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Visita ao Vale da Amoreira com Carlos Belindro e João Cardim

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Title
Visita ao Vale da Amoreira com Carlos Belindro e João Cardim
Date
2025.09.27

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Observation or Conversation Record

Registo da visita efetuada ao Vale da Amoreira na companhia de Carlos Belindro, antigo morador, e de João Cardim, arquiteto, aos quais muito agradecemos. 

 

O ponto de encontro para a vista foi na Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira, cuja construção terá sido concluída na década de 1990. Do lado oposto da estrada, localiza-se a atualmente designada Escola Básica n.º 1 do Vale da Amoreira, que Carlos frequentou nos anos 80, cuja designação era então Escola n.º 5 da Baixa da Banheira. Apesar de se tratar de uma escola de tipo P3, de planta aberta, recorda-se que a sala de aula – sempre a mesma nos quatro anos do ensino primário – estava disposta de forma tradicional, com a mesa do professor à frente e as carteiras dos alunos dispostas em filas. Havia dois turnos, um de manhã e outro de tarde. Havia refeitório, mas a família de Carlos vivia na proximidade, na zona mais antiga do Vale da Amoreira, onde ainda existem habitações de piso único, construídas pelos próprios moradores. O denominado Bairro Paixão é também um reduto das origens do Vale da Amoreira, onde nos anos 60/70 terá funcionado a única mercearia da zona. No Vale da Amoreira existe mais uma escola básica de tipologia idêntica (Escola Básica n.º 2 do Vale da Amoreira, antigamente designada como Escola n.º 6 da Baixa da Banheira), estando ambas ainda em funcionamento. Apesar de ser visível haver manutenção dos edifícios, não terão sofrido alterações significativas, excetuando a integração de um novo pavilhão na Escola n.º 1, que se supõe servir para o ensino pré-escolar. 

A escola n.º 2 fica localizada junto ao edifício do mercado do Vale da Amoreira, edificado já no século XXI. Atualmente, o mercado integra, serviços como correios e loja do cidadão, e até união das freguesias da Baixa da Banheira e do Vale da Amoreira em 2013, aí funcionava a sede da Junta de Freguesia do Vale da Amoreira. Antes da construção desse equipamento, a junta funcionava em edifícios que constituem um conjunto de habitações construídas ao abrigo do programa da Comissão de Apoio aos Refugiados (CAR) na Rua Pedro Álvares Cabral. Esse conjunto estende-se pela Av. Diogo Cão, e todas as casas são hoje ocupadas como habitação. Junto deste conjunto localiza-se o Bairro das Descobertas, um conjunto de edifícios de três e de quatro pisos concluído em 1989, conforme atesta a placa em pedra que ainda subsiste no local. Este bairro, construído com recurso à pré-fabricação, foi também construído por impulso do programa CAR. Do exterior, são visíveis as marcas da falta de manutenção em alguns dos edifícios. Seriam, em determinado momento, sobretudo habitados por famílias ciganas. 

O conjunto conhecido como Bairro do Fundo de Fomento ocupa uma extensão considerável do Vale da Amoreira. Apesar de, com a construção, se ter pretendido o alojamento de operários da região, os edifícios terão sido ocupados ainda antes da sua conclusão, sobretudo para albergar famílias rumando a Portugal durante o processo de descolonização no pós-25 de abril. Trata-se de blocos com alturas variáveis e que se distinguem pela cor selecionada para pormenores nas fachadas, com composição urbana diversificada, mas seguindo um sistema modular desenvolvido pelo arquiteto do conjunto, Justino Morais. Embora se observe falta de manutenção exterior em vários blocos, há também alguns edifícios que evidenciam cuidado na preservação, com pintura das fachadas. Os espaços ajardinados e destinados a convívio também apresentam alguma degradação. A maioria das lojas está encerrada, com os espaços sem utilização, e confirma-se que alguns equipamentos previstos pelo arquiteto não foram concretizados, como um edifício para albergar uma creche. Carlos recorda-se de colegas que viviam no bairro, e constata que se tem verificado um decréscimo na população no Vale da Amoreira. Apesar de existir um supermercado, não existem caixas de multibanco. Passámos também pelo CRIVA – Centro de Reformados e Idosos do Vale da Amoreira, que dá apoio a idosos, por exemplo através do fornecimento de refeições. O centro fica no piso térreo de um prédio; antigamente, funcionava num edifício antigo que ainda mantém a inscrição da sigla na chaminé, isolado, abandonada por bastante tempo e hoje usada como centro multiusos. Nas imediações encontra-se o edifício do centro de saúde, de edificação mais recente: nos anos 80 e 90, era necessário que os habitantes do Vale da Amoreira se deslocassem a Alhos Vedros ou à Baixa da Banheira para terem acesso a cuidados de saúde. Nos últimos anos, houve uma melhoria no que concerne aos acessos através de transporte público, com uma ligação direta do Vale da Amoreira a Lisboa, através de um autocarro muito concorrido. 

To quote this work:

Ana Mehnert Pascoal for Arquitectura Aqui (2025) Visita ao Vale da Amoreira com Carlos Belindro e João Cardim. Accessed on 11/10/2025, in https://arquitecturaaqui.eu/en/documentation/notes-from-observation-or-conversation/66379/visita-ao-vale-da-amoreira-com-carlos-belindro-e-joao-cardim

This work has received funding from the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement No. 949686 - ReARQ.IB) and from Portuguese national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., in the cadre of the research project ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).