensaios na associação, era composto por 16 rapazes e 16 raparigas, e juntavam-se alguns músicos da banda filarmónica que tocavam (trompete, clarinete, etc.).
Filarmónica 15 de Agosto Alfarelense
Para além de funcionar a banda, o edifício é também disponibilizado para festas. A banda funcionou noutro edifício anteriormente, o que agora ocupa é mais recente (talvez construído nos anos 90, ou já nos anos 2000); a banda comprou o terreno com apoio financeiro da população e dos associados.
Associação Cultural Recreativa e Desportiva do Casal do Redinho
É um bom edifício para eventos culturais, festas e almoços comemorativos, e também atividades desportivas, com sócios.
Celeiro de Arroz da Granja do Ulmeiro
Há memórias do trabalho pesado envolvido na cultura do arroz, “era muito castigador” sobretudo no inverno. Também há quem tenha trabalhado no celeiro, a descarregar e a encher sacas de arroz. Recordam-se das tararas que lá existiam, um aparelho com manivela que servia para limpar os grãos de arroz. A venda de arroz, já descascado, era acessível a qualquer pessoa; havia sacas de vários pesos (2kg, 5kg, etc.). Pensam que o celeiro já não funciona.
Lavadouro
Era muito usado antigamente, mas atualmente também tem uso para lavar tapetes e peças grandes “principalmente ao sábado”.
Centro Psiquiátrico de Arnes
Houve um hospital psiquiátrico em Arnes, na freguesia de Alfarelos, que ficou abandonado. Abriu em 21 de outubro de 1961 e encerrou nos anos 2000. A iniciativa do hospital foi de Bissaya Barreto.
O hospital chegou a ter 126 doentes. Trata-se de um antigo armazém de cereais, sem divisões, que foram aproveitados para fazer o hospital. Após o 25 de abril, uma comissão instaladora dirigiu-se ao governo para pedir apoio para fazer enfermarias e dividir os pavilhões; apenas receberam 6.000 contos, o que sós serviu para colocar divisórias, só mais tarde conseguiram construir paredes. Após esses tempos, houve um médico que se empenhou na adaptação dos espaços: “fez uma residencial, deitou o lagar abaixo – havia lá um lagar de azeite a funcionar”.
Outros assuntos (economia da região)
Importância dos caminhos-de-ferro: Havia armazéns na Figueira da Foz que faziam peças para a CP, como automotoras, e em Alfarelos era uma zona de entroncamento. Havia grande atividade nos comboios, proporcionava trabalho a muitas famílias. Não havia fábricas, só em Coimbra.
Antigamente predominavam os quintais e a agricultura de subsistência, o que entretando se perdeu. As lojas do Casal do Redinho já fecharam, só existe um café que não abre todos os dias. Alfarelos tem mais comércio. O Casal do Redinho tinha muitas fábricas de louça, mas essa atividade perdeu-se e já não é praticada. Há gente nova, e no Casal do Redinho também se nota que recentemente se fixaram algumas famílias estrangeiras.
Vila Nova de Anços também tem celeiro de cereais, e ainda está em funcionamento.
Havia 4 campos de futebol em Alfarelos.
No 1.º de maio era tradição ir a uma fonte a caminho de Soure, a Fonte dos Cães.
A recolha e a sistematização destes testemunhos orais foram elaboradas por Ana Mehnert Pascoal, com base numa conversa mantida em junho de 2025.
Para citar este trabajo:
Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Conversa no Centro de Dia do Centro Social de Alfarelos, Soure. Accedido en 05/09/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/notas-de-observacion-o-conversacion/64468/conversa-no-centro-de-dia-do-centro-social-de-alfarelos-soure