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Mercado Municipal, Viana do CasteloEdifício da Federação Nacional dos Produtores de Trigo, Viana do Castelo

O atual edifício do Mercado Municipal de Viana do Castelo foi projetado em 1958 para a Federação Nacional dos Produtores de Trigo, como edifício destinado ao armazenamento e secagem de milho, e serve de instalação ao Mercado desde o início da década de 2000, altura em que foi demolido o seu edifício próprio.

O primeiro edifício para Mercado Municipal de Viana do Castelo foi construído em 1892, entre a Igreja das Almas e a marginal da cidade. Passados quase setenta anos, e, dezembro de 1960, um ofício da Direção de Urbanização do Distrito de Viana do Castelo considerava o edifício insuficiente para a afluência do Mercado, e indicava ter sido já elaborado um anteprojeto para um novo edifício.

Este projeto, do arquiteto João Andresen, localizava-se nas traseiras do existente, que vinha substituir. Na sua elaboração, o arquiteto procurou uma “solução mais descontraída e desdobrada, em relação a uma solução maciça (…) em vez de uma só peça, de grandes proporções, obrigando a estruturas caras e a perdas de espaços cobertos, uma solução baseada na consideração de dois corpos distintos, que através dum pátio interior de ar livre se fundem num todo variado e rico de perspectivas tanto interiores, como exteriores”. Considerava o pátio “um ambiente propício à característica animação de um Mercado, prevendo-se aqui sobretudo o movimento de venda de flores”, não se pondo de parte, “inclusivamente (…), a ideia de prolongar o local de venda de flores para a própria praça, situada a Nascente, por onde se fará a entrada principal do edifício, dispondo de pequenas banquetas, em pedra, cobertas com guarda-sóis ou toldos, de forma a dar-se ao conjunto aquela riqueza de cor e animação tão próprias do Minho”.

O projeto foi aprovado em agosto de 1962, a empreitada adjudicada em dezembro do mesmo ano, por 5.166.670$00, e a obra foi concluída em dezembro de 1965. No mesmo ano, foi demolido o antigo mercado. No terreno que a sua demolição libertou, construiu-se, na década de 1970, um edifício de habitação - o denominado “Prédio Coutinho”.

Passados 40 anos de existência deste novo edifício, o Regulamento do Plano de Pormenor do Centro Histórico de Viana do Castelo, inserido no Programa Polis, de 2002, previa a sua demolição e a construção de um novo Mercado no terreno do original, "que reproduza, na sua forma, o mercado que aí existiu". No ano seguinte, foi demolido o edifício do Mercado, sendo construído, no seu lugar, um Conjunto Habitacional com projeto do Atelier 15.

Os comerciantes do Mercado foram, então, relocalizados no edifício da Federação Nacional dos Produtores de Trigo, com a perspetiva de que esta relocalização seria temporária, pelo prazo de 3 anos. Em 2007, a Câmara Municipal de Viana do Castelo adquiriu o edifício. Hoje, ainda é lá que se encontram os comerciantes que continuam a vender os seus produtos no Mercado. Entre aqueles com quem pudemos conversar em visita a Viana do Castelo em 2024, é unânime a impressão de que a relocalização do Mercado desde o centro da cidade para uma zona mais periférica foi prejudicial para o seu funcionamento. A localização central, que se articulava com outros comércios e serviços da cidade, facilitava a visita não propositada por pessoas que se deslocavam ao centro ou passeavam na zona marginal. O Mercado encontrava-se, em 2024, parcialmente vazio. Se parte do seu esvaziamento é atribuída pelos comerciantes que lá continuam à alteração da localização do Mercado, os mesmos salientam o papel que as grandes superfícies tem desempenhado na alteração dos hábitos de consumo da população local. Nas conversas, os comerciantes salientaram, principalmente, a expansão dos hipermercados até às pequenas aldeias do concelho, resultando numa diminuição da deslocação destas pessoas às freguesias centrais.

Se todos os comerciantes conhecem a intenção de construção de um novo edifício para o Mercado - anunciada com a demolição do Prédio Coutinho em 2022 - ao fim de mais de duas décadas, muitos deles mostram-se céticos relativamente ao tipo de mercado que será favorecido. Outros, que acompanharam ao longo das suas vidas as histórias de três edifícios distintos, demonstram já pouca vontade de conhecer um quarto.

Si tiene alguna memoria o información relacionada con este registro, por favor envíenos su contributo.

Notas

Análisis Compuesta de Forma, Función y Relación con el Contexto

O edifício da Federação Nacional dos Produtores de Trigo situa-se numa área próxima do centro histórico de Viana do Castelo - do qual é dividida pela linha férrea e pela Estrada Nacional 202 - que, na altura da sua construção, se encontrava em processo de expansão urbana. Existiam já, na sua proximidade, os edifícios da Cadeia Comarcã, do Horto Municipal e do Liceu, tendo sido recentemente concluídos o Bairro da Previdência, o Edifício da Administração Florestal e o edifício vizinho, pertencente ao Grémio da Lavoura. O Bairro de Casas Económicas do Jardim encontrava-se em construção. Mais tarde, após o 25 de Abril de 1974, desenvolveu-se um polo desportivo junto ao Liceu, agora Escola Secundária de Santa Maria Maior.

O edifício é composto por 2 corpos, sendo o primeiro - que constitui a sua parte frontal - originalmente destinado à receção do milho, armazém de sacaria e instalação de secagem, e o segundo às instalações das tulhas do cereal e aparelhagem de elevação e transporte do mesmo”. Em termos construtivos, o edifício é composto por uma estrutura de pilares em vigas e betão armado, com cobertura em laje de duas águas, em tijolo armado, a qual, segundo a memória descritiva do projeto, permitia “reduzir consideravelmente o desenvolvimento de algerozes e eliminar totalmente tubos de queda no interior do edifício”, de forma a “reduzir ao máximo o volume de betão armado e a eliminação quase total das cofragens, utilizando-se elementos pré-fabricados” em betão da Sociedade de Prefabricação Novobra.

Alguns comerciantes do mercado, utilizadores atuais do edifício, notaram em conversa que este não é totalmente adequado às necessidades da sua nova função. Explicam, por exemplo, como a localização de postos de venda de fruta e legumes no primeiro piso resultava na deterioração rápida dos produtos devido ao calor. Referem também que o edifício é muito fechado para funcionar como mercado. Por outro lado, valorizam o parque de estacionamento que existe entre o edifício e o passeio principal.

Momentos-clave (clique abajo para más detalle)

Fecha de Conclusión
post. 1958
Actividades 2

Ubicación

Comunidad
Morada
Av. Cap. Gaspar de Castro 119, Viana do Castelo
Distrito Histórico (PT)
Viana do CasteloDistrito Histórico (PT)
Contexto
CosteiroContexto
UrbanoContexto

Estado y Utilización

Estado
ConstruidoEstado del Edifício o Conjunto
Otros Usos

Fórum

Documentación

Registros y Lecturas 2

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Mercado Municipal, Viana do Castelo. Accedido en 21/11/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/36596/mercado-municipal-viana-do-castelo

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).