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Testemunhos na Aula Aberta Arquitectura Aqui em Barcelos - "História e Memória Coletiva: A construção da cidade de Barcelos no século XX, a partir dos seus edifícios públicos de uso quotidiano"

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Identificación

Título
Testemunhos na Aula Aberta Arquitectura Aqui em Barcelos - "História e Memória Coletiva: A construção da cidade de Barcelos no século XX, a partir dos seus edifícios públicos de uso quotidiano"
Fecha
2025.05.28

Contenido

Registro de la Observación o Conversación

Registo da conversa mantida com alunos da Universidade Sénior de Barcelos, no dia 28 de maio de 2025, no âmbito da aula aberta Arquitectura Aqui em Barcelos - "História e Memória Coletiva: A construção da cidade de Barcelos no século XX, a partir dos seus edifícios públicos de uso quotidiano". Agradecemos à Universidade Sénior de Barcelos todo o apoio prestado na dinamização desta atividade e a todos os participantes pelas suas generosas partilhas.

  

Bairro 1.º de Maio

O Bairro insere-se numa zona de expansão recente da cidade, que terá ganho importância após o reconhecimento da freguesia de Arcozelo como sede da paróquia local. De acordo com um participante, a decisão de deslocação da sede da paróquia terá sido tomada por impossibilidade de expandir a igreja existente no centro urbano consolidado, de forma a acompanhar as necessidades de uma cidade em crescimento.

As casas do bairro, construídas em granito azul, pedra local, foram sendo transformadas e modernizadas ao longo das últimas décadas. Foram todas vendidas aos seus moradores e, hoje em dia, várias das casas apresentam um aspeto exterior muito diferente do original.

Alguns participantes lembram-se de como era a zona antes do crescimento do que consideram um “dormitório desorganizado de Barcelos”. Era uma ampla área vazia. Não existia campo de futebol, mas jovens de várias zonas da cidade jogavam no bairro, no meio da rua, onde “o luxo era ter pedras e paus para fazer de balizas”. 

  

Escola no Bairro 1.º de Maio

A Escola encontra-se hoje devoluta, sendo uma de várias que começaram a encerrar aquando da definição e construção de novas instalações para os agrupamentos escolares de Barcelos, que vieram concentrar no mesmo local estudantes que anteriormente se encontravam dispersos. Os participantes do evento referem que se observa um envelhecimento claro nas populações dos bairros sociais, que também pode ter contribuído para o encerramento da Escola. Os filhos foram saindo de casa, procurando melhores condições de vida, estudando, tendo outras oportunidades.

Alguns dos participantes têm ideia de que se pensou em instalar um centro de dia para a terceira idade no edifício agora vazio. Um dos participantes considera que o espaço deveria ser utilizado para centro cultural que, ligado à tradição do bairro popular e às suas instituições, contribuiria para a manutenção da identidade local.

  

Mercado Municipal

O Mercado encontra-se encerrado há vários anos, tendo sido inicialmente fechado para obras que acabaram por ser interrompidas. O Mercado era ainda relativamente frequentado, embora muitos dos talhos já tivessem fechado.

Os participantes não consideram que o Mercado tenha boas condições para vir a funcionar. A sua localização, embora central, é distante das zonas mais residenciais de Barcelos. O estacionamento no centro é difícil e muitas das casas na área encontram-se vazias. Na sua proximidade encontram-se três grandes superfícies, confortáveis e de acesso mais fácil. No entanto, compreende-se a vontade de manutenção do edifício e da sua função. Um dos participantes refere uma preocupação em manter um elemento identitário da cidade, como têm feito outras cidades, nomeadamente Braga e Torres Vedras.

Em termos arquitetónicos, consideram o edifício perfeitamente enquadrado. Quanto à renovação em curso, não a consideram drástica: “Está mais ou menos na mesma, de cara lavada.”

  

Tribunal Judicial de Barcelos

O Tribunal é demasiado pequeno para as necessidades locais. O problema vem de raiz, consideram: “Muitas pessoas têm ideias curtas. Quando fazem as coisas, tem de se pensar com prazo, não no imediato.” Inicialmente, o edifício do Tribunal tinha espaços dedicados a registo civil, notariado e conservatória. Com o crescimento das necessidades de espaço do tribunal, os serviços anexos foram transferidos para outros espaços. Mantém-se ainda parte do conjunto dedicada a uma galeria de arte e a instalações do Crédito Agrícola.

