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Lagoa

Lagoa é um concelho relativamente recente na história administrativa da região algarvia. Foi criado por alvará de 16 de janeiro de 1773 e deve ser entendido “no todo mais amplo de um projeto de reforma política administrativa que incluiu também a extinção do concelho de Alvor, a criação do concelho de Monchique e, no extremo oriental algarvio, a criação de raiz de Vila Real de Santo António, cujo concelho conduziu à extinção do de Cacela” (Fidalgo, 2024).

Desanexado do concelho de Silves, Lagoa inclui, nos seus 88,25 km2 de área, os lugares que pertenceram a Alvor, e que constituem parte das suas quatro freguesias – Estômbar e Parchal; Ferragudo; Lagoa e Carvoeiro; e Porches –, reorganizadas em 2013.

Lagoa, que se tornou sede de concelho estava “em franco crescimento demográfico (…) encontrando-se bastante à frente de localidades (…) como era o caso de Albufeira, Loulé, Vila Nova de Portimão ou Castro Marim. Ainda mais significativo, possui nesse ano [1773] quatro vezes mais habitantes do que a sede do seu próprio concelho, Silves. Acrescia que, de facto, a posição estratégica de Lagoa nos principais eixos viários da região que facilmente ligavam essa localidade ao Alentejo e, consequentemente, ao restante reino de Portugal, (…) foram cruciais para potenciar a circulação de pessoas e de mercadorias.” (Fidalgo, 2024)

 Aliada à sua posição privilegiada, uma agricultura e pescas férteis e uma exploração industrial dos recursos marinhos proveitosa, constituíram a base da economia do concelho, até meados do século passado. "Entretanto (…) a riqueza agrícola neste concelho, por razões específicas e sobejamente conhecidas, começou, a partir dos começos do século XX, a perder o verdadeiro significado que a acompanhava, de antiga e forte expressão económica, sendo que enormes dificuldades surgiram (…). Assim, o concelho, (…) caiu no marasmo, entrou na calha fatal dos municípios pobres que tinham de viver com os diminutos recursos naturais de que dispunham, sabendo-se, entretanto, como foi débil a produção e deficiente a valorização do produto, nomeadamente durante o primeiro quartel e grande parte do segundo do século XX.

Coube aos frutos secos - amêndoa, figo, uva, azeitona e alfarroba - ser a grande 'muleta' do agricultor, que neles encontrava grande parte da sua salvação económica anual, em especial os pequenos proprietários. A laboração das adegas, fumeiros (amêndoa e figo) e lagares de azeite, fornecendo trabalho a muito homens e mulheres durante largas semanas em cada ano, ajudava a minorar a debilidade financeira de grande parte da massa trabalhadora.

Igualmente não pode ser esquecida, porque de relevante importância na economia do concelho, a excelente contribuição prestada pelas fábricas de conserva de peixe, que aqui laboraram (…) com destaque para a primeira metade do século XX (…) o referido sector industrial foi-se apagando, até que, entrando na rampa do declínio, se extinguiu.

Entretanto, nos anos sessenta chega o Turismo, indústria desconhecida para a quase totalidade das populações do Sul, mas vem marchetada de belas cores imbuída de sedutoras expectativas, afinal, uma faca de dois gumes que, em todo o Algarve, por não ter sido bem afiada em ambos os lados, dificultou, melhor, não permitiu cortar direito os caminhos sinuosos e viciados pelos estigmas do improviso, da oportunidade e do interesse desmedido." (Santos, 2001)

Com todas as freguesias banhadas pelo oceano, o “concelho de Lagoa possui um trato de costa do mais belo que existe em todo o Algarve. Se bem que não muito extenso, nele permanece a harmonia e o encanto de uma natureza privilegiada” (Santos, 2001). A localidade de Carvoeiro é resultado da abertura da região ao turismo o qual impulsionou um acelerado desenvolvimento do concelho a partir dos finais da década de 1960, em especial nas zonas junto à costa, tornando-se no principal motor da economia local, mas também o principal responsável pela descaracterização urbanística e arquitetónica de alguns núcleos.

Entre os concelhos de Silves e o de Portimão, do qual está separado pelo Rio Arade, o concelho de Lagoa tem vindo demograficamente a crescer desde então, atingindo os 23.725 habitantes (INE, 2023). Recebeu ao longo do século XX, entre a sede do concelho e as freguesias, pouca atenção do Governo e os parcos melhoramentos urbanos que viu construir são disso testemunho. Destacamos: o Bairro de Casas para Pescadores, construído em Ferragudo (apenas a primeira fase); o matadouro municipal a nascente do núcleo urbano de Lagoa; os balneários públicos, em Estômbar; a Adega Cooperativa de Lagoa; ou o conjunto de escolas primárias construídas ao abrigo do Plano dos Centenários distribuídas pelo concelho.

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A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, em 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas. 

Contou, com a preciosa colaboração da Câmara Municipal de Lagoa (CML), através dos serviços e dos técnicos do seu Arquivo Municipal. A fotografia aérea que ilustra esta página foi gentilmente cedida pelo Gabinete de Comunicação e Imagem (GCI) da CML, no âmbito desta colaboração com o Projeto ArchNeed. À instituição e aos técnicos envolvidos deixamos aqui expresso o nosso muito obrigada.

To quote this work:

Arquitectura Aqui (2024) Lagoa. Accessed on 21/11/2024, in https://arquitecturaaqui.eu/en/communities/15881/lagoa

This work has received funding from the European Research Council (ERC) under the European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement No. 949686 - ReARQ.IB) and from Portuguese national funds through FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., in the cadre of the research project ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).