Cooperativa Agrícola de Viana do Castelo e Caminha, Viana do CasteloEdifício do Grémio da Lavoura, Viana do Castelo
O atual edifício onde, em 2024, funcionavam as instalações da Cooperativa Agrícola de Viana do Castelo e Caminha, foi inicialmente projetado por Paulo Cunha, em 1949, para instalação da Sede do Grémio da Lavoura de Viana do Castelo. O projeto previa a construção de um conjunto de três edifícios: um destinado à sede e dois que, afastados da rua, teriam características “essencialmente utilitárias.
Em 1952, o conjunto encontrava-se em construção. No entanto, a sua proximidade ao cemitério, à Cadeia Comarcã, ao Liceu e ao Hospital Militar, levantava questões relativas à legitimidade da sua localização. Por um lado, os problemas apontados referiam-se à própria natureza do edifício, que incluiria posto zootécnico e posto de cobrição. Uma carta da Comissão dos Amigos dos Amigos do Património de Viana do Castelo expunha, em detalhe, os inconvenientes da localização do Posto de cobrição em construção pelo Grémio da Lavoura, que iriam desde uma influência nociva sobre os estudantes do liceu, à profanação do terreno outrora pertencente ao Convento dos Franciscanos Capuchinhos. Por outro lado, as entidades oficiais questionavam-se sobre se a localização respeitava as zonas de proteção do Liceu e da Cadeia.
Entre julho de 1952 e fevereiro de 1953, tanto o Grémio da Lavoura como a Câmara Municipal de Viana do Castelo explicaram que o edifício se destinaria à instalação pecuária para depois distribuir pelos diferentes postos de cobrição na área do grémio, não se julgando desadequada a sua localização e, em maio de 1953, a Direção-Geral dos Serviços de Urbanização informou nada ter a opor quanto à construção da sede, mas que mantinha dúvidas quanto à construção de estábulos dentro da cidade, recomendando que fosse negada licença para esse fim. No entanto, segundo ofício camarário de fevereiro, os estábulos já se encontrariam então construídos.
Entre 1954 e 1957, o Grémio da Lavoura recebeu uma comparticipação do Ministério das Obras Públicas, no valor de 223.200$00, que foi sendo reforçada ao longo dos anos.
Os trabalhos de construção do edifício-sede foram iniciados em abril de 1955, em regime de administração direta que, após reprovação inicial, foi eventualmente aprovado pela Direção-Geral dos Serviços de Urbanização após encontro pessoal entre o presidente da direção do Grémio da Lavoura, Gaspar de Castro, e o diretor da Direção-Geral.
A nova Sede do Grémio da Lavoura de Viana do Castelo foi inaugurada em março de 1957.
Meio ano mais tarde, planeava-se já a ampliação do edifício. O presidente justificava a necessidade desta obra por ter sido delegada no Grémio de Viana a “organização e execução de todos os serviços emergentes da aplicação das disposições do Decreto-Lei n.º 39.178 e relativos à recolha do leite produzido pelos bovinos leiteiros nas áreas de acção” dos Grémios de Ponte de Lima, Vila Nova de Cerveira, Barcelos e Esposende.
O projeto de ampliação foi aprovado em meados de 1958 e, em setembro, concedida ao Grémio uma comparticipação de 40.000$00, posteriormente reforçada com 38.000$00. Após atrasos causados pela intensidade do Inverno, os trabalhos foram iniciados em julho de 1959 e concluídos em novembro de 1960.
Notas
O edifício do antigo Grémio da Lavoura de Viana do Castelo situa-se na freguesia de Santa Maria Maior: uma das freguesias centrais da cidade de Viana do Castelo, que se foi urbanizando em grande medida durante o século XX. Assim, o Grémio aparecia na vizinhança de equipamentos como a Cadeia Comarcã e o Liceu, e de conjuntos habitacionais construídos com apoio do Estado, como o Bairro de Casas Económicas do Jardim e o Bairro da Previdência. Posteriormente, a zona continuou a crescer, tendo-se construído a Piscina e o Pavilhão Municipal, a Escola Básica Frei Bartolomeu dos Márties e a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
O edifício situa-se num prolongamento da Estrada Nacional 202, a Avenida Capitão Gaspar de Castro, que se prolonga desde o porto de Viana para nascente, até Ponte de Lima, assegurando assim o acesso fácil a toda a área de atuação do Grémio.
As instalações da nova Sede do Grémio da Lavoura de Viana do Castelo eram originalmente compostas por um conjunto de três edifícios. O primeiro, destinado à sede, desenhou-se com “características arquitectónicas que marcam bem o edifício público”, e definia o gaveto entre a Avenida Capitão Gaspar de Castro e a Rua Guerra Junqueiro com um volume semicircular, definido por um corpo central de dois pisos e dois corpos laterais térreos. Durante o processo de ampliação, estes corpos receberam um segundo piso, desenhando-se na continuidade do corpo central.
No primeiro instalavam-se serviços públicos, do pessoal, de direção e de laboratório. No segundo, dispunha-se “uma grande sala destinada a museu, biblioteca e sala de conferências, servida por um pequeno gabinete para recolha de impressos e publicações”.
Nos segundos, afastados da rua e com “características essencialmente utilitárias”, encontravam-se as dependências agro-pecuárias - elaboradas de acordo com as indicações da publicação “Instalações Agrícolas”, do engenheiro Botelho de Macedo. Organizavam-se nestes os estábulos, armazéns e garagem, as instalações do abegão e a moradia do guarda.
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Ubicación
Estado y Utilización
A informação constante desta página foi redigida por Catarina Ruivo, em agosto de 2024, com base em diferentes fontes documentais.
Para citar este trabajo:
Arquitectura Aqui (2024) Cooperativa Agrícola de Viana do Castelo e Caminha, Viana do Castelo. Accedido en 21/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/36270/cooperativa-agricola-de-viana-do-castelo-e-caminha-viana-do-castelo