Escola Primária João Andrez, Alte, Loulé
A Escola Primária de João Andrez, localizada na freguesia de Alte, no concelho de Loulé, cuja construção estava prevista desde 1943 (no âmbito do Plano dos Centenários), começou a ser edificada a partir de 1955, quando a Delegação para as Obras de Construção de Escolas Primárias (DOCEP) selecionou o terreno, pertencente a J.L.I. Coelho, para a construção do edifício. O terreno escolhido, localizado na área geográfica que constituía o núcleo escolar de Alte, apresentava um relevo acidentado, próprio da Serra do Caldeirão. Essa escolha foi justificada pela impossibilidade de encontrar outro terreno com características mais adequadas. A obra foi projetada para ser uma escola de uma única sala, de natureza mista, destinada a atender a população escolar num raio de 3 km dentro do referido núcleo escolar que contava com outra escola de duas salas, do tipo gémeo, na Aldeia de Alte.
A proposta do croqui para a implantação do edifício foi submetida à aprovação superior no dia 24 de fevereiro de 1955. O projeto previu a regularização do terreno e a construção de um muro de vedação padrão, além de um sistema de abastecimento de água que utilizaria uma cisterna para recolher águas pluviais. Os esgotos seriam ligados a uma fossa séptica, que também faria parte da obra, na fase de obras complementares. A área total do terreno era de 1.700 m², abaixo dos 2.000 m² legalmente exigidos, mas a proposta foi aprovada em março de 1955.
Em julho de 1955, a Câmara Municipal de Loulé (CML) informou à DOCEP que o terreno estava disponível para o início das obras. O orçamento, para a construção da escola adjudicada ao engenheiro e empreiteiro farense Aníbal de Brito, foi estimado em 122.980 escudos. No final de 1956, o processo de licitação para as obras complementares foi iniciado, e o orçamento para essa parte foi fixado em 27.877 escudos. A construção das obras complementares foi adjudicada ao empreiteiro Sérgio Caiado Raminhos, que apresentou a única proposta válida. As obras incluíam a criação de uma plataforma ao redor do edifício, calçada de pedra miúda, construção de um muro de vedação, uma cisterna e depósito para abastecimento de água e uma fossa séptica.
O início da obra foi autorizado em 31 de dezembro de 1956, com a assinatura do auto de vistoria e medição. Em 27 de abril de 1957, a obra estava concluída e o edifício foi entregue à Câmara Municipal de Loulé, conforme estipulado por Portaria. A receção provisória das obras foi formalizada em dezembro de 1957.
No entanto, em outubro de 1959, a escola enfrentou problemas estruturais, relatados pela regente do Posto Escolar que funcionava no edifício. Os arcos do alpendre estavam danificados e o solo apresentava sinais de deterioração. O problema foi reportado à DOCEP, que considerou antecipar as obras de conservação que estavam previstas para 1962.
Análisis
Esta escola, concluída em 1957, constitui um marco histórico do esforço do município em colaborar de forma efetiva na implementação do Plano dos Centenários de 1943, especialmente em zonas mais afastadas, como a Serra do Caldeirão. Projetada como um edifício de uma sala mista, reflete, por um lado, as limitações económicas, mas por outro, sublinha a adequação do projeto ao número reduzido de alunos a que se destinava, uma situação frequente nas escolas do interior rural.
Tem a particularidade do terreno escolhido para a sua construção estar situado numa região com características geográficas desafiadoras, típicas da Serra do Caldeirão. Esta dificuldade geográfica levou à aprovação de um terreno com área abaixo do legalmente exigido e à sua regularização, o que evidencia o esforço para adaptar o local às necessidades da construção escolar.
Em termos de similaridades, esta escola segue o projeto-tipo Alentejo e Algarve (1 sala-misto) da autoria do arquiteto Alberto Aires Braga de Sousa, elaborado para a zona sul do país no contexto do Plano dos Centenários, e que foi usado até à sua revisão em 1956 nas escolas destinadas a pequenas localidades rurais, onde a densidade populacional escolar era baixa, e os custos de construção precisavam ser reduzidos. O tipo de obras complementares previstas, como muro de vedação, cisterna e depósito para recolher águas pluviais e fossa séptica, eram também soluções frequentemente adotadas em escolas rurais que precisavam de infraestruturas básicas para garantir o funcionamento das atividades escolares, muitas vezes em locais sem acesso a redes de abastecimento público.
Geograficamente, a escola encontra-se na freguesia de Alte, na localidade de João de Andrez no interior do concelho de Loulé, já em plena região da Serra do Caldeirão; e cronologicamente, insere-se na segunda metade da década de 1950, iniciada ainda antes da revisão do Plano em 1956.
O edifício reflete a resposta às exigências geográficas, sociais e educacionais da época. A forma do edifício, simples e funcional, com uma única sala de aula, é característica das escolas rurais do Plano dos Centenários, priorizando a redução de custos à separação dos sexos. A função educativa - grau elementar - destinava-se a uma população dispersa e rural, no interior da Serra do Caldeirão, onde as condições e os acessos eram limitados. A relação com o contexto reflete o compromisso do Estado Novo e do Município em expandir a rede escolar às zonas rurais do concelho, embora as limitações de terrenos, com as características exigidas, e dos recursos mostrassem as dificuldades enfrentadas na implementação de soluções adequadas para um ambiente geograficamente isolado e com recursos limitados.
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Ubicación
Estado y Utilización
Documentación
A informação constante desta página foi compilada e redigida por Tânia Rodrigues, em outubro de 2025, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.
Para citar este trabajo:
Tânia Rodrigues para Arquitectura Aqui (2025) Escola Primária João Andrez, Alte, Loulé. Accedido en 06/11/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/23128/escola-primaria-joao-andrez-alte-loule


























