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Quartel dos Bombeiros Voluntários de Montalegre

Quando o Quartel dos Bombeiros Voluntários de Montalegre começou a ser construído, em inícios de 1978, o projeto de edificação deste equipamento já se prolongava desde 1962, altura em que foi aberto um processo provisório na Direção-Geral dos Serviços de Urbanização. A documentação consultada é omissa relativamente a este período de tempo, que decorreu entre outubro de 1962 e junho de 1976, data do estudo prévio do Quartel.

Ao longo de 1976, o anteprojeto de arquitetura e o estudo de localização do Quartel a construir foram alvo de apreciações pelos técnicos responsáveis da Inspeção de Incêndios da Zona Norte, da Direção de Urbanização de Vila Real e da Direção dos Serviços de Gestão urbanística.

No início do 1977, a demora no processo de aprovação do anteprojeto elaborado pelo arquiteto Álvaro José Cancela Meireles começava a inquietar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Montalegre. Numa carta ao diretor da Direção de Urbanização de Vila Real, de 11 de janeiro, descreviam as más condições em que se encontravam os Bombeiros e o seu material, instalados no rés-do-chão de um edifício não preparado para esta função. Informavam que o “descontentamento é geral e a construção é uma necessidade premente. Se a construção do Quartel-Sede não se verificar urgentemente, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Montalegre será extinta num futuro muito próximo”.

Em discussão entre a Câmara Municipal de Montalegre e a Direção de Urbanização de Vila Real, encontrava-se, entre finais de 1976 e inícios de 1977, a localização planeada para a implantação do novo edifício. Os serviços de Vila Real chamavam a atenção para o facto de que a proposta de localização contradizia o plano de urbanização da vila, pretendendo-se implantar o edifício numa zona classificada como non aedificandi. A Câmara Municipal defendia a localização, afirmando não existir outra alternativa de terreno para o quartel. Mais, numa comunicação da Câmara de 21 de janeiro de 1977, explicava-se que o local proposto se revestia “de características espaciais que escapam a pessoas estranhas a Montalegre, mas que devem pesar na sua apreciação”, entre as quais se referia a sua localização entre os dois bairros que constituem a sede do concelho, entre os quais se afirmava existir uma rivalidade antiga e acentuada. Temia-se que “qualquer tentativa de o desviar para um dos lados” desse origem a contestação. Uma semana depois, a Direção de Urbanização de Vila Real propôs que, a título excecional, fosse aprovada esta localização e, em setembro do mesmo ano, considerou o projeto em condições de merecer aprovação superior. O projeto aprovado tinha um orçamento estimado de 9.994.000$00 e seria comparticipado em 85%.

Em maio de 1978, a obra foi adjudicada por 15.710.000$00. Em fevereiro de 1980, começaram a executar-se os trabalhos a mais e, em maio do mesmo ano, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários fez um pedido de comparticipação à Direção de Equipamento de Vila Real (sucessora da anterior Direção de Urbanização) para a aquisição de equipamento móvel. Neste pedido, expunham-se as condições de pobreza da zona do Barroso - onde se vivia sobretudo de agricultura feita em minifúndio, “com solos pobres e sem regadios”. Explicava-se também que o concelho de Montalegre não tinha “qualquer casa de espectáculos e, por isso, durante toda a vida os barrosões estiveram, injustamente, privados de apreciarem e beneficiarem das vantagens da exibição de filmes, teatros, revistas, etc. A Cultura, tão necessária ao progresso e bem estar das populações, emigrou-se para o Litoral do País”.

O auto de receção definitiva, marcando a conclusão do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Montalegre, data de 14 de dezembro de 1981.

Si tiene alguna memoria o información relacionada con este registro, por favor envíenos su contributo.

Notas

Fecha de Conclusión
1981
Análisis Compuesta de Forma, Función y Relación con el Contexto

O edifício do Quartel de Bombeiros Voluntários de Montalegre situa-se numa zona alta da vila, a sul, perto do limite do núcleo urbanizado. O quarteirão onde se insere era, em 2023, composto quase exclusivamente por equipamentos de uso coletivo, incluindo uma creche, um campo para feira e um pavilhão multiusos. No entanto, este não era um espaço vazio. De acordo com testemunho local, a construção destes equipamentos implicou a demolição de habitações existentes e as famílias residentes foram realojadas no Bairro do Castro. Esta localização foi escolhida pela Câmara Municipal para servir de igual forma “os dois bairros que constituem a Sede do Concelho: a Vila e a Portela”. Ofícios do presidente explicam que existia “entre estes dois bairros uma rivalidade muito antiga e acentuada”, tendo-se procurado evitar “criar situações que [pudessem] originar conflitos entre os moradores, tentando, sempre que possível, beneficiar de modo semelhante os dois aglomerados”.

