Edifício do Fórum Cultural de Porto de MósCasa do Povo de Porto de Mós
Embora a Casa do Povo de Porto de Mós tenha sido criada em 1956, a construção da sua sede somente se concretizou no final da década de 1970, após o ocaso da ditadura do Estado Novo.
Já na década de 1930 fora tentada, sem sucesso, a criação de uma casa do povo em Porto de Mós, conforme atesta a documentação consultada. Atendendo ao facto de que a maioria da população da vila vivia da agricultura, foi submetido um pedido para criação de uma casa do povo junto do Instituto Nacional do Trabalho e da Previdência em 1953. O processo foi analisado durante dois anos, considerando a norma de apenas consentir a criação de novas casas do povo no caso de completa demonstração de “que o interesse na sua criação não parte apenas dalguns interessados, sem projeção na maioria dos rurais, e que existem outros fatores de ordem material que permitam concluir sobre as possibilidades de vida do novo organismo”. A cautela aumentou, pois, aparentemente, o distrito de Leiria era avesso a estes organismos, com elevada percentagem deles em estado inativo. Nas primeiras duas décadas de existência, a Casa do Povo de Porto de Mós foi instalada num edifício arrendado à câmara municipal, em zona central – no local onde veio a ser construído o edifício ocupado em 2025 pelos CTT –, com funcionamento de um posto médico noutras dependências. Possuía um aparelho de rádio e um televisor, dinamizava algumas atividades culturais e recreativas e concedia subsídios de invalidez. Logo em 1962 registou-se a inatividade do organismo e a dificuldade de angariar dirigentes adequados e eficientes.
No entanto, um relatório de inspeção levado a cabo em 1965 registou que seria possível concretizar a construção de uma sede própria, atendendo aos meios de que o organismo dispunha. A ideia de concentração dos serviços dispersos, que acarretava inconvenientes, foi novamente reforçada numa inspeção em 1971. Nesse ano, segundo testemunho de António Almeida baseado em documentação à guarda do Fórum Cultural de Porto de Mós, foi feito um pedido à câmara municipal para elaborar um projeto para a nova sede. Planeou-se implantar o edifício em terrenos que a Casa do Povo adquiriu através de receitas próprias, numa zona que então era atravessada por uma estrada nacional, constituindo os arrabaldes da vila.
O projeto foi pago pela Junta Central das Casas do Povo, não se tendo conseguido identificar o seu autor. A construção foi adjudicada ao empreiteiro José Faustino dos Santos, com início dos trabalhos em 1975, numa altura de forte ebulição política. Apesar de o edifício estar praticamente concluído em 1976, apenas foi terminado dois anos depois. Conforme recordou António Almeida, os primeiros anos na nova sede foram marcados pela agitação política que se vivia no pós-revolução, vindo os cargos dirigentes a ser ocupados essencialmente por afiliados do CDS, o que terá condicionado a adesão de uma parte da população ao organismo e levou a situações de prejuízo.
Na nova sede nunca funcionou a assistência médica, dado que essa vertente foi extinta com a transição para a democracia em 1974. No entanto, os serviços da Segurança Social funcionaram durante alguns anos no edifício. A Casa do Povo matinha atividades recreativas e desportivas, como o grupo de música e o grupo de karaté, por ser a única instituição do género na vila.
Em 2009, a Casa do Povo de Porto de Mós foi extinta e constituiu-se o Fórum Cultural, com funcionamento no edifício para desenvolvimento de atividades culturais e recreativas. O Fórum Cultural agrega várias associações autónomas do concelho que não possuíam instalações; em 2024, integrava o grupo coral, o grupo de teatro Trupêgo, a Banda Recreativa Portomosense, a escola de karaté e a associação cultural O Castelo, para além de colaborar com a câmara municipal e a junta de freguesia, disponibilizando as instalações para atividades como o judo. Porém, António Almeida reconheceu a dificuldade na manutenção do edifício e em angariar dirigentes e sócios, pela falta de interesse generalizado que nota no associativismo por parte de várias gerações. Não obstante, têm realizado obras de adaptação mediante as possibilidades financeiras do Fórum Cultural.
Análisis
O edifício de aspeto compacto localiza-se numa das vias de acesso à vila, numa zona que à data da sua construção não estava urbanizada. Distribui-se por dois pisos, destacando-se o amplo salão com palco, com um elevado pé direito. Os guichets na zona da entrada que foram utilizados pela Segurança Social vão ser convertidos em cozinha. Há salas para prática de desporto, e no piso superior há salas utilizadas pelas associações, que anteriormente constituíam a zona social da Casa do Povo, onde se realizavam bailes e havia televisor e mesas de jogos.
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Ubicación
Estado y Utilización
Documentación
A informação constante desta página, redigida por Ana Mehnert Pascoal, em maio de 2025, foi reunida através de diferentes fontes documentais e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher em Porto de Mós. Conta com o testemunho de António Almeida, a quem muito agradecemos.
Para citar este trabajo:
Ana Mehnert Pascoal para Arquitectura Aqui (2025) Edifício do Fórum Cultural de Porto de Mós. Accedido en 05/09/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/56542/edificio-do-forum-cultural-de-porto-de-mos