A construção de um novo edifício-sede para a Casa do Povo de Beringel tornou-se uma prioridade da instituição a partir de 1953, ano em que, segundo relatório da Inspeção dos Organismos Corporativos (IOC) datado de 1958, o imóvel onde funcionava foi adquirido "e é no terreno que ele ocupa que será construída a nova sede associativa, cujo projeto já está elaborado e parcialmente pago." Este relatório é particularmente elogioso da gestão da entidade e veemente quanto à necessidade de novas instalações:

“A Casa do Povo de Beringel é uma das consoladoras realidades da organização corporativa dos trabalhadores rurais alentejanos. (...) tem visto aumentar, de ano para ano, a eficiência dos seus serviços e o seu prestígio local e regional. (...) A instituição não possui ainda as instalações que merece e a sua actividade, tanto em Beringel quanto em Trigaxes [sic], plenamente justifica." A aquisição do imóvel e do projeto para a sua substituição constituiriam "os primeiros passos no sentido de as conseguir."

Outras passagens do relatório retratam a população utente dos serviços da Casa do Povo e as suas valências, além de outros detalhes relevantes sobre o seu funcionamento (v. relatório), em tom característico do período e do discurso oficial dos serviços governamentais:

"A população associativa está predominante dividida pelas aldeias e ‘montes’ das freguesias de Beringel e Mombeja, mas a Casa do Povo abrange também (alvará de 5 de Março de 1952) algumas secções da de São Brissos. Os centros habitacionais mais importantes são Beringel, Trigaxes e Mombeja, onde um dia deverão ser postos a funcionar serviços descentralizados da sede associativa (médicos, biblioteca, recreio, etc.).

Apesar de não possuir ainda a sede que necessita, para poder desenvolver, como convém, certas modalidades da vida associativa, tais como o recreio, a cultura e a convivência, a Casa do Povo tem grande frequência nas épocas em que o tempo e o trabalho agrícola o permitem. (...)

Em matéria de previdência e assistência, a Casa do Povo possui um valioso esquema de modalidades facultativas, muito semelhante ao das demais do distrito, e que, com as obrigatórias, forma um conjunto que na verdade protege os sócios efectivos e mais beneficiários na doença e na invalidez e contribui para o revigoramento da grei, por meio do estágio periódico de crianças na Colónia Balnear de Vila Nova de Milfontes."

O papel da instituição e a verdadeira fragilidade da situação socioeconómica dos seus associados ficam também patentes em relato do presidente da Assembleia Geral da Casa do Povo datado de fevereiro de 1951 e levado ao conhecimento da IOC:

"Esta Casa do Povo tem inscritos 912 sócios efectivos.

Cerca de metade aproximadamente destes nossos associados são alguns ceareiros [sic], isto é trabalhadores rurais que não trabalham por conta de outrem e os restantes constituem o quadro permanente das várias casas agrícolas da região.

A outra metade é constituída por trabalhadores rurais que trabalham eventualmente em várias casas agrícolas, a maioria fora da área desta Casa do Povo.

Em virtude da fraquíssima colheita de azeitona passou esta população por uma situação verdadeiramente angustiosa durante os meses de Novembro e Dezembro, época da sua colheita.

A partir de princípios de janeiro começou um excesso de chuvas não permitindo que se pudesse realizar muitos trabalhos de campo, como mondas e vários arranjos de vinhas, que já nessa altura se deviam andar a fazer."

Apesar de diligências de proprietários locais e da Junta de Freguesia, "não tem sido possível evitar que cerca de 200 dos nossos associados há aproximadamente 50 dias vagueiem pelas ruas destas povoações pedindo esmola, numa situação verdadeiramente impressionante."

Pedia então a direção da Casa do Povo que "a Junta de Freguesia de Beringel [fosse] dotada com meios que a habilit[ass]em a prosseguir nas obras em curso e um subsídio especial de 30.000$00 a esta Casa do Povo, para em estreita colaboração com a Junta de Freguesia desenvolver trabalhos em caminhos vicinais onde possa empregar tantos dos nossos associados que neste momento se veem a braços com a maior miséria."

Em outubro de 1958, a construção do edifício foi apoiada financeiramente pelo Fundo de Desemprego através do Ministério das Obras Públicas com uma comparticipação de 50.000$00.

O processo de projeto e construção é referido, ainda que de passagem, em novo relatório da IOC datado de janeiro de 1960: através deste ficamos a saber que "o esboço do projeto da nova sede, encontrava-se exposto" nas instalações provisórias da Casa do Povo (enquanto duravam os trabalhos de demolição do antigo edifício e construção do novo) e que "já o havia estado na antiga sede."

Segundo a publicação Obras Públicas Concluídas em 1962, do Ministério das Obras Públicas (1963), a construção do edifício-sede da Casa do Povo de Beringel, Beja, foi concluída naquele ano de 1962; uma fotografia da obra finalizada foi incluída no volume. A estrutura, de betão armado com paredes exteriores em alvenaria de pedra e interiores em alvenaria de tijolo, pavimento do segundo piso e esteira formados por lajes de tijolo e cobertura de telha, foi erguida segundo projeto (de estabilidade) da autoria do Agente Técnico de Engenharia Luís Ramos Martins.

Em 2024, o edifício continuava a albergar uma instituição de apoio e solidariedade social, o Centro Social e Cultural da Casa do Povo de Beringel.