Buscar por

Objeto

Agentes

Actividades

Documentación

Bairro do Património dos Pobres da Covilhã

Em 1958, quando o Património dos Pobres da Covilhã solicitou um subsídio à Fundação Calouste Gulbenkian de 80.000$00 "para iniciar a construção de um segundo bairro de casas para pobres", já estavam construídas 18 moradias em um terreno doado pelo Conde da Covilhã, na antiga Estrada do Sanatório. De acordo com as Disposições Gerais  enviadas pela entidade à FCG, as casas seriam cedidas "a título precário e gratuito" a "pobres e indigentes (...) que não tenham habitação própria". As casas foram construídas a partir de donativos de empresas e beneméritos locais, como indicam alguns painéis de azulejos ainda visíveis no bairro. De acordo com o depoimento de moradores do bairro, existam mais 6 casas que foram entretanto desocupadas e demolidas pela Câmara Municipal da Covilhã, que usou estes terrenos para construir três blocos de apartamentos nos anos 2000.

Durante o passeio das Jornadas Europeias do Património, o António Rodrigues de Assunção (participante do passeio) aponta o seguinte: “a história do bairro se inicia com um terreno que foi oferecido pelo Conde da Covilhã, que era um industrial que tinha dinheiro e terrenos. Ele ofereceu uma área vasta de terreno para nele serem construídas casas para os pobres. Para financiar a construção das casas os outros industriais, alguns da Covilhã, contribuíram. Cada um construiu a casa, e colocou o nome do construtor no muro da casa. Depois envolveu-se nisso a obra do Padre Américo, que entrou também a ajudar. Isto foi seguramente, na década dos 40 ou 50 do século passado”.

António Assunção conta uma história que já conhecíamos de conversas informais e pormenoriza alguns dos detalhes: em 2014 ou 2015 houve um conflito entre os moradores e a Câmara, pois a Câmara disse a um morador que devia sair da casa num prazo. No entanto, nos estatutos do bairro a doação era vitalícia, então os moradores não podiam vender, mas tinham direito de usufruir. Posteriormente houve um acordo entre a autarquia e os atuais moradores, segundo o qual, eles podem ficar nas casas até ao fim da geração dos que estão atualmente, mas depois os sucessores já não podem ficar. Não pagam renda, mas à medida que vão falecendo, não há continuidade para os sucessores.

Um participante do passeio diz que no início, quando foram construídas estas casas, as pessoas moradoras tal vez trabalhariam nos lanifícios, porque era o mais provável na altura dos anos 40 ou 50.

Um outro participante do passeio diz “vi numa fotografia que era terra batida aqui e os meninos brincavam aqui. Iam à escola a um quilómetro daqui, à escola do Campos Melo. Mas com a chuva ou a neve caminhar um quilometro era difícil”.

Si tiene alguna memoria o información relacionada con este registro, por favor envíenos su contributo.

Identificación

Fecha de Conclusión
c. 1958
Comunidad

Ubicación

Morada
Rua Padre Américo
Distrito Histórico (PT)
Castelo BrancoDistrito Histórico (PT)

Estado y Utilización

CronologÍa de Actividades

Actividades

Descripción Breve

Importancia, Particularidades, Similaridades, Posición Relativa (Geografía y Cronologia)

A realização do Bairro do Património dos Pobres inscreve-se no contexto das ações no campo habitacional levadas à cabo pela Obra da Rua ou Obra do Padre Américo, instituição de beneficência fundada em 1940. Ao longo dos anos 1950, esta entidade recolheu fundos e procurou conseguir terrenos para implantar bairros de casas cedidas gratuitamente para os necessitados, conhecidos como Bairros do Património dos Pobres. A situação fundiária e a questão da propriedade das casas e dos terrenos onde foram implantadas é um problema que afeta muitos destes aglomerados, uma vez que as condições de cessão das casas e a titularidade não foi formalizada na altura, obrigando os moradores destes bairro a negociar as condições de permanência com as Câmaras Municipais. 

Análisis Compuesta de Forma, Función y Relación con el Contexto

As casas construídas no Bairro do Património dos Pobres da Covilhã parecem ser do tipo A, casas "gêmeas", que seriam construídas pela Obra do Padre Américo "até onde o pano der", de acordo com a notícia publicada no jornal O gaiato, órgão de comunicação da entidade, em 1954.02.27.

Documentación

Documentos

A documentação localizada nos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian foi recolhida e sistematizada por Rita Fernandes em 2022.

A informação constante desta página foi redigida por Diego Inglez de Souza, em janeiro de 2024, foi reunida através de diferentes fontes documentais e bibliográficas e dos diversos contributos e testemunhos que pudemos recolher na Covilhã. Conta com os testemunhos de Helena Lucas e António Rodrigues Assunção e de outras pessoas, que permanecem anónimas.

A recolha e incorporação dos testemunhos orais foram elaboradas por Ivonne Herrera Pineda, com base no colóquio sobre habitação operária, realizado como parte das Jornadas Europeias do Património da Covilhã, em setembro de 2023.

Para citar este trabajo:

Arquitectura Aqui (2024) Bairro do Património dos Pobres da Covilhã. Accedido en 19/09/2024, en https://arquitecturaaqui.eu/es/edificios-y-conjuntos/801/bairro-do-patrimonio-dos-pobres-da-covilha

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).