Esta localização, afastada do centro do núcleo urbano, distingue-se de outros quartéis em vilas e pequenas cidades. Em conversa com um grupo de bombeiros, estes explicaram que esta localização tem vantagem claras de acessibilidade e operação dos seus veículos em relação a uma localização mais central, referindo, no entanto, a existência de um afastamento também social da comunidade local que, ao contrário do que acontece em outros locais, não frequenta os espaços sociais do quartel, nomeadamente o espaço de bar.

Isto contrasta com a intenção original do projeto que, elaborado em colaboração com a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Montalegre em meados da década de 1970, tinha a intenção “de que fosse possível a utilização da Zona Social do Quartel para suprir carências da Vila, nomeadamente assistência médica, e local de convívio”.

Este projeto organizava o programa do quartel em dois corpos perpendiculares: um primeiro corpo, paralelo à Rua João Rodrigues Cabrilho, era dedicado ao parque de viaturas – voltado para o exterior, organizado “no sentido de prever uma saída imediata no caso de alarme”. Um segundo volume continha, no rés-do-chão, a zona social do quartel, que se pretendia aberta à comunidade local e incluía um posto médico que deveria servir tanto os bombeiros como a generalidade da vila, uma zona associativa e um ginásio com acessos através do hall da zona social, para atividades sociais e de convívio, e da parada, para quando funcionasse como ginásio dos bombeiros. No primeiro piso do corpo principal localizavam-se as zonas privadas aos bombeiros (camaratas, salão nobre, refeitório, sala de aula e uma ampla varanda coberta) e, sobre as zonas sociais, situava-se a casa do bombeiro residente. Perto do cruzamento entre os dois corpos, salienta-se a torre de treino – dialogando, pela localização do quartel, com o Castelo da vila.

Desde 1981 o quartel tem sido amplamente transformado para responder às novas necessidades de um serviço em crescimento. Um bombeiro explicou: “todos os anos fazíamos uma obra”. O espaço original do ginásio foi transformado num segundo parque de viaturas e foi construído um novo volume para pavilhão que, instalando-se paralelamente ao corpo secundário, veio dar maior interioridade ao pátio existente. Este pavilhão recebeu estudantes das escolas próximas antes da construção do Polidesportivo, tendo também sido utilizado para a celebração de casamentos da população de Montalegre. Por este volume, acede-se a uma nova sala de bombeiros, mais ampla que a original. O espaço social privado dos bombeiros foi transformado em espaço de camaratas e, mais recentemente, por volta de 2020, o espaço da zona associativa foi remodelado, acrescentando-se uma cozinha. Embora este espaço tenha sido pensado como zona social, aberta à vila, e utilizado como tal até ao início da pandemia da Covid-19, em 2023, o espaço de bar funcionava exclusivamente para os bombeiros, sendo onde realizavam as suas refeições.

Sendo-lhes atribuídas cada vez mais responsabilidades, e sem uma transformação significativa das formas de financiamento e organização das associações de bombeiros, os bombeiros presentes em conversa realçaram a diminuição do número de funcionários e voluntários e o consequente aumento do trabalho.

Momentos-clave (clique abajo para más detalle)

Actividades

Ubicación

Comunidad
Morada
R. João Rodrigues Cabrilho 200, 5470-204 Montalegre
Distrito Histórico (PT)
Vila RealDistrito Histórico (PT)
Contexto
InteriorContexto
UrbanoContexto

Estado y Utilización

Estado
ConstruidoEstado del Edifício o Conjunto

Materiales y Tecnologías

Estrutura
Hormigón ArmadoMateriales Construción

Documentación

Registros y Lecturas 2

A informação constante desta página foi redigida por Catarina Ruivo com base em fontes documentais.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Quartel dos Bombeiros Voluntários de Montalegre. Accedido en 03/12/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/4009/quartel-dos-bombeiros-voluntarios-de-montalegre

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).