Quartel dos Bombeiros Voluntários de Estremoz
O Quartel dos Bombeiros Voluntários de Estremoz foi promovido pela Associação dos Bombeiros Voluntários de Estremoz (ABVE), em articulação com várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Estremoz (CME). O processo, que se justificava pelas más condições onde anteriormente estavam instalados os bombeiros, teve início em 1964, com um primeiro projeto que não chegou a ser construído.
A iniciativa foi retomada com um novo projeto em 1980, prevendo financiamento repartido entre o Estado (DGERU) e a CME. Após diversas apreciações do projeto e subsequentes alterações, o projeto de arquitetura foi definitivamente aprovado em setembro de 1981. Seguiu-se um concurso de empreitada, tendo a obra começado em julho de 1982. O quartel foi inaugurado em 30 de junho de 1985, embora alguns trabalhos finais tenham sido completados apenas no início do ano seguinte.
Notas
O edifício localiza-se a sul do Rossio Marquês de Pombal e perto da Mata de Estremoz, entre os gavetos formados pelo encontro entre várias artérias: a Avenida Dr. Marques Crespo, a Rua Bento de Jesus Caraça e o Largo de São José. Um dos desafios projetuais consistiu da adaptação do edifício às várias cotas de acesso a partir dos arruamentos envolventes, tendo-se optado por realizar o acesso de viaturas de nível a partir da Rua Bento de Jesus Caraça. O acesso pedonal pelas outras duas vias faz-se através de escadarias. O edifício compõe-se essencialmente de dois corpos que se articulam em ‘L’ ao longo do limite sul do lote, formando deste modo o pátio de circulação e manobra das viaturas. No limite norte do pátio encontra-se um troço da antiga muralha da cidade, o que motivou a apreciação do projeto pelo Instituto de Salvaguarda do Património Cultural e Natural e a emissão do respetivo parecer favorável.
O corpo a poente do lote tem apenas um piso acima da cota de soleira, embora de pé-direito considerável uma vez que alberga a garagem das viaturas pesadas de combate a incêndios. O corpo a sul do lote é de maiores dimensões e abriga as restantes funções do programa, tendo dois pisos acima da cota de soleira e, parcialmente, uma cave (acessível através do Largo de São José). O corpo sul estrutura-se através de uma “passagem” (corredor) que atravessa todo o edifício, dividindo o corpo da garagem de pesados e a garagem de viaturas ligeiras das restantes funções, e contendo parte das circulações verticais (para a cave e para a residência do permanente), bem como duas entradas de serviço laterais.
Já a entrada principal faz-se através de uma escadaria e terraço (que serve também o bar) a partir da Avenida Dr. Marques Crespo. O hall de entrada faz a distribuição para as várias zonas do edifício a poente (camarata, vestiários, instalações sanitárias e gabinete médico/sala de tratamentos), a norte (central telefónica, acessos às garagens e circulação vertical principal) e a nascente (bar, instalações sanitárias/vestiários e ginásio/salão de festas). Algumas divisões de apoio (arrumos, salas de lavagem de material, etc.) estão distribuídas em vários pontos do edifício. No piso superior foram localizadas as seguintes funções: secretaria, as salas de comando e da direção, a sala de reuniões, bem como a residência (T3) anteriormente referida. Todas estas divisões estão rodeadas por um amplo terraço. No limite nascente deste corpo localiza-se a torre-escola, em betão aparente e sinalizando a localização do edifício a partir de longe.
Do ponto de vista construtivo, o edifício faz uso de uma estrutura de betão armado e lajes aligeiradas, com exceção da cobertura do salão de festas, em estrutura metálica atirantada. As paredes são em alvenaria de tijolo, com várias espessuras consoante a sua localização no edifício. No sentido de marcar ainda mais as diferenças entre os dois corpos do edifício, escolheram-se coberturas diferenciadas: no volume da garagem para pesados foi escolhida a cobertura plana enquanto no corpo sul sobressai do extenso terraço um volume com cobertura inclinada revestida a telha lusa.
Em relação aos acabamentos dos pavimentos do edifício, destaca-se o uso de mosaicos antiderrapantes nas garagens e divisões adjacentes, tacos de madeira ou ladrilhos de mármore da região na maioria das restantes divisões, e betão descofrado na torre-escola. Os acabamentos das paredes interiores são em tinta plástica, à exceção de algumas divisões de serviço que fazem uso de azulejo, bem como dos halls das entradas, revestidos em mármore. Já as paredes exteriores foram acabadas com betão aparente, forro de pedra abujardada ou reboco tirolês pintado. As caixilharias são em alumínio, com sistemas de batente, de correr, basculantes, fixos e grelhas do tipo persianas para ventilação permanente.
Do ponto de vista estético o edifício apresenta-se como um objeto algo híbrido, entre o essencialmente utilitário (garagens, terraços) e o “vernacular” pós-moderno (volume de cobertura inclinada no 1.º andar), com alguns apontamentos interessantes (canteiro e abertura no terraço, no limite poente do edifício) de estética vagamente “brutalista” (torre-escola, reboco tirolês) ou mesmo “wrightiana” (horizontalidade geral e balanço das coberturas inclinadas).
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Ubicación
Estado y Utilización
A informação constante desta página foi redigida por João Cardim, em março de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabajo:
Arquitectura Aqui (2024) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Estremoz. Accedido en 24/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/18228/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-estremoz