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Testemunhos no Encontro EntardeCER: Assistência e Dinamização Local no concelho de Viana do Castelo

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Identificación

Título
Testemunhos no Encontro EntardeCER: Assistência e Dinamização Local no concelho de Viana do Castelo
Fecha
2024.11.21

Contenido

Registro de la Observación o Conversación

Evento público realizado pelas investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo em colaboração com o Centro de Estudos Regionais de Viana do Castelo e a iniciativa Arquitectura Aqui. Este encontro foi realizado no âmbito da iniciativa EntadeCER, no dia 21 de novembro de 2024, foi organizado e facilitado pelas investigadoras Ivonne Herrera Pineda e Catarina Ruivo e contou com a presença do doutor Ricardo Agarez, diretor do projeto Arquitectura Aqui. Gostariamos de agradecer o apoio do diretor e membros do Centro de Estudos Regionais e de maneira especial agradecer a todos os participantes pelas suas valiosas contribuições.

Seguem-se algumas informações partilhadas durante o encontro (só algumas pessoas são identificadas pelo seu nome):

Um participante lembra-se de a Casa do Povo de Vila Nova de Anha ser usada como centro médico e ir lá, talvez com sete ou oito anos de idade fazer curativos. O posto médico era “uma salazinha pequena” e rudimentar. Na Casa do Povo havia algumas atividades culturais, mas poucas. Pode confirmar que na altura dos anos 1945, 1947, 1950, havia teatro. Também se lembra de eventos como as eleições: a “votação para -isto no tempo do Estado Novo- para os diferentes deputados”. Comenta que a cotização para esta Casa do Povo era voluntária, não era obrigatória. Talvez houvesse um mínimo a pagar para as poucas atividades culturais que havia. Lembra-se de que os agricultores, geralmente, apoiavam com as cotizações e que havia bastante voluntariado na altura.

Um participante salienta o facto de que as Casas do Povo têm ligação ao meio rural e que para as cidades, existem outros tipos de centros. No caso de Viana do Castelo, menciona-se, por exemplo, o Museu do Traje como uma entidade que oferece atividades que normalmente têm lugar numa Casa do Povo, como ensino de macramé, bordados, corte e costura. Outro participante menciona que as Casas do Povo reuniam as pessoas para ver televisão e também eram o ponto onde eram atendidos os pacientes pelo médico. “Isto, posso-lhe dizer, fim dos anos 50, início dos anos 60”. Finalmente, uma participante comenta que em Areosa não há a Casa do Povo, mas há a Sociedade de Instrução e Recreio Areosense, que é uma sociedade que tem 100 anos.

Nesta conversa é mencionado que nos anos 70, o grupo folclórico da Casa do Povo de Santa Marta de Portuzelo foi dinamizado pelo doutor Sousa Gomes, que era um médico que na altura era famoso. Pela sua parte, o Rancho Folclórico de São Lourenço da Montaria, nos anos 40, 50, foi dinamizado pelo pároco. Existe um certo consenso quanto ao facto de os ranchos folclóricos unirem várias gerações, desde as crianças até aos mais velhos, e de isso ser positivo para estes grupos e para os jovens e crianças que aprendem saberes antigos.

Segundo o testemunho de um dos participantes, a figura do “torna-viagem” [migrante que geralmente volta de Brasil] tem importância na construção de equipamentos nas localidades. Em muitas escolas e outros edifícios aparece o nome do doador, do benfeitor que apoiou a construção do edifício, como no caso da escola primária em Meadela: “eu costumo dizer que foi malfeitor fora, torna-se benfeitor cá, e depois é comendador”.

Durante a conversa, um morador de Viana salienta que, no passado, quase não havia mobilidade, como acontece atualmente, pelo que as pessoas estavam muito fixas nas zonas rurais. Isto tornava centros como as Casas do Povo muito atrativos. Outra questão a ter em conta é que há freguesias, especialmente as montanhosas, cuja população é muito idosa e despovoada, o que torna difícil manter as Casas do Povo. 

Para algumas pessoas, a Casa do Povo parece ser uma instituição em extinção que se mantém por tradição. Um participante comenta que a Casa do Povo de Capareiros [Barroselas] desapareceu e que a Junta de Freguesia vai ser inaugurada lá em breve. Desapareceu como Casa do Povo porque há outros locais onde se realizam as atividades que ali se realizavam, como o pingue-pongue, o teatro ou outras atividades recreativas.

Outro participante refere que edifícios como as Casas do Povo ou escolas primárias que já não são utilizados para fins educativos foram reutilizados para fins comunitários pelas juntas de freguesia, tais como ranchos folclóricos, associações, centros cívicos.

José Salgado, Vice-presidente da Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo, diz que os bombeiros foram pioneiros em muitas atividades na cidade durante a sua história de 143 anos, com iniciativas como a banda musical, o infantário, o cinema ou o serviço de enfermagem. Por exemplo, criaram o serviço de socorros a náufragos 19 anos antes do serviço nacional do Instituto de Socorros a Náufragos. José também menciona o espaço para os bailes de Carnaval, dentro do quartel dos bombeiros, como um lugar relevante para a cidade que ainda hoje é recordado. Finalmente, salienta que o quartel tem vindo a evoluir e a expandir-se ao longo do tempo. Quando foi concebido, o edifício tinha apenas 5 portas e não tinha muitos carros para o lotar. Agora tem 9 portas e está cheio de carros, mesmo no parque de estacionamento e na rua, porque o edifício não tem capacidade para os muitos carros que são necessários atualmente.

José Salgado relata que, no início, o edifício dos bombeiros estava na zona do atual tribunal. Era um edifício precário e depois de ser parcialmente construído, houve dificuldades com o Ministério das Finanças porque queria que eles deixassem aquela zona. O Ministério das Finanças queria pagar 100 mil escudos, que era uma quantia baixa por um terreno que já era dos bombeiros e por um edifício que estava a meio construir. A direção recusou vender e propôs uma troca e o processo foi longo e demorado. Na conversa, Ricardo Agarez questiona como foi, ao longo do tempo, a resposta do governo central aos pedidos de apoio para as instalações dos bombeiros, focando nas ampliações. José Salgado refere que inicialmente era o Ministério das Obras Públicas que tratava dessas questões, sendo que a Administração Interna só interveio mais tarde.

O edifício da Sopa dos Pobres de Barroselas está em ruínas e não tem nada há muito tempo. Um participante acorda-se que em Viana do Castelo havia três locais com a função da Sopa dos Pobres: no convento de São Domingos, depois na igreja que optou por outro sistema de apoio aos carenciados; e a partir da Guerra Colonial, funcionava no castelo.

Durante a conversa também menciona-se a mútua dos pescadores, que tinha a função de apoiar os pescadores que necessitassem de apoio económico, por exemplo, para funerais, para acidentes ou crises. Não tinha ligação com a Casa do Povo e a Casa dos Pescadores funcionava em simultâneo com as Casas do Povo. Em Viana do Castelo tinha num prédio específico, localizado próximo da antiga junta de Monserrate. Existe ainda lá a placa do edifício.

A recolha e incorporação do testemunho oral foi elaborada por Ivonne Herrera Pineda, com base num evento público realizado em novembro de 2024.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2025) Testemunhos no Encontro EntardeCER: Assistência e Dinamização Local no concelho de Viana do Castelo. Accedido en 19/09/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/notas-de-observacion-o-conversacion/63941/testemunhos-no-encontro-entardecer-assistencia-e-dinamizacao-local-no-concelho-de-viana-do-castelo

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).