Edifícios para Escolas Primárias nas Regiões do Sul
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"Em 1935, [Raul] Lino foi encarregado pelo Estado de projetar mais três tipos regionais [depois de um conjunto de projetos-tipo para escolas em todo o país, concebido em 1917-1918 e não concretizado], desta vez só para o sul de Portugal, com base nos quais foram construídos trinta e dois edifícios, três dos quais no Algarve. Todos os tipos foram desenhados «de acordo com os aspectos mais típicos da construção destas regiões» conforme determinado expressamente pelo ministro das Obras Públicas e Comunicações, o que demonstra como o discurso da «Casa Portuguesa» [alimentado por Lino] tinha penetrado eficazmente as esferas oficiais; o reconhecimento de que Lino «há muito [vinha] consagrando a sua melhor atenção ao estudo da Casa Portuguesa» tinha, de resto, levado à sua contratação pelo ministro em 1934. O «tipo Algarve» (...) era «especialmente destinado a algumas regiões desta mesma província e do Alentejo onde existem exemplos de arquitetura antiga com gigantes redondos, e onde bem assim se queira obter certo efeito mais característico e particular destas províncias.» Defendendo uma relação geográfica entre tipo e contexto que não obedecia a divisões administrativas, Lino acabou por admitir usar o contraforte de secção redonda como instrumento de efeito estético, contradizendo assim o seu propósito declarado de coerência. Neste projeto-tipo (...) elementos como o contraforte ou o parapeito com grelha cerâmica podiam estar, ou não, associados ao uso local: ricos em efeitos de volume, padrão e sombra, e encontrados com mais frequência na tradição alentejana, foram ainda assim considerados apropriados para representar o «Sul» no seu todo, desde que fossem tecnologicamente compatíveis. Raul Lino combinava livremente motivos pastorais e alegadamente enraizados na tradição, guiado pelo «bom senso» do arquiteto face às necessidades locais: o seu trabalho não tinha pretensões de rigor científico." R. Costa Agarez, A Construção do Algarve (2023), pp. 79-81.
Na memória descritiva desta proposta (cópia existente na Biblioteca de Arte Gulbenkian / Espólio Raul Lino), o arquiteto especificou o carácter evolutivo da solução:
"De cada tipo ["1.º 'Cantaria', 2.º 'Tijolo', 3.º 'Algarve'"] existem quatro modelos, conforme o número de aulas que se pretenda incluir no edifício escolar. Mas todo o edifício com menos de quatro aulas é amplável até atingir aquele limite."
E quanto ao exterior do "Tipo 'Algarve'":
"Estão os projectos deste tipo imaginados para apresentar certo cunho regional de algumas localidades tanto do Algarve como do Alentejo.
A caiação geral é de cor branca, amenizada na sua crueza com um corte de cera e sombra, para não ferir a vista demasiado. A caiação desta cor abrange todas as partes, incluindo a grelhagem de tijolo delgado da região, à excepção dos socos, que serão de cera rica, amarelo torrado ou azul.
Os taipais e aros fixos dos vãos exteriores serão pintados, no caso dos socos serem de cera, de azul-loio, verde vivo ou cor de laranja; no caso de os socos serem azuis, de cor de laranja, amarelo torrado ou vermelhão.
Toda a caixilharia ficará branca de neve." (p. 5)
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To quote this work:
Ricardo Costa Agarez for Arquitectura Aqui (2025) Edifícios para Escolas Primárias nas Regiões do Sul. Accessed on 05/09/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/agents/programmes/63558/edificios-para-escolas-primarias-nas-regioes-do-sul