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Bairro de Casas Pré-Fabricadas, MontalegreAgrupamento Habitacional ex-CAR, MontalegreBairro da Comissão para o Alojamento de Refugiados (CAR), Montalegre

O Bairro de Casas Pré-fabricadas de Montalegre foi construído em terreno originalmente pertencente à Junta de Freguesia de Montalegre, numa zona da vila que, logo após o 25 de Abril, ainda não se encontrava urbanizada. Segundo Alice, moradora do bairro há mais de 40 anos, os terrenos onde este hoje se localiza eram, em 1974, terrenos de cultivo de batata e centeio.

A memória descritiva de um projeto de terraplanagens e acesso local, de outubro de 1976, refere que o bairro de casas pré-fabricadas seria destinado a abrigar retornados e, embora a obra se considerasse “absolutamente necessária atendendo à [sua] difícil situação”, esta foi inicialmente pensada para ser de caráter provisório. Quase 50 anos depois, ainda lá se encontram 86 casas que foram sendo construídas entre 1976 e 1984. Para além de portugueses retornados dos países colonizados que conseguiram a sua libertação após o 25 de abril, o bairro acolheu também famílias locais, deslocadas de terrenos expropriados pela Câmara Municipal de Montalegre, onde se vieram a instalar o Quartel dos Bombeiros Voluntários, a Creche e o Pavilhão Multiusos da vila. Mais tarde, em 1978, o Fundo de Fomento da Habitação - então responsável pela instalação e gestão do bairro - cedeu três casas à Câmara Municipal de Montalegre, que esta equipou e preparou para o alojamento de policlínicos e as suas famílias.

Num primeiro momento, anterior a 1977, foram construídas 15 habitações pré-fabricadas, fruto de apoio norueguês. Posteriormente, mas também antes de 1977, foi decidido instalar mais 96 habitações junto às já construídas. Nesta altura, a memória descritiva do projeto de infraestruturas referia que as casas originais já haviam sido amplamente alteradas, condicionando o arranjo urbanístico inicialmente projetado.

Em 1980, foram recebidas oficialmente 86 casas pré-fabricadas em madeira. Quatro anos depois, um documento do Gabinete de Apoio Técnico do Alto Tâmega refere que o bairro teria sido ampliado para sul, onde se implantaram 16 casas geminadas pré-fabricadas, e que se pensava ainda implantar mais 8 casas a nascente, assim como um campo de jogos e algumas lojas comerciais. Em 2023, estas 24 habitações não existiam nos terrenos indicados, podendo ter sido demolidas ou nunca construídas. Verificava-se a existência de um campo de jogos e de um jardim infantil.

Em março de 1985, segundo a Câmara Municipal, o bairro encontrava-se degradado, “necessitando urgentemente de obras de reparação e conservação”, que estimava num valor total de 25.000.000$00. Para a sua realização, solicitou ao ex-Fundo de Fomento da Habitação um subsídio de 20.000.000$00, propondo que o bairro lhe fosse entregue após a realização das obras, para administrar “como melhor lhe conviesse”. Esta proposta saía dos tramites processuais normais do Fundo de Fomento, que procurava ceder gratuitamente os bairros às Câmaras Municipais. Em casos semelhantes, o Fundo de Fomento da Habitação propunha-se a realizar todas as obras necessárias, negociando posteriormente com as autarquias “a venda dos fogos, ao abrigo dos Decretos-Leis 317/82 ou 260/84”. Nos casos em que as Câmaras não pretendessem adquirir os bairros, “o FFH deveria comprar os terrenos e vender os fogos aos inquilinos”. No caso de Montalegre, o presidente da Câmara Municipal, em julho de 1985, recusava que o bairro fosse cedido à Câmara, explicando que tal cedência “seria extremamente onerosa e um fardo muito pesado para esta autarquia”. Afirmava também que "a venda dos fogos [às famílias] não se afigura possível, dado o estado de degradação das casas e ainda por causa dos ocupantes das mesmas, na sua maior parte, não mostrarem interesse na aquisição dos fogos”.

Finalmente, tanto a cedência à Câmara Municipal como a aquisição dos fogos pelos seus ocupantes terão acontecido. Alice lembra-se de ser inquilina da Câmara nos primeiros anos em que esteve no bairro, e explica que, finalmente, as casas acabaram por ir sendo compradas pelas famílias “por um preço mais simbólico que outra coisa. Como eram pessoas de baixos recursos económicos, como a região é pobre, não tem indústria - e por aí já se vê, não é? E então compraram, reconstruíram e ficaram até hoje”.

A transformação das casas originais é hoje percetível. Alice considera que as casas eram boas quando foram construídas. Refere que “eram casas com uma madeira muito boa, que era mesmo boa a madeira dessas casas, só que nao tinham telhado, era tudo em madeira mesmo. Madeira nas paredes, no telhado, tudo em Madeira mesmo”. As condições de conforto da sua casa eram boas, mas acrescenta, “quando nova. Depois danificou-se. (…) Entrava o frio, havia buracos no chão e nas esquinas da casa, (…) a madeira por dentro também se foi deteriorando ao longo dos anos e teve de se tirar para por parede em tijolo”. Para além de alterações aos materiais, Alice, como muitos dos seus vizinhos, optou por prescindir do quintal para ampliar a casa. Em específico, para instalar uma salamandra, a sua família construiu um anexo no quintal, “para ter uma garagem para o carro, para arrumar lenha, e para ter um sítio seguro para se acender o lume”.

Si tiene alguna memoria o información relacionada con este registro, por favor envíenos su contributo.

Identificación

Fecha de Conclusión
1984
Comunidad
Programa
Programa CARPrograma

Ubicación

Morada
Acesso pela Rua Padre Domingos Barroso, Montalegre
Distrito Histórico (PT)
Vila RealDistrito Histórico (PT)

Estado y Utilización

Estado
ConstruidoEstado del Edifício o Conjunto
Propietario

CronologÍa de Actividades

Actividades 3

Descripción Breve

Análisis Compuesta de Forma, Función y Relación con el Contexto

O Bairro de Casas Pré-fabricadas de Montalegre é composto por 87 casas unifamiliares geminadas duas a duas. Originalmente, estas eram casas térreas de madeira, com tipologias entre o T1 e o T4, uma sala com cozinha integrada e um quintal nas traseiras. Ao longo dos anos, as famílias residentes foram adquirindo as casas nas quais viviam e realizando obras operações de alteração dos materiais, ampliação para o espaço do quintal, aumento de pisos e outras transformações de âmbito estético e funcional.

Fórum

A informação constante desta página é fruto do trabalho de Catarina Ruivo e Ivonne Herrera, realizado ao longo de 2023, e foi reunida através de fontes documentais, bibliográficas e ainda do precioso testemunho de Alice, com quem tivemos oportunidade de conversar durante o mês de outubro.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Bairro de Casas Pré-Fabricadas, Montalegre. Accedido en 19/09/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/1484/bairro-de-casas-pre-fabricadas-montalegre

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).