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Loulé

Loulé é um dos 16 concelhos que compõem a região algarvia. Localiza-se na zona do Algarve central, é o concelho mais populoso da região, com cerca de 72.332 habitantes (INE, 2023), e o que maior área ocupa, com 763,67 km2, subdividido em nove freguesias – Almancil; Quarteira; São Clemente; São Sebastião; Boliqueime; Querença, Tôr e Benafim; Salir; Alte; e Ameixial –, algumas das quais unidas em resultado da reorganização administrativa de 2013. Estende-se entre o litoral, o barrocal e a serra, confina, parcialmente com a Ria Formosa, e com o oceano Atlântico, a sul, e faz fronteira com a região alentejana, a norte. A oriente e a ocidente confina com os concelhos algarvios de São Brás de Alportel, Alcoutim, Tavira e Faro e os de Albufeira e Silves, respetivamente.

A escritora Lídia Jorge descreveu, assim poeticamente, a paisagem de Loulé:

“Aqui, a terra é boa, o Sol brilhante, as praias amplas, a ria imensa, o mar tranquilo. Os Montes são uma ondulação suave que a norte se transforma numa serra feita de infindáveis punhos fechados. Seios de terra. Um oceano de dunas antigas abandonadas pelo mar, no tempo das primeiras conhas e dos primeiros arbustos ainda sem flores. Aqui, tudo fala de um tempo antes da História, em que a África estava unida à Europa, e ao mesmo tempo tudo o esconde. Depois, muito mais tarde, quando as ervas deram flores, e já existiam homens para colhê-las, levas sucessivas de povos do mundo pré-histórico aqui vieram fixar-se, porque ali havia terra boa, sol brilhante e mar tranquilo, e era após era, foram deixando um rasto das suas mãos fabricadoras no solo generoso que habitaram.” (2017, p. 26)

De facto, a ocupação do território concelhio remonta à pré-história e, com maior ou menor intensidade e/ou concentração, este território foi sendo (re)ocupado ao longo dos séculos por povos ligados ao mundo mediterrânico, que reconheceram no Algarve central as qualidades morfológicas e hidrográficas propícias ao assentamento e florescimento de comunidades piscatórias (pesca e seus derivados), no litoral, e agrícolas (de sequeiro e de regadio) e de pastoreio, no barrocal e na beira serra. Todas estas atividades, constituíram ao longo do tempo a base económica do concelho e contribuíram para que Loulé fosse desde cedo um importante centro comercial, em articulação com Faro, mas também com o Alentejo.

O concelho desenvolve-se entre dois Grupos de Unidades de Paisagem – “Serras do Algarve e do Litoral Alentejano” e “Algarve” –, mais precisamente nas unidades de paisagem da “Serra do Caldeirão”, do primeiro grupo, e de “Barrocal Algarvio” e “Litoral do Centro Algarvio”, do segundo grupo. (2004, vol. V)

Ramos-Pereira define-nos, no entanto, o território de Loulé nos parâmetros tradicionais: “A Serra domina 45% do concelho. É constituída por rochas de xisto com grandes declives e barrancos, cobertos de vegetação espontânea onde o sobreiro é o recurso mais importante. Os solos são pobres e de difícil acesso, por isso a exploração florestal, a silvicultura e a pastorícia são o principal modo de vida da população.

O Barrocal ocupa 40% do concelho. (…) Tem bons solos agrícolas, com citrinos e hortícolas. Daqui se extrai 17% da produção de sal-gema do país.

O Litoral corresponde a 15% do concelho. Tem um relevo mais regular, suavemente inclinado para o mar. Sempre atraiu a população, primeiro pelos seus recursos marinhos e mais recentemente pelo gosto de sol, praia e lazer. As modificações mais visíveis devem-se à muita construção de alojamento turístico, mas também ao recuo da linha de costa.” (2017, p. 42)

Nos finais do século XIX, Loulé, sofre o duro golpe ao não ser considerado núcleo urbano para paragem da linha ferroviária. O símbolo da industrialização continua pelo litoral, passando entre o núcleo piscatório de Quarteira e a, então, Vila de Loulé.

No século XX, Loulé daria ao país um ministro à frente do seu tempo – o eng.º Duarte Pacheco – e que na sua curta passagem marcou a história nacional. Entrou na política pelo Ministério da Instrução, no quarto governo da Ditadura Militar, mas foi como ministro da Obras Públicas que se destacou. Durante o período do Estado Novo o concelho de Loulé, mas maioritariamente a vila e a povoação de Quarteira, vão beneficiar de novos equipamentos urbanos, construídos com o apoio do Estado e que vieram suprimir muitas das carências existentes à imagem do resto da região, nas áreas da saúde e assistência (Parque Municipal, o antigo centro de saúde, a Casa dos Pescadores em Quarteira, ou inúmeros lavadouros construídos pelas povoações mais pequena do litoral à serra), higiene e salubridade (os melhoramentos das infraestruturas básicas das redes de água, saneamento e eletricidade), serviços públicos (edifício dos CTT; Edifício da CGD; ou o Posto Territorial da GNR) ou habitação social (Bairro Municipal Frederico Ulrich ou os bairros CAR – Chitaca, Jama ou Embondeiro). Loulé foi também o que maior número de escolas primárias previu no Plano dos Centenários, duas das quais iniciadas ainda no âmbito dos projetos tipo elaborados por Raul Lino para o Algarve: Escola Primária n.º 2 (Loulé) e Escola Primária de Benafim. Na zona da Campina de Cima, na freguesia de São Clemente, foi construída a Escola Primária n.º 3, junto ao bairro municipal. Quando os edifícios escolares em Loulé começam a manifestar-se insuficientes para responder às necessidades educativas da vila, projetou-se a construção da Escola Primária do Serradinho.  Inicialmente prevista na mesma freguesia, acaba por ser construída no limite da freguesia de São Sebastião para, assim, poder responder às necessidades das respetivas áreas urbanas das duas freguesias.

Loulé é dos concelhos mais ricos da região, devido ao desenvolvimento da indústria do Turismo em toda a sua extensão costeira. Iniciou-se timidamente em Quarteira no final da década de 1940 e, a partir dos anos 60, dá-se um período de crescimento económico notável, do qual Vilamoura, Quarteira, Vale do Lobo ou Quinta do Lago são resultado.  

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A informação constante desta página foi redigida por Tânia Rodrigues, 2024, com base em diferentes fontes documentais e bibliográficas.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Loulé. Accedido en 07/12/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/comunidades/1338/loule

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).