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Edifício da Assembleia Municipal, Ferreira do AlentejoSede do Grémio da Lavoura, Ferreira do Alentejo

O edifício onde funciona, em 2024, a Assembleia Municipal de Ferreira do Alentejo foi construído no final da década de 1960 para sede do Grémio da Lavoura de Ferreira do Alentejo. Nas peças escritas do projeto definitivo da obra, da autoria do arquiteto José Gabriel Pinto Coelho e elaborado em julho de 1963 – no seguimento da aprovação pelo Ministério das Obras Públicas (MOP), em maio de 1961, do anteprojeto (datado de maio de 1959) –, a intervenção foi descrita como uma “reconstrução, no próprio local”, da sede anterior do Grémio. 

O esforço financeiro exigido desta entidade para a realização da obra, que a terá atrasado sensivelmente, implicou por fim o recurso a um empréstimo de 800.000$00 da Junta de Colonização Interna (JCI), a conceder ao abrigo da Lei de Melhoramentos Agrícolas (1946). Este compromisso foi autorizado, em julho de 1967, pela Direção-Geral do Trabalho e Corporações e pelo serviço desta dependente e diretamente envolvido no acompanhamento da atividade de todos os grémios da lavoura em Portugal entre 1942 e 1974, a Inspeção dos Organismos Corporativos (IOC), que considerou: "A situação financeira do Grémio é bastante desafogada (...) verifica-se que (...) tem condições financeiras para contrair o empréstimo pretendido, cuja liquidação em nada afectará a sua regular actividade.”

A concessão do empréstimo da JCI e de uma comparticipação do Fundo de Desemprego através do MOP, de 215.000$00, terão permitido a realização do empreendimento.

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Analysis

Conclusion Date
post. 1968
Combined Analysis of Form, Function and Relation to Context

A entrada do edifício, orientada para a Praça do Comendador Infante Passanha, faz-se para um corpo principal, de dois pisos, com cerca de dez metros de profundidade. Do lado oposto, para a rua D. Nuno Álvares Pereira, fica o corpo de armazéns, correspondente a uma segunda fase de construção. No espaço entre os dois corpos, “uma ala de dependências de trabalho, apenas com um piso, desenvolve-se ao longo de um pátio interior” (da memória descritiva do projeto de arquitetura, 1963). Esta solução cobre os condicionamentos do lote, profundo e de frentes estreitas.

No corpo principal, no piso à cota da rua, distribuem-se, através do vestíbulo de entrada, vários gabinetes (originalmente destinados à gerência, direção, secretaria e tesouraria) e o acesso ao piso de cima e à cave. No segundo piso a sala de reuniões, ampla. O corpo de armazéns, devido ao desnível entre as duas frentes, está elevado cerca de um metro em relação à rua. A escala reduzida dessa rua levou ao recuo da fachada, criando uma zona de estacionamento para cargas e descargas protegida por uma cobertura em consola.

Inicialmente, estaria previsto, no edifício, o funcionamento da Caixa de Crédito Agrícola, o que mais tarde se veio a questionar, considerando que esta disporia de instalações próprias. Na versão do projeto de 1963, o espaço daí resultante seria utilizado pela brigada técnica da Direção-Geral dos Serviços Agrícolas, deixando espaço para ampliação da sala de reuniões do Conselho Geral.

Na passagem do anteprojeto ao projeto definitivo, o arquiteto – que em 1959, quando deu início ao trabalho, era um jovem tirocinante de 23 anos – demonstrou uma sensibilidade especial a temas hoje mais pertinentes do que nunca, ao atender particularmente "aos rigores do clima da região. Assim, a preocupação de proporcionar boas condições térmicas traduziu-se – em especial, nos dois corpos principais – pela execução de: paredes duplas de tijolo; reduzidas aberturas nas fachadas, sempre devidamente protegidas da incidência dos raios solares; entrada principal recuada, com zona de transição em sombra; e ainda do pátio, como elemento proporcionador de frescura.  Assim, procura-se em primeiro lugar, realizar uma defesa eficaz contra o calor, através de sistemas isolantes e protecções em relação à incidência directa do sol. De facto, a defesa contra o frio, comum àquela nos aspectos de isolamento, torna-se mais realizável por meios artificiais, porquanto, garantida a inexistência de perdas importantes por meio de caixilharias bem executadas, será fácil aquecer com gás butano as zonas de trabalho, cujo volume é relativamente reduzido.

(...) os únicos vãos que apresentam grandes dimensões são os da galeria adjacente ao pátio, porquanto esse corpo de construção foi propositadamente orientado ao norte. Assim, o pátio interior poderá realizar uma função decorativa devido às amplas ligações com o interior, sem que esse facto apresente os inconvenientes de uma insolação exagerada. A um nível superior, já mais subtraídas às zonas de sombra do pátio, as janelas abertas sobre a galeria dispõem lateralmente de septos que evitarão a entrada de sol nos compartimentos, nos curtos períodos em que o lado norte está exposto à insolação – no levante e no ocaso dos dias de verão." (da memória descritiva, 1963)

O salão de reuniões do Conselho Geral foi coberto com abóbadas de tijolo, seguindo a tradição alentejana. Nas palavras do arquiteto, esta solução foi escolhida "não só para realizar uma função isolante [térmica] muito eficaz [através da caixa de ar criada sob a laje de cobertura] mas também a fim de proporcionar um volume interior e um tratamento decorativo compatíveis com a natureza e dimensões da sala."

Os materiais utilizados, no exterior e interior, terão sido "do tipo tradicional e utilizados dentro de um espírito de grande simplicidade. Assim, todas as paredes exteriores terão um jogo de 'claro-escuro' dos volumes, acentuado pelo emprego da caiação da quase totalidade das superfícies, de que se exceptuam apenas os socos em pedra da região e alguns elementos em cores muito sóbrias, das vulgarmente utilizadas nas barras das construções locais." (idem)

Key moments (click below for details)

Activities

Location

Community
Address
Praça Comendador Infante Pessanha
Former Distrito (PT)
BejaFormer Distrito (PT)
Context
UrbanoContext

Status & Uses

Status
ConstruídoStatus of Work

A informação constante desta página foi redigida por Joana Nunes em abril de 2024 e por Ricardo Costa Agarez em dezembro de 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas. 

To quote this work:

Arquitectura Aqui (2024) Edifício da Assembleia Municipal, Ferreira do Alentejo. Accessed on 18/01/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/buildings-ensembles/24892/edificio-da-assembleia-municipal-ferreira-do-alentejo

This work has received funding from the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement No. 949686 - ReARQ.IB) and from Portuguese national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., in the cadre of the research project ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).