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Olhão

A criação do concelho de Olhão, localizado no sotavento algarvio, entre os concelhos de Faro, São Brás de Alportel e Tavira, é relativamente recente no âmbito da evolução administrativa regional. Está historicamente ligado ao período das Invasões Francesas, tendo sido os seus habitantes os responsáveis pelo início da retirada dos franceses do Algarve. Em resultado deste feito o atual território concelhio foi desanexado do concelho de Faro e dividido em cinco freguesia. Reorganizada a divisão administrativa em 2013, são atualmente quatro as freguesias que compõem este concelho – Moncarapacho e Fuseta, Olhão, Pechão e Quelfes – que se estendem entre o litoral e o barrocal algarvio. Apenas a freguesia de Pechão é interior, confinando as demais com a Ria Formosa – na qual se situa a Ilha da Armona, com um pequeno núcleo habitacional – e o oceano Atlântico.

Inserido nas unidades de paisagem “Barrocal Algarvio”, “Litoral do Centro Algarvio”, mas, principalmente na da “Ria Formosa”, caracterizada pela “sensação mais forte das paisagens da ria Formosa relaciona-se com a presença constante de água e de elementos vegetais que a indiciam. É notoriamente uma zona plana de interface, onde a componente terrestre corresponde à acumulação de sedimentos provenientes da terra e do mar, e à qual está associada uma sensação de calma e tranquilidade. Os limites da unidade de paisagem são no essencial coincidentes com os do Parque Natural da Ria Formosa que ocupa a maior parte do litoral do Sotavento Algarvio. Paralelamente à linha de costa existe um cordão arenoso, com o respetivo sistema de dunas, que começou a tomar corpo após processos de acumulação provocados pelo mar, sendo posteriormente estabilizado pela ação de um coberto vegetal (…).

A riqueza e diversidade biológica da ria, especialmente em bivalves, faz com que a safra da amêijoa conduza a um formigueiro de gente que se dirige para os terrenos alagadiços quando a maré baixa e deixa a descoberto os madeiramentos dos viveiros de bivalves.

(…) olhão tem algumas características que lhe conferem identidade, nomeadamente em termos de arquitetura e da tradição pesqueira que origina a maior lota do sotavento algarvio.” (2004, vol. V, p. 209)

Os núcleos urbanos como Olhão ou Fuseta integram-se na segunda das unidades de paisagem referida, na qual a “presença de espaços edificados, concentrados ao longo de uma faixa contínua, sendo mais densos junto ao mar e mais dispersos no sentido do barrocal. Esta mancha de edifícios de natureza e tipologias muito diversificadas, sem coerência estrutura perceptível, confere à paisagem um aspeto claramente desorganizado.

(…) Esta unidade é bastante plana, estabelecendo-se uma forte relação visual com o mar só na proximidade da faixa costeira ou a partir dos pontos ligeiramente mais elevados, a norte, na transição para o Barrocal. A paisagem surge aqui e ali ainda pontuada por árvores como a alfarrobeira, a figueira e a amendoeira que sobrevivem à degradação das áreas expectantes em relação ao crescimento urbano”, de que serão bons exemplos as zonas interiores de Pechão, Quelfes ou Moncarapacho onde o território rural apesar das alterações das últimas décadas que resultaram em “formas expressões bastante dissonantes relativamente às que tradicionalmente marcavam esta paisagem. Mantêm-se algumas áreas agrícolas com uso diversificado, por vezes com alternância de sequeiro e regadio, de que resulta um retalhado mosaico com interesse cromático e que contribui para a relativa integração paisagística dos espaços edificados.” (2004, vol. V, p. 205)

São 130,86 km2 de área e cerca de 44.614 habitantes (INE, 2023) que, apesar da arqueologia atestar ocupação desde a Antiguidade, devem a fundação e desenvolvimento de Olhão à classe dos mareantes, que se instalaram na zona do atual Bairro da Barreta corria o século XVII. Foi, portanto, desde sempre localidade piscatória e de fortes ligações às demais artes do mar, como de resto acontece com a localidade da Fuseta. Em ambas se construíram bairros sociais, durante o Estado Novo, para responder às necessidades habitacionais desta classe: o Bairro de Casas para Pescadores, em Olhão e o Bairro de Casas para Pescadores, na Fuseta, núcleo que incluiu também a construção de uma Casa dos Pescadores.

Mas as carências da população não se esgotaram nas necessidades habitacionais para quem foram ainda construídos o Bairro Operário, o Bairro 28 de Setembro ou o Bairro Económico da Horta da Cavalinha, proporcionando habitação condigna ao elevado número de trabalhadores empregados na indústria conserveira, da qual Olhão se tornou uma das principais localidades algarvias – a par de Vila Real de Santo António e Portimão e Lagos – representante do sector na região, sendo inclusive sede do Grémio dos Industriais de Conservas de Peixe do Sotavento do Algarve.

Repartida entre o litoral e o barrocal as populações e respetivas economias – piscatória e industrial nas primeiras e agrícola nas segundas –, complementavam-se em termos de economia de subsistência, suprimindo, a umas e a outras, os produtos de que careciam. Moncarapacho e Fuseta, antigas sedes de freguesia e hoje unidas, eram exemplo desse modo de subsistência.

A localidade de Moncarapacho, foi das mais importantes freguesias do interior centro da região, cujo seu património arquitetónico pode testemunhar. Freguesia de terras agrícolas muito férteis e de grandes proprietários estava, no entanto, estagnada no início do século XX. Teve Grémio da Lavoura, onde de inscreveram os proprietários de terras e foi a segunda localidade a fundar uma Casa do Povo para assistir aos trabalhadores rurais, principalmente em tempos de grandes crises agrícolas de afetavam a região com alguma frequência.

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Equipamiento de la comunidad

Edificios y Conjuntos 38

Ubicación

País
Distrito Histórico (PT)
FaroDistrito Histórico (PT)

Documentación

Registros y Lecturas 4

A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, em 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas. 

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Olhão. Accedido en 23/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/comunidades/@id/15878

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).