A insuficiência do edifício leva os participantes a refletir sobre problemas sistémicos da cidade. Em Barcelos, há pouco planeamento. “Temos uma série de coisinhas pequeninas em que se gastam milhões e que não servem para nada.” Faltam equipamentos à escala da cidade. A sala de espetáculos no Teatro Gil Vicente, com capacidade para uma centena de pessoas, é a única na cidade.

  

Casas dos Magistrados

O edifício localizado nas traseiras do tribunal, onde se localizam as instalações da CPCJ e parte dos serviços de ação social, foi originalmente construído para Casas dos Magistrados. Originalmente, continha quatro casas, duas no primeiro piso e duas no rés-do-chão.

  

As Piscinas

A primeira piscina que serviu o centro urbano de Barcelos e Barcelinhos era sazonal. Era construída anualmente pelo clube desportivo de Barcelinhos, entre finais de maio e finais de setembro, e situava-se dentro do Rio Cávado. Vários dos participantes têm memória de aprender a nadar neste espaço que, embora em grande parte informal, dispunha de nadadores salvadores e balneários.

Não era apenas uma piscina. Integrava-se numa área de Barcelinhos, junto ao rio, que funcionava como espaço de lazer e convívio ao longo de todo o ano. No verão, tinha parque infantil, baloiços, escorrega. Um participante refere-se a este como o “santo espaço dos furos”, para onde os estudantes do colégio vizinho fugiam quando não tinham aulas. “A malta, sempre que não chovia, vinha para o rio. Mesmo no inverno. Jogar à bola, conversar, namorar.”

Refere-se a crescente poluição do rio como um motivo para a descontinuação desta piscina, consequente do crescimento industrial e urbano de Barcelos.

A Piscina do Pessegal, construída posteriormente do lado oposto do rio, não serviu para substituir este espaço. Foi construída pelo clube desportivo de Barcelinhos no local onde possuía o seu ringue de hóquei, numa zona privilegiada sobre o rio. No entanto, os participantes consideram que não tinha as condições necessárias para funcionar: “tinha vidros partidos, não havia portas, entrávamos por dentro da piscina para ir ter com as crianças”. Para além disso, era um espaço fundamentalmente diferente do da piscina fluvial. Se tivesse funcionado de forma adequada, as duas poderiam ter convivido. Os participantes reconhecem as vantagens de uma piscina coberta - como a atual Piscina Municipal, aclimatizada, com água tratada e a funcionar todo o ano, onde se realizam aulas de natação para as crianças do município e de hidroginástica para membros da Universidade Sénior. O edifício terá funcionado durante pouco tempo. O terreno encontra-se vazio há vários anos, servindo apenas para estaleiro ou suporte de gruas para obras que estão paradas há anos.

  

Unidade de Saúde Familiar de Santo António

A USF vai ser deslocada para outro espaço, onde vão ser centralizados os serviços das USF de Santo António e de São José.

Para citar este trabajo:

Catarina Ruivo para Arquitectura Aqui (2025) Testemunhos na Aula Aberta Arquitectura Aqui em Barcelos - "História e Memória Coletiva: A construção da cidade de Barcelos no século XX, a partir dos seus edifícios públicos de uso quotidiano". Accedido en 13/11/2025, en https://arquitecturaaqui.eu/es/documentacion/notas-de-observacion-o-conversacion/66863/testemunhos-na-aula-aberta-arquitectura-aqui-em-barcelos-historia-e-memoria-coletiva-a-construcao-da-cidade-de-barcelos-no-seculo-xx-a-partir-dos-seus-edificios-publicos-de-uso-quotidiano

Este trabajo ha sido financiado por European Research Council (ERC) – European Union’s Horizon 2020 Research and Innovation Programme (Grant Agreement 949686 – ReARQ.IB) y por fondos nacionales portugueses por intermedio de FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., en el contexto del proyecto ArchNeed – The Architecture of Need: Community Facilities in Portugal 1945-1985 (PTDC/ART-DAQ/6510/2020).