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Casa da Cultura, BejaCasa da Juventude, Beja

No ano de 1969, o presidente da Câmara Municipal de Beja endereça uma carta a José de Azeredo Perdigão, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, expressando a necessidade de um Centro Cultural naquela cidade:

“Nestas condições parece-me de considerar a, por enquanto, hipótese, de se vir a construir um imóvel que preencha a lacuna existente, contendo os serviços cuja necessidade se apontou.

Esse edifício, que poderia chamar-se Palácio da Cultura, Centro Cultural, ou qualquer outro nome mais indicado, reuniria, em princípio de esboço, uma Biblioteca Municipal, um Museu Municipal, diversas salas para conferências, a exposições, concertos e quaisquer outras actividades de carácter cultural.”

O pedido de financiamento é negado, alegando-se a falta de “projetos concretos, devidamente estudados e orçamentados”.

Dois anos se passam e Azeredo Perdigão recebe o Presidente da Câmara Municipal de Beja, que se fez acompanhar do ante-projeto do edifício proposto, com autoria de Ruy d’Athouguia. O Presidente da Câmara apela mais uma vez à generosidade da Fundação:

“Fora as grandes cidades, como Lisboa, Porto e Coimbra, não dispõem os outros aglomerados urbanos de possibilidades para se conseguir o enunciado acima [como a difusão de conhecimento e ‘cultura intelectual’]. Os habitantes desses aglomerados necessitam de percorrer grandes distâncias para, esporadicamente, assistirem a manifestações culturais e, salvo honrosas exceções, não só não ampliam os seus conhecimentos como até esquecem que os tinham”. Uma vez mais, o pedido não é aceite.

Em 1975, a Câmara Municipal de Beja solicitou ao Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis que edificasse naquela cidade uma Casa de Cultura da Juventude, dispondo-se a ceder o terreno necessário à sua implantação. Refere-se a proposta de Raúl Hestnes Ferreira, que para a elaboração da solução apresentada, utilizou de base o esquema da Casa da Juventude de Braga, diferindo a maior dimensão e capacidade do auditório que "será o fulcro do edifício" e colocando-se "o palco numa posição que permitirá a sua utilização relativamente ao exterior onde se projecta criar um anfiteatro ao ar livre". O espaço público que a Casa da Juventude ocupará será de extrema importância para a cidade, visto que é colocada "na posição de ser visualizada em todos os seus ângulos e ainda houve que ter em conta os vários condicionamentos de ordem cultural, climática e construtiva."

As obras iniciam-se em novembro de 1976 e, após desavenças com o empreiteiro devido a atrasos na obra, em 1980 é aberto novo concurso para a conclusão da obra, onde são introduzidos novos elementos, como o pórtico de entrada do edifício (a norte), o palco exterior e bancadas, e espaços exteriores envolventes.

No início de 1983 estava já em funcionamento, dizendo-se haver “conhecimento, através da imprensa, que aquela entidade autárquica começou a realizar actividades com utilização das instalações” da Casa da Cultura.

Desde então, a atividade da Casa da Cultura tem sido constante, tanto quanto centro cultural, como espaço acolhedor de associações e coletividades da comunidade. Ao longo dos anos, o edifício foi tendo diferentes ocupações, por exemplo, a Escola Profissional Bento Jesus Caraça funcionou na Casa da Cultura na década de 1980, tal como outro tipo de eventos variados, festivais de rock, festas de infantários, celebrações de uma rádio local, reuniões de associações e apresentações de várias entidades.

Segundo José Filipe Murteira dos Santos, o Conservatório Regional ainda operava no local, em 1996, quando ingressou na Câmara Municipal de Beja.

A criação da Bedeteca [2005] dinamizou significativamente as atividades da Casa da Cultura, especialmente com o festival de Banda Desenhada.

A partir de 1997, a Câmara Municipal de Beja implementou programação regular (até então esporádica), aumentando a oferta de espetáculos, “embora com algumas dificuldades, como as baixas temperaturas no inverno e as condições acústicas do auditório”, como salienta José Filipe Murteira dos Santos. Esta programação manteve-se até 2005, ano em que o Teatro Pax Julia reabriu após obras de remodelação. 

Si tiene alguna memoria o información relacionada con este registro, por favor envíenos su contributo.

Notas

Análisis Compuesta de Forma, Función y Relación con el Contexto

A Casa da Cultura localiza-se na zona limite entre o núcleo construído antigo de Beja e uma das áreas residenciais da cidade.

O edifício – com a dimensão do quarteirão, e que ocupa o lugar do antigo matadouro da cidade – é objeto de um único programa, o primeiro criado no país, à época.

Pela escala monumental é convertido em marco urbano – a sua posição na cidade cria, ela própria, paisagem, revela direções e um sentido de permanência.

A interação entre os volumes confere a dinâmica à forma. A hierarquização, interna e externa é evidenciada tanto pelas diferenças espaciais, como pelos vãos, e reforça o peso da materialidade e os contrastes luz/sombra.

A obra tenta resgatar a compreensão da cultura regional, quer nos aspectos técnicos, quer estéticos – nota-se bem com a presença das abóbadas tradicionais, que remetem à construção do sul do país. Raúl Hestnes Ferreira refere, em conversa com Manuel Graça Dias, a importância que o Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal teve no seu olhar sobre o Alentejo e na conceção deste projeto.

O edifício tem vinte abóbadas em tijolo, rematadas com um lanternim em ferro e vidro, que no interior refletem a centralidade atribuída ao espaço.

Momentos-clave (clique abajo para más detalle)

Fecha de Conclusión
c. 1983
Actividades

Ubicación

Comunidad
Morada
Rua de Luís de Camões 6
Distrito Histórico (PT)
BejaDistrito Histórico (PT)
Contexto
UrbanoContexto
InteriorContexto

Estado y Utilización

Uso Inicial
Estado
ConstruidoEstado del Edifício o Conjunto
Propietario
Usuario

Materiales y Tecnologías

Estrutura
Hormigón ArmadoMateriales Construción
Construción
Albañilería de LadrilloMateriales Construción

Fórum

Documentación

Registros y Lecturas

A informação constante desta página, redigida por Joana Nunes, em setembro de 2024, foi reunida através de diferentes fontes documentais e bibliográficas e de contributos e testemunhos que pudemos recolher em Beja. Conta com o testemunho de José Filipe Murteira dos Santos.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Casa da Cultura, Beja. Accedido en 21/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/22571/casa-da-cultura-beja

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).